Os irmãos Grimm, em Blu-Ray, no formato SmileBox

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O Mundo Maravilhoso dos Irmãos Grimm, rodado em Cinerama pela M-G-M , foi um dois poucos filmes neste formato com enredo e estória. Os negativos de câmera foram escrupulosamente resgatados e restaurados em 4K, depois o filme lançado em Blu-Ray com uma versão em SmileBox, emulando a tela de Cinerama em casa.

 

A Metro-Goldwyin-Mayer produziu e lançou dois filmes no processo Cinerama de 3 películas, os únicos, aliás, contendo uma estória. Foram eles A Conquista do Oeste e O Mundo Maravilhoso dos Irmãos Grimm.

Ambos os filmes foram rodados em 1961 e lançados no ano seguinte. Infelizmente, o Cinerama de 3 películas teve sobrevida relativamente curta e foi eventualmente abandonado, e depois substituído de vez pelo Super Cinerama em 70 mm, com curvatura semelhante.

Os negativos dessas três películas têm sido alvo do escrutínio e restauração por preservacionistas, que vem trabalhando exaustivamente em todos os processos árduos de fazer esses filmes verem novamente a luz do dia, nem que seja no formato SmileBox, que emula digitalmente a antiga tela de Cinerama.

Anos atrás, Conquista do Oeste foi lançado em Blu-Ray, nos formatos de tela “plana”, e em SmileBox (esta última parece que nunca saiu no Brasil). Segundo os restauradores, os negativos deste filme foram encontrados em ótimas condições, e naquela época a transcrição do filme para vídeo dos 3 elementos foi feita com 2K de resolução.

A situação dos Irmãos Grimm foi bastante diferente: os negativos de câmera foram achados com diversos tipos de danos, mas no final da restauração preservados com transcrição a 4K de resolução em equipamentos e software bem mais modernos. O resultado do extenso trabalho de restauração compensou amplamente!

A edição em Blu-Ray contem a versão “plana” em 2.85:1 no disco 1 e a versão SmileBox no disco 2. Neste último disco, um documentário feito pelos preservacionistas conta com detalhes a penosa restauração dos negativos. Como esta edição faz parte da Archive Collection ela provavelmente nunca será editada por aqui.

Durante a restauração, todos os recursos possíveis foram usados, antes e depois da transcrição dos negativos. As correções incluíram a eliminação da distorção fotográfica das lentes das câmeras Cinerama, as diversas flutuações de crominância, e um monte de outros artefatos, provocados pelo arquivamento das películas. Em alguns casos, foi preciso recorrer às películas de preservação monocromáticas CMY (Ciano, Magenta e Amarelo).

O filme foi originalmente lançado em cópia scope, para exibição nos cinemas convencionais. A volta aos negativos de câmera permitiu recuperar os fotogramas originais em Cinerama, sem os cortes feitos para as cópias CinemaScope. Além disso, durante as restaurações das 3 películas foram reunidas com sobreposição das imagens, conseguindo-se assim praticamente eliminar aquelas linhas visíveis entre os fotogramas típicas do Cinerama.

As trilhas sonoras dos filmes em Cinerama foram gravadas e reproduzidas separadas, em filme magnético de 35 mm, neste caso em 7 canais. A restauração e a remixagem desta edição foi uma das melhores que eu ouvi até hoje.

Filmes em tela larga foram formatados com som estereofônico de 4 até 7 canais, sendo que atrás da tela são posicionados de 3 até 5 canais. Todos esses formatos podem ser perfeitamente reproduzidos em um home theater, limitado a 3 canais frontais, desde que a mixagem do vídeo respeite a posição das caixas intermediárias, que são os canais acrescentados entre as caixas esquerda e direita e a central.

A restauração de som do filme dos Irmãos Grimm foi uma das melhores que eu já ouvi até hoje, em termos da mixagem do diálogo direcional, quando o som muda de canal na tela para acompanhar a mudança de posição dos atores na cena. O posicionamento das vozes é tão bom, que dá para perceber em casa todos os 5 canais reproduzidos originalmente.

O filme sobre os Irmãos Grimm

George Pal foi um cineasta húngaro, naturalizado norte-americano com a ajuda de Walter Lantz, produtor e animador da Castle Films (Universal Pictures). Ele foi um pioneiro na arte da animação stop-motion, extremamente trabalhosa, usada hoje por poucos cineastas. No filme dos Irmãos Grimm ele produz, anima e codirige junto com Henry Levin. Para a M-G-M, ele já tinha dirigido O Pequeno Polegar, lançado em 1958, baseado também na obra dos irmãos Grimm.

Os Irmãos Grimm foram e são até hoje os mais celebrados autores dos chamados “contos de fada”. Em O Mundo Maravilhoso, presta-se um tributo a eles, citando e narrando algumas de suas obras.

Basta dizer que foi Walt Disney um dos que mais se serviu dos Irmãos Grimm, começando com Branca de Neve e os Sete Anões, e prosseguindo com inúmeros outros filmes do gênero.

A lista dos contos de fada é enorme, e muitos deles belíssimas obras de arte, com lições de moral exemplares! Eu citaria, por exemplo, Cinderela ou A Bela Adormecida, para não me estender demais.

E o filme produzido por George Pal termina com a frase conhecida dos irmãos Grimm “E eles viveram felizes para sempre”, ao invés de simplesmente “Fim”.

O filme conta com Laurence Harvey como Wilhelm e com Karl Boehm como Jacob, este último, se alguém se lembra, foi o ator alemão que estrelou Sissi, de 1955, ao lado da estonteante atriz austríaca Romy Schneider, no papel-título.

As lições de vida dos contos de fada

Sobre contos de fada, nunca mais tive notícias de mães ou pais lendo estórias deste tipo para os seus filhos, o que é uma perda que poucos, tenham certeza, se dão conta! Lá em casa, na minha infância, a minha mãe tinha uma coleção de 12 livros só de contos de fada, e lia uma estória de um deles na hora do meu almoço. Eu aprendi, ainda criança, muitas lições de vida ouvindo o que ela contava. E na fase de adulto, eu comecei a ver nas animações do Walt Disney essas mesmas lições de moral, fruto das observações de dois escritores que tinham sensibilidade para entender e tornar simbólicas falhas de caráter, sofrimento, preconceito, etc.

Para mim, a beleza dos contos de fada é a maneira como o comportamento humano é representado nos contos, através de metáforas. Eu já presenciei muita gente que não consegue capturar essas mensagens. Na prática, significa assistir um filme feito pelos artistas, por exemplo, dos estúdios Disney, e achar que aquilo ali foi feito só para o público infantil.

O cinema, principalmente o Hollywoodiano, sempre teve forte tendência e habilidade para contar uma estória. Muitas dessas narrativas são entremeadas de mensagens subjacentes, aquelas que não diretamente expostas para a plateia. Quem quiser assistir cinema de verdade, vai ter que perceber com clareza, dentro do possível, todas essas mensagens. A partir daí se verá qualquer filme de outra maneira! Outrolado_

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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