A evolução da impressora, companheira querida e desejada

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A evolução da impressora, companheira do quem produz conteúdo e documentos e deseja que sejam devidamente apreciados no papel.

 

A evolução tecnológica conseguida com a impressão de qualquer material é tão grande e vasta, que é difícil para alguém que começou cedo no uso de um microcomputador se lembrar das dificuldades que se tinha com as impressoras daquele momento.

E não é para menos que, indo a uma repartição pública, como, por exemplo, um órgão do Detran, se vê uma impressora matricial sendo usada para imprimir documentos, e por dentro a gente se pergunta se você entrou no túnel do tempo ou aquele local parou no tempo e no espaço.

O início da microinformática trouxe aos primeiros usuários uma série de recursos nunca antes disponíveis. E se existe um tipo de programa que vendeu computadores foi exatamente o processador de textos. Com ele se podia editar um longo manuscrito (neste caso, uma terminologia arcaica e imprópria), formatar, digitar, errar e corrigir o que fosse necessário.

Em outras palavras, um milagre tecnológico, que ajudou datilógrafos até hoje desajeitados e “disléxicos”, como este que vos escreve!

A ideia de poder corrigir tudo sem colocar o texto no papel foi, sem dúvida, um dos grandes apelos dos processadores de texto. Uma vez o texto digitado e corrigido, aí sim se podia imprimi-lo em um dispositivo destinado para aquele fim, o que, na prática, implicou que quem usasse um processador de textos iria depois fazer um esforço para conseguir uma impressora a qual pudesse finalmente colocar em um papel o trabalho que se levou horas ou dias para ser construído.

Eu tive dois colegas da universidade que estavam escrevendo um livro de um assunto cientificamente complexo, e viviam às turras com um problema quase crônico: enviavam o manuscrito para uma datilógrafa e depois na volta rabiscavam tudo que precisava ser corrigido e reenviado para a datilógrafa, um círculo vicioso que não terminava nunca! Este círculo se quebrou quando um deles descobriu o processador de textos. Desnecessário dizer que a datilógrafa perdeu o trabalho dela, e o livro chegou ao fim, e enviado para publicação.

A moral dessa estória é que não basta somente trabalhar com um texto ou design em um computador pessoal, é preciso ter uma impressora para que outros vejam o que foi feito, quando é o caso. Eu sei que telefones celulares servem para isso também, mas a imagem no papel não tem termo de comparação. E são úteis quando várias pessoas estão envolvidas em algum tipo de revisão.

Impressoras matriciais e suas limitações

As impressoras matriciais imprimem por impacto de uma série de agulhas que pressionam uma fita convencional de máquina de escrever. As agulhas estão dispostas na cabeça de impressão no formato de uma matriz, isto é, em um agrupamento de linhas e colunas.

Este tipo de impressora foi, inicialmente, a melhor opção para uso em casa e no trabalho. A minha primeira matricial, na época do MSX, foi uma Mônica, de 80 colunas.

 

No início da microinformática, quase todo usuário costumava ser autodidata. Quando eu comecei a usar a Mônica, rapidamente eu me dei conta de que a acentuação no texto do computador não imprimia corretamente. E isso só foi corrigido depois de aprender a programar o editor de textos para imprimir trocando na saída do micro os caracteres acentuados pelos seus equivalentes na tabela interna da impressora.

Na inicialização da Mônica e de tantas outras impressoras daquela época, a impressão padrão era feita com caracteres na chamada “qualidade de dados”, quando então os pontos da matriz ficavam todos visíveis.

A Elebra, gigante deste ramo na época, fornecia um software para fazer a impressora imprimir em “qualidade de carta”, com os caracteres na fonte Courier, e foi desta maneira que dois dos três livros escritos juntos com o meu irmão foram duplicados pela Editora Ciência Moderna, no fim da década de 1980.

Além de barulhenta, a impressora matricial não era gráfica. Com o advento do Windows, no início da década seguinte, os fabricantes passaram a desenhar modelos com capacidade de aceitar uma impressão gráfica, que não era de toda ruim. Antes disso, se eu quisesse imprimir uma curva, a impressão ficava cheia de quadradinhos, toda picotada, o que era inaceitável para publicação.

No meio científico, eu usei um programa em ambiente DOS, chamado de Harvard Graphics, que corrigia este erro. Depois das impressoras matriciais gráficas ficarem disponíveis, as curvas passaram a imprimir com aspecto bastante razoável, mas ainda perdendo feio para as impressoras a laser.

A impressão em cores

Para o home office e para o ambiente de trabalho um grande avanço aconteceu com o aparecimento das impressões com cores. A primeira impressora deste tipo que eu vi funcionando foi uma HP Deskjet 500, depois sucedida pela 500C.

O modelo 500 usava somente as cores Ciano, Magenta e Amarelo, e com isso a formação de preto ficava muito ruim. Na 500C, um cartucho de tinta preta, convencionalmente chamado de K, foi incorporado e assim a impressão passou a ser no padrão CMYK (Ciano, Magenta, Amarelo e Preto).

A propósito, a escolha da letra K se deveu à nomenclatura em inglês “Key”, ou Chave para a correção da cor, e também porque não existe no alfabeto inglês nenhuma cor que comece com “K”. Na realidade, a cor preta será sempre simulada, com o uso até hoje de pigmentos especiais, feitos com segredos industriais dos fabricantes.

Para que o leitor possa entender melhor esta estória, é preciso dizer que a formação de cores é um fenômeno da natureza, que os nossos olhos têm a capacidade de perceber, devido à presença de certas células, sensíveis aos comprimentos de onda da cor visualizada.

Basicamente, quando uma luz branca, que é resultado da combinação de todas as cores do espectro, incide em uma superfície, uma parte do comprimento de onda do espectro luminoso do raio de luz incidente é refletida e outra absorvida. Por exemplo, um objeto iluminado é azul, porque a luz que incide nele é totalmente absorvida, menos a cor azul, que é refletida.

Como esse assunto é longo, eu vou tentar resumir: existem na divisão do espectro luminoso as chamadas cores primárias, a saber, Vermelho, Verde e Azul (RGB, do inglês Red, Green, Blue). A combinação delas formam as cores secundárias, que são Ciano, Magenta e Amarelo (CMY, do inglês Cyan, Magenta, Yellow).

Combinando-se as cores secundárias consegue-se obter as primárias: magenta + amarelo dará vermelho, amarelo + ciano dará a cor verde, e ciano + magenta formará a cor azul. As cores primárias formam cor pelo processo de adição e as secundárias por subtração.

Todos os matizes resultarão na combinação (ou proporção) das cores primárias ou secundárias. As primeiras (RGB) formarão a cor luz e as segundas (CMY) formarão a cor pigmento. Estas últimas são aquelas usadas por qualquer sistema de impressão.

 

Em princípio, Ciano + Magenta + Amarelo formariam a cor Preta. Na prática, porém o resultado na impressão não consegue obter o preto (ausência de luz refletida) mais próximo do ideal. Daí os fabricantes de tinta terem optado pela inclusão de um cartucho ou tanque de cor preta com pigmentos ou corantes específicos para impressão. A partir daí adotou-se o padrão de cores CMYK para todas as impressoras.

As variações do padrão CMYK

Impressoras com cartuchos ou tanques no padrão CMYK oferecem muito bons resultados na impressão, digamos, de fotografias coloridas ou preto e branco. Porém, se o usuário fizer questão de aprimorar a formulação de cores as possibilidades são enormes.

Uma impressora fotográfica de alto nível, mesmo sem ser profissional, consegue imprimir fotos complexas usando cinco cores diferentes: Preto (Fotográfico), Ciano, Magenta, Amarelo e Cinza. A introdução da cor Cinza possibilita se obter um resultado melhor na respectiva escala, e na combinação de tons de cores.

Outros conjuntos de cores têm também variações específicas do padrão CMY, mas aí se esbarra no custo, se for usada em casa. No uso profissional, ainda é possível se usar a impressora com cinco cores acima citada, mas em aplicações mais demandantes ela pode não ser suficiente.

As tintas corantes variam em composição de acordo com as aplicações desejadas, podendo inclusive serem substituídas por tintas pigmentadas. Mas, estas últimas são insolúveis em água e assim os pigmentos permanecem em suspensão, exigindo papel fotográfico microporoso. Além disso, embora com formulações sofisticadas, o uso de tintas pigmentadas exige a atenção constante de quem usa, sob pena de entupir ou até danificar os tubos de tinta, cartuchos ou, em casos drásticos, a cabeça de impressão.

O processo de impressão que é usado já há alguns anos é para lá de sofisticado. As cabeças de impressão podem usar sistemas térmicos ou piezoelétricos. A tinta é gotejada e espalhada com altíssima resolução, e basta usar um papel de boa qualidade, seja para impressão de textos ou de imagens, para se obter resultados impressionantes. Tintas corantes têm a fama de descoramento a curto ou longo prazo, mas as pigmentadas não. O problema é que a impressão de fotografias com tintas corantes é visivelmente superior em qualidade.

A mudança do cartucho para o tanque de tinta

Eu usei com sucesso por muitos anos uma impressora fotográfica Canon MG7510, que trabalha com cartuchos, um para o preto pigmentado, e outro para o preto corante, que se junta com ciano, magenta, amarelo e cinza. Recentemente, eu resolvi trocar para o sistema de impressão com tanques, e optei pela Epson L8180, a qual, por coincidência, tinha todos os recursos que eu queria e mais outros tantos que provavelmente eu nunca vou usar.

O objetivo dos tanques de tinta é basicamente tornar mais prático o reabastecimento das cores. Muitas impressoras têm os tanques no painel da frente, com o visor contendo marcas de nível, para dar uma ideia aproximada do nível das tintas e permitir que o usuário reponha tinta bem antes da mesma acabar no tanque. Aliás, o usuário não pode deixar os tanques secarem, sob pena de deixar passar ar no sistema e impedir uma impressão correta e sem falhas.

A Epson, como vários outros fabricantes, desenvolveu um sistema de abastecimento dos tanques bastante sofisticado, chamado de EcoFit. Cada garrafa possui uma chave-guia de plástico, só podendo ser encaixada em um reservatório específico. Isso impede que o usuário distraído possa encher de tinta o tanque errado:

 

Na saída de cada garrafa a Epson desenhou um sistema igualmente sofisticado de válvula, que somente abre quando a garrafa de tinta é inserida no bocal do reservatório. No corpo da válvula existem duas aberturas, uma delas deixa passar a tinta e a outra deixa escapar o ar do tanque.

Assim, quando o tanque encher, o ar para automaticamente de sair e a tinta não escorre mais. É desta maneira que a garrafa “sabe” que o tanque está cheio.

 

Quando a garrafa é retirada da entrada do tanque a válvula se fecha e impede a tinta de escorrer para o gabinete da impressora, poupando assim a preocupação do usuário com este tipo de problema.

O sistema em si, denominado pela Epson de EcoTank, tem uma capacidade de tinta capaz de, teoricamente, imprimir de 6 a 7 mil folhas, dependendo do uso de cada um. Esta economia é bastante significativa a médio e a longo prazo, embora sendo um pouco exagerado na propaganda do fabricante:

 

Se o nível de economia chegar a este ponto, é provável que o usuário nunca vá saber quantas folhas foram impressas, dificultando o cálculo, se relevante, da ordem de grandeza propriamente dita.

Inconveniências e sugestões mal dadas

Nem tudo são flores nas impressoras com tanques de tinta. Eu tenho, por hábito secular, sempre estudar as características técnicas de algum produto de interesse, mais importante ainda quando a despesa envolvida é bastante elevada.

Foi por isso que eu consultei o suporte da Epson sobre quanto tempo uma impressora dessas pode ficar parada. E a resposta do técnico foi “no máximo 15 dias”! Se este limite não for respeitado a tinta pode decantar nos tubos e/ou na cabeça de impressão, causando um entupimento desnecessário e que exigirá a limpeza de todo o sistema.

Esta informação dada pelo suporte exclui automaticamente o discurso daqueles que, por qualquer motivo, gravam os seus vídeos no YouTube com um monte de impressoras, à guisa de uma suposta análise do modelo que estão apresentando, e saem falando o que bem entendem. Muitos desses vídeos, inclusive aqueles que são gravados com a intenção de ajudar o comprador, dão conselhos inaceitáveis por qualquer um que tenha bom senso e um mínimo de conhecimento do assunto.

Em uma dessas apresentações que eu vi, um cidadão norte-americano recomenda três vezes que o usuário que vai instalar a L8180 jamais use o CD que acompanha o produto, porque, no argumento dele, o CD irá conter drivers e programas desatualizados. O que esta pessoa parece não entender, ou porque não sabe ou não tem experiência com sistemas e programas, que o objetivo de incluir aquele CD na embalagem é simplesmente o de facilitar a instalação de quem tem um drive ótico à disposição. Se o usuário não tem, ele então pode baixar o instalador direto do site do fabricante.

Este tipo de conselho não ajuda ninguém. Em seu lugar, deveria ser dito que o instalador deve, se possível, colocar logo a impressora na Internet. Assim, quando o CD for rodado, todas as atualizações são feitas automaticamente.

Outra sugestão absurda e incabível é a troca da tinta original por tintas de algum fabricante, infinitamente mais baratas, e aí se cai no antigo ditado popular que diz que “o barato sai caro”. Quem fabrica a impressora é obrigado a testar repetidas vezes tintas e papéis. Este controle de qualidade tem como principal objetivo determinar a fluidez da tinta de acordo com o sistema de impressão. Daí, por exemplo, um fabricante como a Epson, indicar o código da tinta na garrafa fornecida e indicada no painel de tanques. Todos os vídeos que sugerem a troca ou mistura de tintas estarão, por isso mesmo, prestando um desserviço ao usuário final.

Os absurdos sugeridos não param por aí: toda impressora que trabalha com tanques de tinta tem instalado um dispositivo chamado de “caixa (ou tanque) de manutenção”. O seu objetivo é recolher o excesso de tinta gasto em vários processos que a impressora faz automaticamente, como, por exemplo, a limpeza periódica das cabeças.

A caixa em si tem dentro uma série de almofadas ou esponjas, que absorve a tinta excedente. Um chip colocado na caixa faz uma determinação teórica de quando a caixa está cheia e precisa ser trocada. Neste ponto, a impressora para de imprimir, para evitar o sangramento da tinta acumulada para o seu gabinete.

É imprudente resetar este chip e continuar usando a caixa de manutenção. Como também ensinar o usuário a desmontar a caixa e lavar as almofadas, e depois resetar o chip que ali está.

O mercado está cheio de caixas e garrafas de tinta falsificadas. As falsificações das garrafas chegam a ser grosseiras, e o fabricante expõe em vídeo como evitar este tipo de produto:

 

 

Mas, só isso não basta. É preciso saber onde as garrafas originais podem ser compradas com segurança. No caso específico da Epson, eu soube pelo suporte que a sua representante autorizada é a Kalunga, de onde, por acaso, eu sou cliente.

A tecnologia das cores

No passado remoto, eu conheci um cientista que trabalhava para a Varian, que fez um projeto para que a sua empresa construisse um módulo de leitura, que foi acoplado a um espectrofotômetro da marca, e que iria permitir aos restauradores do estúdio Disney restaurar negativos antigos rodados em Technicolor.

E a razão disso era muito simples: quando Walt Disney começou a trabalhar com cores, os corantes usados nas células dos desenhos animados eram misturados a partir de composições de compostos advindos de plantas. O resultado é que não havia uma receita de mistura que pudesse ser seguida. Cada projeto iria ser testado com as misturas feitas no laboratório, até que se chegasse a tonalidade desejada.

O que a Varian e este cientista desenvolveram foi um sistema que levantasse a curva espectrofotométrica desses corantes de planta, até viabilizar a restauração correta das cores dos desenhos.

O negativo de cinema propriamente dito pode ser preservado com filmes monocromáticos nas cores CMY, 3 negativos que então podem ser usados para a restauração do filme original em cores.

Filmes fotográficos de 35 mm, aqueles que também contém a mistura CMY, tem corantes específicos, levando quem fotografa a tentar determinar a palheta de cores obtidas. Eu me lembro bem deste levantamento quando colegas da universidade fotografavam cortes de tecido. Dependendo do filme a imagem na fotografia varia em tons de cores.

A tecnologia de cores é extensa e fascinante. O seu desenvolvimento foi o que possibilitou hoje a qualquer um poder apreciar a qualidade de uma tela de TV, por exemplo, ou de escolher um sistema de impressão na hora de preservar fotos guardadas.

Hoje a gente não se dá mais conta de quantos milhões de cores uma TV ou monitor pode reproduzir. E também da adaptação de reprodução ao perfil de cores usado, tipo sRGB, Adobe RGB, etc. Já se foi o tempo em que tubos de imagem de raios catódicos foram abandonados, em prol dos sistemas digitais que permitem tudo isso. Outrolado_

. . .

Um recado para o escritor hesitante: se atire

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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