Fluxos migratórios e a relevância de Twitter e Facebook

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O post sobre a queda da relevância do Twitter circulou mais do que o normal em relação ao conteúdo que eu compartilho aqui. Em parte, por esse texto ter ecoado um sentimento de apreensão de quem trabalha com monitoramento; e ainda por ter mexido com a sensibilidade de quem elegeu o Twitter como sua plataforma.

Duas coisas aconteceram depois da publicação desse texto: uma foi ele ter mobilizado a Raquel Recuero a adicionar suas ponderações sobre o assunto. Junto com isso, chegou a mim – por aquelas coincidências boas – um texto recente publicado no Huffinton Post sobre o crescente desinteresse dos adolescentes pelo Facebook.

A reportagem do HP fala de um movimento migratório: adolescentes que foram “early adopters” do Facebook estão trocando a ferramenta por outros espaços, especialmente por Twitter e Tumblr. Eles estariam se cansando do ambiente público demais – em que amigos, colegas e familiares se misturam – e da pressão pela popularidade que ficou associada ao dia-a-dia do Facebook para esse público.

Traduzindo: o Facebook teria se tornado a lanchonete da escola, um lugar onde todo mundo precisa estar e onde acontecem os concursos involuntários de popularidade; Tumblr e Twitter vêm surgindo como alternativas para se ter um canal de convívio com um grupo seleto, onde o “ruído” da comunicação é menor, onde as turmas de pessoas com interesses comuns se encontram.

Para a Raquel, faltou ao meu texto esclarecer para quem o Twitter estava ficando menos relevante e em relação a que isso estava acontecendo. Ela mesma explicou: a ferramenta está ganhando um novo significado a partir da entrada desses contingentes novos de habitantes. Por isso, o Twitter do meu tempo servia para dinamizar a circulação de conteúdo relevante; agora, ele serve para o relacionamento desses adolescentes com seus ídolos e também para a mobilização em torno de causas sociais.

À luz do texto do HP e do comentário da Raquel, as motivação para os fluxos migratórios de site de rede social parece ser a mesma para mim e para os adolescentes americanos: estamos procurando possibilidades para falar para algumas pessoas mas não para todas. Esses movimentos, então, têm a ver com construir canais de relacionamento “no varejo”; canais que a gente possa acessar conforme a vontade.

O problema é que essa reflexão cria a deixa para a gente aprofundar a conversa sobre adoção de tecnologia. A conclusão acima é que a sociedade e a cultura são tão ou mais responsáveis pela adoção e abandono de uma ferramenta do que os engenheiros que a construíram ou os visionários que as idealizaram. A sociedade e a cultura “programam” os hábitos, os entendimentos e os significados que um determinado ambiente tem. E isso nos mostra um caminho incômodo por oferecer menos certezas. [Webinsider]

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Juliano Spyer (www.julianospyer.com.br) é mestre pelo programa de antropologia digital da University College London e atua como consultor, pesquisador e palestrante. É autor de Conectado (Zahar, 2007), primeiro livro brasileiro sobre mídia social.

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2 respostas

  1. Esses dias o papo de bar por aqui foi exatamente esse: Quanto tempo o Facebook tem até se tornar parte do passado?
    Acho que toda plataforma que se disponha a ser a interface do usuário com o resto da web tem vida curta na rede.
    As pessoas simplesmente começam a negar a onipresença daquilo, já que estão em uma ambiente de total liberdade.
    A fórmula “empresas + todos os tipos de pessoas – privacidade” é ótima para ser apresentada a investidores, mas tende a saturar as pessoas.

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