O jornalismo redentor

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As curvas de audiência/leitores dos conteúdos jornalísticos nos principais veículos de comunicação vêm caindo (despencando?) em velocidades maiores nos targets jovens do que a queda (acomodação?) da audiência geral.

Antes de construir algumas hipóteses (alarmantes?), vale descartar a explicação fácil: se a audiência dos tradicionais está caindo e a dos novos está crescendo, isso não significa necessariamente uma transferência de um para o outro.

As plataformas digitais são talvez aquelas que mais facilmente permitem superposição da atenção. A Internet é um estímulo irresistível ao comportamento multitarefa. Por outro lado, a pulverização dos meios novos (novos?) é tamanha que é impossível estabelecer quantitativamente algum tipo de correlação entre a queda de uns e o crescimento de bilhões.

Por fim, se qualquer crescimento (da audiência do conteúdo jornalístico da Internet) é grande quando ele parte de muito pouco, difícil é levantar depois de uma certa, digamos, experiência.

As hipóteses a seguir são possibilidades concomitantes mas merecem ser isoladas para que a análise tente ser mais cristalina.

A primeira hipótese (catastrofista?) é a de que o gênero simplesmente não interessa mais aos jovens. É dizer que nesse mundo pós-pós-moderno, o cérebro da molecada é composto de fractais de atenção, que se multiplicam, desdobram, perdem-se, ao infinito. Nada gruda, nada pega, nada entusiasma, inflama, excita. Se assim for, o jornalismo sempre será refém das quedas de avião e dos julgamentos espetaculares. Ai do futuro dos nossos valores de outrora.

A segunda possibilidade (conformada?) é que de fato o jornalismo broadcast, de cima para baixo e ideológico caducou. Essa possibilidade confronta uma revisão da autoridade como decorrência de conhecimento e experiência. Ou seja, não acreditamos mais que a reputação de um jornalista ou de um veículo possa ser fator de seu passado e de seu pedigree intelectual e técnico. Acreditamos mais no mais próximo e nos nossos relacionamentos que procriaram repentinamente. Reputação se conquista com seguidores e não com currículo. Ai de nossos velhos dias.

Mas talvez (inshalláh!) possamos também encarar a nossa fórmula de construir o conteúdo jornalístico com um olhar de implacável crítica. O jovem, confrontado com uma realidade cada vez mais intrincada, inter-relacionada, organicamente conectada, não se excita mais com o jornalismo cortado em fatias editoriais.

Qual a história das mentalidades, que decretou o fim da visão cronológica (como um salame: a Antiguidade, a Idade Média, o Renascimento, etc.) e anunciou uma visão temática do mundo (como um repolho: o amor no ocidente, a loucura, o mal), o jornalismo que fazemos deixou de ser crível e apaixonante. Economia, finanças, política, comportamento, cultura, esporte, por que não aposentar os velhos especialistas, cada vez mais arcanos e iniciados?

Por que o jornalismo não pode ser um contar de histórias (mil e uma noites?) interminável, uma novela que documenta o mundo em temas transversais e universais? Uma espécie de realismo ficcional. Queremos (jovens e velhos) consumir o mundo como uma fantástica história, cheia de perigos, esperanças e heróis. [Webinsider]

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Fernand Alphen (@Alphen) é publicitário. Mantém o Fernand Alphen's Blog.

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2 respostas

  1. Olá

    Gostaria de levantar algumas questões a respeito do seu tema – apenas questões e não respostas, quem dera eu tivesse!
    Se os leitores estão migrando para internet, a explicação fácil, acredito que sim. Mas não os mesmos veículos. Acontece que na internet se pode saber cada vez mais sobre cada vez menos. Posso seguir no Twitter os temas que me interessam e fazer dele o meu “jornal diário”. Posso seguir blogs dos colunistas de grandes jornais. Aí, além de ter atualização mais do que semanal, tenho textos que não passam pelo crivo do patrocinador. Isso conta.

    Outra questão é: assim como a televisão não destruiu o cinema, mas mudou os hábitos, a internet não precisa necessariamente significar o fim dos grandes veículos. Por enquanto, a alternativa deles é “juntar-se ao inimigo”, publicando mil matérias sobre redes sociais. E depois? Bem.. veremos.
    Um abraço

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