Na qualidade do áudio, seja juiz de você mesmo!

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A internet está povoada de opiniões pessoais e subjetivas a respeito da qualidade do áudio. É um debate velho e o melhor é ser juiz de si próprio sobre o que soa melhor.

 

Décadas se passaram, mas os debates sobre qualidade de gravação e reprodução de música continuam e parecem que nunca vão ter fim. Se alguém realmente ainda desejar ouvir música com um mínimo de qualidade garantida para si próprio, não deveria se fiar na opinião dos outros, mas sim ajuizar o que é melhor para os seus ouvidos.

É interessante se observar que desde o início das gravações acústicas, ou seja, desde Thomas Edison e Emile Berliner, o áudio sempre foi alvo de incontáveis debates. E com a entrada em cena do chamado “audiófilo”, indivíduo que introduziu subjetividade no assunto, esta discussão piorou consideravelmente, porque, no final, ninguém chega a conclusão nenhuma.

A recente polêmica em torno do caso Mobile Fidelity mostra com notável clareza como os audiófilos que se consideram super experts e com “ouvidos de ouro” (chavão jocoso usado pelos audiófilos do passado) conseguem se enganar no julgamento do que se ouve.

E tudo porque o Mobile Fidelity Sound Lab (MFSL) converteu, por conveniência dos seus licenciamentos, fitas matrizes originais analógicas para DSD256 antes de cortar os acetatos a serem usados nas prensas de vinil.

Ou seja, audiófilos arraigados ao vinil e que detestam e/ou odeiam o som digital estavam ouvindo um disco analógico cortado a partir de arquivos digitais, e até então gostaram do que ouviram! Depois que descobriram o que a Mobile Fidelity vinha fazendo há cerca de uns 7 anos, se disseram enganados!

Esses mesmos tipos de audiófilos no passado distante classificaram o Compact Disc como “mid-fi”, outros diziam que o som digital per se era frio, áspero, etc. Mas elepês anteriores ao lançamento do CD foram muitas vezes cortados com fitas matrizes digitais, gravadas em PCM, usado até hoje. E foi então que, por incrível que pareça, foi dito que o elepê cortado com áudio digital soava melhor do que o CD.

Neste ponto, a minha experiência de vida me recomenda nunca me basear na opinião dos ditos “experts”, seja os da mídia, seja dos audiófilos conhecidos. A imprensa especializada em áudio, e notem que no passado eu lia Stereo Review, Audio Magazine e High Fidelity todo mês, sempre se inclinou para tudo quanto é lado, portanto nos fazendo crer que o melhor mesmo é a gente ouvir primeiro antes de julgar qualquer coisa.

Eu sou um que cheguei tarde ao DVD-Audio e ao SACD, e quando o fiz eu perguntei a um amigo no qual eu confiava, como é que estas mídias soavam. Mas, ele me fez ouvi-las antes de qualquer outra coisa.

Pessoalmente, ele nunca objetou o som de nenhuma fonte de sinal, e não iria fazê-lo justamente com o que foi depois classificado como “áudio de alta resolução”. E achava que para ele tanto o DVD-Audio quanto o SACD soavam muito bem.

DSD para download e apreciação

Se alguém nunca ouviu DSD e não sabe quais são os seus formatos, mas quer agora tomar conhecimento de como este tipo de formato soa, existe uma solução bastante simples, que é baixar arquivos sem custo para um computador ou equipamento compatível, e ver que variações do DSD tocam na reprodução.

Um bom site para se conseguir isso é o da gravadora 2L, onde se pode baixar não só os arquivos DSD como PCM ou MQA.

Na página de download é possível ver o consumo de memória para cada tipo de arquivo. O DSD256, contestado no caso da Mobile Fidelity, tem um arquivo de tamanho considerável, podendo passar fácil da faixa de 1 Gbyte.

Vários desses arquivos soam muito bem, com uma acústica e ambiência de alta qualidade, inclusive e principalmente nas gravações multicanal da 2L.

O único inconveniente a ser ultrapassado se refere ao equipamento para a reprodução do DSD. Para computadores, um player que eu recomendo e que é gratuito, é o Foobar2000, complementado com os plugins necessários aos vários formatos de reprodução, como o DSD:

 

Se um sistema de caixas estiver ligado no computador a reprodução será a mesma do número de canais existentes na gravação, como mostra a figura acima.

Para a reprodução no sistema que eu uso na sala a reprodução é feita por um leitor Oppo UDP-203, ligado a um A/V receiver Denon, capaz de reproduzir DSD em modo direto, quer dizer, o Oppo manda o sinal DSD diretamente para o decodificador DSD do receiver, que é depois amplificado.

Existem vários players para Blu-Ray da Sony que reproduzem SACD ou DSD, além dos aparelhos chamados de reprodutores universais. No caso específico do Oppo ele foi fabricado anos atrás e suporta DSD64, os outros ele não toca.

O Foobar2000 permite converter esses arquivos para PCM, se alguém quiser ouvir os outros tipos de DSD pelo Oppo ou qualquer outro aparelho que tenha esta limitação.

A 2L oferece gratuitamente e de cortesia uma inscrição para downloads de alta resolução. Mas, se o leitor tiver paciência ele irá achar algo parecido em vários sites, independente da compra ou não do conteúdo oferecido.

Seja juiz de você mesmo, tente ouvir e julgar por si próprio!

Ouvir música inspira e nos traz uma paz de espírito inigualável, não importa a maneira como ela é ouvida.

Se alguém tiver um mínimo de discernimento a respeito das mídias e da qualidade do áudio irá parar de se impressionar com opiniões de terceiros. Em um vídeo do YouTube que eu assisti, o cidadão se enrolou todo para tentar tocar um disco SACD, então que valor alguém poderia dar ao que ele afirma no vídeo, se ele não sabe com o quê está lidando?

A toda hora se vê notícias bombásticas a respeito de mídia. Agora mesmo eu leio a “notícia” de que o CD está voltando, publicada em um site respeitável. Produtos de áudio e de vídeo sempre oscilaram em vendas. Como é que pode um site afirmar que o CD está voltando, quando na realidade ele nunca se ausentou do mercado de massa? Se alguém gosta do CD e quer começar a compra-lo, pode se sentir seguro com este tipo de notícia?

Outro lado desta questão é o julgamento do que soa bem ou não. Eu aprendi ao longo dos anos que avaliar áudio com gravações de música popular é uma temeridade, por causa da ausência de uma série de parâmetros que envolvem o lado acústico dessas gravações.

Além disso, se percebe facilmente o uso de compressores e/ou limitadores, de modo a fazer uma gravação dessas soar de uma determinada maneira, como é frequentemente o caso dos discos de rock e similares.

Se um engenheiro de gravação aplicar compressão em uma gravação de música erudita, ela morre ali mesmo. Se o ambiente onde a música erudita é tocada no momento da gravação é inadequado acusticamente, a peça gravada não irá soar como devia e, portanto, não serve de parâmetro para se fazer qualquer tipo de avaliação.

Aliás, não é à toa que quando Philips e Sony desenvolviam o Compact Disc eles se respaldaram em concertos conhecidos para determinar o sucesso ou insucesso daqueles projetos.

Tem gente por aí, vide YouTube, que acabou “descobrindo” que o CD toca muito bem. Muitos não se dão conta de que os decodificadores DAC atingiram níveis de resolução nunca antes imaginados.

Com a devida amplificação, que é um pré-requisito importante, um CD revela muita coisa que nunca se ouviu antes nas edições analógicas anteriores. E não é milagre! Quando o CD foi projetado, o seu design contemplou uma faixa de reprodução de 0 a 22 kHz com resposta plana e mais de 96 dB de dinâmica!

Com os conversores modernos, a resolução atinge 32 bits, ou seja, mais do que suficiente para revelar detalhes do áudio reproduzido, independente da fonte de sinal gravado na mídia, analógica ou digital.

Depois de dito tudo isso, e notem que este assunto está longe de esgotado, eu reforço a ideia de que se alguém gosta de música e quer ouvi-la com frequência no ambiente que estiver, deve achar o que para si soa melhor ou adequado.

A resposta de frequência do ouvido humano varia de pessoa para pessoa. Por isso, cada um deve achar o meio que melhor se adapta ao seu ouvido. E, no final, o que importa mesmo é ouvir música por prazer e não porque “soa melhor”.

Audiófilos muitas vezes se viciam na observação da qualidade do som, ao invés de apreciar o conteúdo musical, mas este último pode e deve ter o seu espaço preservado. Outrolado_

 

. . .

A traição digital para os fãs do vinil

 

As vicissitudes das gravações analógicas

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Olá Paulo
    Não imaginava que essa polêmica envolvendo a Mobile Fidelity ganharia esse enorme vulto na maioria dos portais de notícias e tecnologia na internet. A cada dia surge um detalhe novo, botando mais lenha nessa fogueira. Está parecendo até uma nova revelação a cada capítulo da novela das 9. Mas ao meu ver isso poderia ter uma solução de fácil aplicação, e que irá aplacar definitivamente esse embate dos audiofilos entre o analógico versus digital. Basta as empresas que estão prensando vinil pelo mundo, adorarem na capa dos vinis o famoso Spars Code, a qual você Paulo (que abordou esse tema no outro portal), detalhou como funciona. Acredito que essa será a solução definitiva para essa seleuma, e dessa forma todos poderão escolher o que comprar, sabendo antes (pela capa) qual a verdadeira origem dos master’s que foram utilizados na prensagem dos vinis.

    1. Oi, Rogério,

      O que mais me impressiona neste caso da Mobile Fidelity é o sentimento de raiva e ódio perpetrados por pessoas que aparentemente não são mentalmente sadias, e parece que não sossegam enquanto não desmoralizarem totalmente a empresa. Teve um cidadão no YouTube que anunciou que estava cancelando 11 pedidos, e a gente vai perder tempo vendo um vídeo desses? Chamar o incidente de “Mo-Fi Gate” vai impressionar alguém, que não concorde com o que eles estão fazendo? Tem vezes que esta campanha anti Mo-Fi chega ser sórdida, e aí deixa de envolver audiofilia para se transformar em outra coisa!

      É fato que a Mobile Fidelity foi insensível com seus consumidores, mas talvez porque ela já sabia que este tipo de usuário iria reagir quando soubesse que eles estavam ouvindo (e gostando) de um som de natureza digital. Para mim, está claro que se nada disso tivesse sido revelado, as vendas de elepês continuariam como estavam.

  2. Olá Paulo
    Não imaginava que essa polêmica envolvendo a Mobile Fidelity ganharia esse enorme vulto na maioria dos portais de notícias e tecnologia na internet. A cada dia surge um detalhe novo, botando mais lenha nessa fogueira. Está parecendo até uma nova revelação a cada capítulo da novela das 9. Mas ao meu ver isso poderia ter uma solução de fácil aplicação, e que irá aplacar definitivamente esse embate dos audiofilos entre o analógico versus digital. Basta as empresas que estão prensando vinil pelo mundo, adorarem na capa dos vinis o famoso Spars Code, a qual você Paulo (que abordou esse tema no outro portal), detalhou como funciona. Acredito que essa será a solução definitiva para essa seleuma, e dessa forma todos poderão escolher o que comprar, sabendo antes (pela capa) qual a verdadeira origem dos master’s que foram utilizados na prensagem dos vinis.

    1. Oi, Rogério,

      O que mais me impressiona neste caso da Mobile Fidelity é o sentimento de raiva e ódio perpetrados por pessoas que aparentemente não são mentalmente sadias, e parece que não sossegam enquanto não desmoralizarem totalmente a empresa. Teve um cidadão no YouTube que anunciou que estava cancelando 11 pedidos, e a gente vai perder tempo vendo um vídeo desses? Chamar o incidente de “Mo-Fi Gate” vai impressionar alguém, que não concorde com o que eles estão fazendo? Tem vezes que esta campanha anti Mo-Fi chega ser sórdida, e aí deixa de envolver audiofilia para se transformar em outra coisa!

      É fato que a Mobile Fidelity foi insensível com seus consumidores, mas talvez porque ela já sabia que este tipo de usuário iria reagir quando soubesse que eles estavam ouvindo (e gostando) de um som de natureza digital. Para mim, está claro que se nada disso tivesse sido revelado, as vendas de elepês continuariam como estavam.

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