Tex Avery, o maior gênio do cinema de animação

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Tex Avery foi o gênio criador que inovou, criou personagens icônicos do desenho do tipo Cartoon, baseado em gags, muito humor, sátiras e paródias. Seu maior momento foi na M-G-M. Ele influenciou diretores fora da animação. Parte do seu legado foi perdido em um incêndio na M-G-M, mas desde o ano passado um esforço de recuperação está sendo feito e lançado em Blu-Ray.

 

Frederick Bean Avery, mais conhecido na mídia do cinema de animação como “Tex Avery”, foi quem mais contribuiu para a expressão cômica do que foi conhecido como “cartoon”, que é o cinema de animação baseado em caricaturas dos personagens.

Nós aqui identificamos “cartoon” como “desenho animado”, embora o termo traduzido seja amplo demais e engloba outros tipos animação.

O que melhor caracterizou a obra de Tex Avery foi o exagero das expressões dos personagens, deixando claro o conceito de que em animação tudo é possível. Os personagens podem se quebrar em caquinhos e depois se juntar de novo. Olhos podem saltar do rosto, pupilas saltar dos olhos, ou se duplicarem no espaço, tudo normal.

Este exagero de expressões influenciou muito a dupla William Hanna e Joseph Barbera, criadores da dupla Tom & Jerry, nos estúdios da M-G-M, onde Tex Avery brilhou.

Outra profunda influência de Tex Avery vista em Tom & Jerry é o ritmo da animação. Conta-se que ambos Hanna (que fazia a minutagem das cenas) e Barbera (que era o diretor propriamente dito) apostavam corrida com Avery, para ver quem corria mais nas sequências. É possível ver quase todas as cenas de perseguição este tipo de ritmo frenético nos três cineastas.

Mas, Tex Avery, mesmo depois de se retirar da animação, continuou arregimentando fãs e influenciando diretores de cinema. Em The Mask, por exemplo, filme de 1994 dirigido por Charles Russel, o Máscara emula o lobo de Tex Avery, criado para o curta “Red Hot Riding Hood”, de 1943, no qual Avery parodia e ridiculariza Chapeuzinho Vermelho:

 

Eis aí algumas partes da cena do desenho de Avery copiada por Charles Russel, que lhe prestou tributo:

 

Nos desenhos criados para o filme “Who Framed Roger Rabbit” (no Brasil, “Uma Cilada Para Roger Rabbit”), de 1988, com 3 curtas no total, a influência de Avery é flagrante:

 

Esses curtas foram editados separadamente, e poderiam ter sido feitos outros, mas o alto custo da animação convencional impediu os produtores de fazê-los.

Uma carreira na animação

Tex Avery começou e terminou a sua vida como diretor de cartoons nos estúdios de Walter Lantz, que foi quem lhe deu a primeira oportunidade nesta mídia.

Mas, Avery decolou para os estúdios da Warner Brothers, onde criaria alguns dos personagens icônicos, que se tornaram símbolo do estúdio nesta época, como, por exemplo, Bugs Bunny (Pernalonga), ou então Duffy Duck (Patolino). Além disso, ajudou na evolução de outros tantos personagens da série Merry Melodies que ficaram igualmente famosos, colaborando assim com a criação de seus colegas diretores.

Nesta época, a sua obra de referência foi o curta “A Wild Hare”, com Pernalonga no papel principal. Foi de Avery a criação da famosa frase indagativa do personagem: “What’s up, Doc?”, que se tornou um bordão no cinema de animação. Alguém por aí tem dúvida onde o nome do aplicativo “Whatsapp” foi inspirado?

Avery sabia que a prima dona da animação era Walt Disney. Chuck Jones comentou em entrevista que não havia como competir com Disney, ele fazia Rolls-Royce e nós calhambeques Ford (com referência ao modelo T da Ford), disse ele.

Sem poder competir com Disney, e talvez nunca tivesse interesse nisso, Tex Avery passou a fazer paródias brilhantes com os temas usados por Disney, como o acima citado Red Hot Riding Hood. Nessas paródias o que se vê é a total desconstrução das fantasias dos temas de Disney, na qual os personagens criticam a si próprios, alegando que as estórias de origem são para lá de esfarrapadas e antiquadas.

Saindo da Warner Brothers, Tex Avery iria conhecer o seu melhor momento dentro da M-G-M, onde chegou a ser diretor geral do departamento de animação. Com ele a dinâmica dos cartoons atingiu o seu auge.

E lá também criou personagens que ficaram na história da animação. Um deles, o cachorro sonolento Droopy, aparece no curta “Dumb Hounded”, de 1943:

 

Droopy é uma contradição viva: ele aparece sempre pachorrento, mas é mais ágil do que os seus antagonistas. As gags desses curtas se baseiam nesta contradição. Droopy se mostra como otário, sem iniciativa, a fala é arrastada, mas ele sempre consegue o que quer: vencer seus oponentes sem fazer esforço!

Droopy não deixa de ser um protesto velado contra aqueles que se julgam mais espertos, oportunistas que se acham capazes de enganar qualquer um. Em vários desses curtas, Droopy sofre concorrência desleal, mas nunca reage. A retórica dos roteiros parece dizer que no final a justiça prevalecerá.

Eu não lembro mais com exatidão o nome em português usado para o personagem. Pode ser que eu esteja enganado, mas me parece que era “Soneca”, sem confundir com o nome dado a um dos anões de Branca de Neve.

Tex Avery iria terminar seus dias como diretor de volta com Walter Lantz, onde continuou criando personagens e influenciando outros animadores.

Saindo da animação, ele tentou o seu talento no ramo publicitário, mas sem o mesmo carisma de antes.

Sem dúvida alguma, foi na M-G-M que Tex Avery atingiu o seu melhor momento. Infelizmente, muitos dos negativos do estúdio acabaram destruídos em um incêndio ocorrido em 1965. Um trabalho de pesquisa e restauração começou a ser feito no ano passado e lançado em Blu-Ray. Recentemente, saiu o volume 2 do que pode ser recuperado e está previsto um terceiro volume, que nós fãs esperamos que continue a ser representativo do melhor em animação até hoje. Outrolado_

. . .

Tom & Jerry e os heróis das matinês

 

Walt Disney em Fantasia inaugurou o som estereofônico multicanal no cinema

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Boa tarde, Paulo. Quantas lembranças mesmo. Antes de adentrarmos no cinema, nas matinês de domingo (no cartaz lia-se “hoje vesperal”), a molecada trocava braçadas de gibis que iam dos desenhos aos heróis do “farvest”. Logo mais , lá na tela ríamos a valer da peripécias do Tom e Jerry. Bons tempos nos finais de 1950 e início dos 1960.

    1. Oi, Celso, é verdade. Nunca me esqueço dos complementos nos cinemas também. Os rolos dos desenhos vinham em latas separadas. Lá no cinema do meu tio, em Cajuru, ele recebeu um curta da Warner, cópia novinha, que o operador projetou de tarde só para a gente ver.

  2. Boa tarde, Paulo. Quantas lembranças mesmo. Antes de adentrarmos no cinema, nas matinês de domingo (no cartaz lia-se “hoje vesperal”), a molecada trocava braçadas de gibis que iam dos desenhos aos heróis do “farvest”. Logo mais , lá na tela ríamos a valer da peripécias do Tom e Jerry. Bons tempos nos finais de 1950 e início dos 1960.

    1. Oi, Celso, é verdade. Nunca me esqueço dos complementos nos cinemas também. Os rolos dos desenhos vinham em latas separadas. Lá no cinema do meu tio, em Cajuru, ele recebeu um curta da Warner, cópia novinha, que o operador projetou de tarde só para a gente ver.

  3. Olá Paulo que ótimas lembranças você nos trouxe com essa matéria, que você com muita propriedade abordou…
    – Nós aqui identificamos “cartoon” como “desenho animado”
    Exatamente isso que é o mote principal que poderíamos comentar. Que destino deram aos nossos divertidos desenhos ? Hoje em dia é cafona usar o termo desenho, a garotada só quer saber de animês, de Cgi’s. Comente com eles sobre Tom & Jerry, Popeye, ou dos clássicos da Hanna Barbera casa mais você citou. Eles torcem o nariz, o duro que fica difícil ficar ao lado deles para acompanhá-los, é só violência, sangue, lutas. Nada daquilo que assistíamos quando crianças. Não é atoa que assistimos os desdobramentos oriundos dessa exposição nas mentes desses jovens no futuro, se tornando violentos e o restos os telejornais nos presenteiam com várias barbáries difíceis de aceitar. O mundo inocente dos desenhos mudou Paulo, mas não é para melhor…

    1. Oi, Rogério,

      Prazer em vê-lo de vola aqui na coluna com seus sempre lúcidos comentários.

      Eu acho que tudo tem a sua época. Nós demos sorte de estar nas gerações que testemunharam a criatividade da sátira ou da paródia no ambiente de animação. Isto é válido inclusive para o humor que se faz hoje em dia.

      Já o ambiente educacional caducou, involuiu, a maioria dos estudantes tem pouca cultura, e é provavelmente por isso que os desenhos clássicos são pouco apreciados. É no mínimo irônico nós estarmos na era da comunicação a jato e ver as pessoas incapazes de se comunicarem!

      Talvez a violência na mídia seja um espelho de tudo isso. Nós, aliás, já nem sabemos mais o que é mídia, porque com a Internet e com os telefones celulares todo mundo quer ser jornalista e/ou repórter! O nosso ambiente também não nos favorece, com a expansão da pobreza, e consequentemente, da bandidagem. Infelizmente, esta última se vê refletida nos altos escalões das administrações públicas e empresas, com o desperdício ou roubo do dinheiro do contribuinte, que é, convenhamos, uma realidade dura de se viver!

  4. Olá Paulo que ótimas lembranças você nos trouxe com essa matéria, que você com muita propriedade abordou…
    – Nós aqui identificamos “cartoon” como “desenho animado”
    Exatamente isso que é o mote principal que poderíamos comentar. Que destino deram aos nossos divertidos desenhos ? Hoje em dia é cafona usar o termo desenho, a garotada só quer saber de animês, de Cgi’s. Comente com eles sobre Tom & Jerry, Popeye, ou dos clássicos da Hanna Barbera casa mais você citou. Eles torcem o nariz, o duro que fica difícil ficar ao lado deles para acompanhá-los, é só violência, sangue, lutas. Nada daquilo que assistíamos quando crianças. Não é atoa que assistimos os desdobramentos oriundos dessa exposição nas mentes desses jovens no futuro, se tornando violentos e o restos os telejornais nos presenteiam com várias barbáries difíceis de aceitar. O mundo inocente dos desenhos mudou Paulo, mas não é para melhor…

    1. Oi, Rogério,

      Prazer em vê-lo de vola aqui na coluna com seus sempre lúcidos comentários.

      Eu acho que tudo tem a sua época. Nós demos sorte de estar nas gerações que testemunharam a criatividade da sátira ou da paródia no ambiente de animação. Isto é válido inclusive para o humor que se faz hoje em dia.

      Já o ambiente educacional caducou, involuiu, a maioria dos estudantes tem pouca cultura, e é provavelmente por isso que os desenhos clássicos são pouco apreciados. É no mínimo irônico nós estarmos na era da comunicação a jato e ver as pessoas incapazes de se comunicarem!

      Talvez a violência na mídia seja um espelho de tudo isso. Nós, aliás, já nem sabemos mais o que é mídia, porque com a Internet e com os telefones celulares todo mundo quer ser jornalista e/ou repórter! O nosso ambiente também não nos favorece, com a expansão da pobreza, e consequentemente, da bandidagem. Infelizmente, esta última se vê refletida nos altos escalões das administrações públicas e empresas, com o desperdício ou roubo do dinheiro do contribuinte, que é, convenhamos, uma realidade dura de se viver!

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