Zero com louvor vale mais do que a enganação

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– Professor… quanto eu tirei na prova?

– Fique tranquilo. Prova é apenas uma das medidas que uso para avaliar seu aprendizado.

– Tá bom… mas quanto eu tirei na prova?

– Você tirou 3.

– Só 3?

– Pois é… nessa prova você tirou apenas 3. Veja bem, como disse a você, essa é apenas uma das formas de avaliação. Existem muitas outras, que vão desde o interesse que você demonstra até sua participação em trabalhos, participação em aula…

– Pôxa… só 3. Estou ferrado!

– Veja bem, meu caro… você tirou 3 nessa prova. Serão muitas outras ainda em que você terá oportunidade de se superar. De repente você não estava num bom dia. E é justamente por isso que teremos outros trabalhos, além da sua participação, do seu interesse… nessa foi só 3.

– É… mas 3 é duro, hein? A correção está certa?

– Sim. Mas se você quiser, eu posso revisar com mais rigor. Com esse mesmo rigor que você está usando para se auto-avaliar. Topa?

– errhhh… melhor não revisar, não… melhor deixar como está. Vou tentar recuperar na próxima.

– Pois é…a ideia é essa. Ter a real noção da nossa situação, todo dia, para poder melhorá-la sempre. Na vida é assim. O que acontece aqui, em sala, é apenas um reflexo. Ter tirado 3 nessa prova não significa que você valha 3. Essa avaliação não se expressa em números. Para isso, bastaria usar uma régua, uma balança… porém acredito que pessoas não se medem em números, muito menos as diferenças entre elas. Se fosse assim, não haveria régua ou balança no mundo que dessem conta do recado.

– Certo… estou entendendo…

– Da mesma forma que, quando o aluno cola, na esperança de obter um número maior, ele pode até se sentir bem-sucedido. Isso vale apenas para aquele momento, para fraudar aquele medidor numérico e momentâneo chamado prova. Se a fraude é descoberta, o vexame é outra coisa difícil de se medir com números. Melhor tirar um zero com louvor do que tentar atribuir-se um número que, naquele momento, não é o seu.

– Zero com louvor?

– Sim. Ou, se preferir, dar-se a chance de errar, ter a percepção mais completa possível do erro e a certeza de poder recomeçar. Numa prova é assim. Na vida real também. E o que é a vida real senão uma sucessão de provas, com tempo pra começar e pra acabar? Nela, a cola serve apenas como adesivo. Caráter e consciência tranquila, por exemplo, não se colam de ninguém. [Webinsider]

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Eduardo Zugaib (falecom at eduardozugaib.com.br) é profissional de comunicação, escritor e palestrante motivacional. Sócio-diretor da Z/Training - Treinamento e Desenvolvimento.

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6 respostas

  1. Ótimo texto Eduardo,

    O mais engraçado foi a coincidência que acaba de ocorrer. Tenho aula amanhã e devo entregar as notas de prova do pessoal. Hoje li seu texto em meus feeds atrasados. Muitos alunos foram mal, mas esta é a primeira prova do ano letivo.

    Vou levar seu texto na sala e discutir com eles a respeito.

  2. Concordo com o texto, mas, os professores tem um papel importante nisso. Eles precisam mostrar para o aluno a importancia de querer aprender, e não simplesmente tirar uma boa nota na prova.

    Abraços!

  3. Muito bom! Vejo muitos colegas que ainda hoje fazem questão de tirar uma nota excelente, independente do método para tal, como se fosse fazer toda a diferença, mas quando é preciso fazer trabalhos práticos nota-se claramente que muito do que aprendeu sequer foi aplicado.

    Parabéns pelo texto.

    Abraços.

  4. Minhas notas sempre vieram com louvor. Me orgulho disso. Mas é bem mais apresentada nesta historinha. Às vezes as pessoas esperam aprender só com notas boas, não param e aprendem com seus erros.

  5. Eduardo,

    O seu texto está simples, direto e excelente.
    Sou pai e já briguei com o meu filho em relação às suas notas. O que vem logo depois é a pergunta: Isto foi o seu melhor? Normalmente ouço que não, eu posso fazer melhor. E é o que normalmente acontece.

    Contudo, o mais importante nesta história toda é o que você propôs: A nota recebida, independente de qual, foi obtida com honestidade e retidão? Sem jeitinhos escusos? Se sim, no fundo é isso que importará pois, apesar do resultado mostrar que o conteúdo não foi devidamente absorvido, o caráter se manteve reto.

    Hoje em dia em que vemos tantos maus exemplos de honestidade, este quesito, que deveria ser básico, tornou-se diferencial.

    Um VIVA! a um zero com louvor.

    Um abraço,

    Marcelo.

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