Entre discos voadores e extraterrestres

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Naves e seres extraterrenos podem estar nos visitando desde tempos remotos. Grupos de ufólogos tentam contatos e trocas de informações, sempre seguidos de perto por agências que não querem reconhecer ou ver essas informações divulgadas.

 

Na minha adolescência fizeram muito sucesso filmes sobre discos voadores e extraterrestres. Os enredos giravam quase sempre em invasões que precisavam ser combatidas. Os discos emitiam raios e os terrestres se defendiam de alguma maneira, mas sempre em desvantagem até próximo do fim dos filmes.

No filme de Tim Burton “Ed Wood”, de 1994, existe uma menção ao interesse dos produtores sobre este tipo de assunto nos filmes que rendiam bilheteria. E não é para menos: em 1947 houve um incidente no Novo México, próximo da cidade de Roswell, que deu seu nome ao que aconteceu.

De lá para cá, todo tipo de suspeita e levantamento de teorias da conspiração fizeram a tônica da discussão em torno do incidente. Existem pilhas de documentários e debates a este respeito espalhados pela Internet. O divisor de águas, nesses casos, ocorre entre aqueles que acham que tudo isso é fantasia ou delírio, e os outros, que acreditam que nós estamos sendo visitados por extraterrestres desde tempos remotos.

Mas, ao longo das décadas, esses debates avançaram em níveis inusitados. De alguns anos para cá, teorias foram levantadas para o que foi chamado de “contatos imediatos do quinto grau”, quando então nós poderíamos interagir com extraterrestres, nos comunicando, aprendendo e discutindo assuntos da evolução das raças, ou algo parecido.

O principal proponente dos contatos do quinto grau (CE-5) é o médico Steven Greer, e ele é seguido por uma enorme entourage, que tenta o quinto contato através de um protocolo criado por ele, quando conseguiu ele mesmo este tipo de comunicação. Greer viu, visitou uma nave, entrou em contato, etc., ou seja, ele completou todos os estágios possíveis de contatos imediatos com os seres de outros planetas.

Em 2017, foi lançado o documentário “Unacknowledge” (no Brasil, “Mistério Obscuro”), denunciando segredos do governo e das agências norte-americanas mantidos sobre estrita vigilância e intimidação daqueles que quiseram saber o que estava acontecendo. O filme está disponível em plataformas de streaming, mas pode ser visto sem custo no YouTube:

Um outro documentário, onde aparecem mais denúncias de acobertamento do fenômeno OVNI (UFO), foi feito pelo próprio Steven Greer, tudo relacionado diretamente ao seu protocolo de contato do quinto grau:

Existem teorias conspiratórias de todo tipo, principalmente nas denúncias contra o sistema americano de acobertamento e intimidação que os ufólogos vêm sofrendo através das décadas. Paralelamente, se comenta com indignação sobre os procedimentos de acobertamento em cima de entidades privadas e da mídia, por agências tipo CIA, com intenções nada nobres.

O cinema americano fez e faz até hoje críticas abertas à CIA, portanto, o que de novo é denunciado é o direito do povo de saber o que se passa desde Roswell. Se existem lá restos de naves e extraterrestres autopsiados, o povo americano (e o resto do planeta) tem direito de ver.

Teria sido legítimo assumir que uma parte do acobertamento secreto e por baixo dos panos, da visita de naves e seres extraterrestres estaria relacionada à engenharia reversa de uma tecnologia avançada, que ajudaria os Estados Unidos se tornarem uma super potência na terra e no espaço, indistintamente.

Assistindo a esses dois documentários com paciência, uma coisa que me deixou de certa forma preocupado é que não é nunca possível visualizar uma nave extraterrestre com a nitidez necessária, visto que a maioria das fotos, filmes e vídeos foram rodados de longa distância, e o que se vê são apenas luzes.

É no mínimo intrigante que naves espaciais fiquem se iluminando para serem vistas, como se tentassem dizer que elas estão aqui. Ou ficar sobrevoando, paradas, em movimentos randômicos ou em alta velocidade, o que, teoricamente, ainda não é possível se conseguir com naves terrestres.

Outra coisa preocupante é a narração de Steven Greer, quando ele se respalda em informações de terceiros e contatos com agências do governo, e nada disso prova coisa alguma. Convenhamos: uma coisa é alguém que disse que viu um fenômeno desses, e outra é documenta-lo de maneira a que quem ouve possa de fato saber se a narração é verdadeira ou não.

Cinema ou realidade?

Um aspecto nessas discussões que interessa ao cinéfilo é que os filmes de Hollywood ora mostram ameaças de sobrevivência ao povo da terra, ou seja, os alienígenas aparecem aqui com o intuito explícito de matar todo mundo e explorar os recursos do planeta, ora mostram a benevolência de extraterrestres que passam por aqui apenas com interesse de conhecer a raça humana e compartilhar as suas conquistas científicas, portanto seriam alienígenas do bem.

Os ufólogos acreditam que os filmes que mostram alienígenas com intenções de extermínio da raça humana foram feitos por cineastas que, voluntariamente ou não, ajudam a creditar extraterrenos como seres malignos.

Os documentários aqui citados mencionam o controle da imprensa norte-americana através de infiltração de agentes do governo nas redações das grandes corporações, proibindo a divulgação de textos que ferem uma suposta segurança nacional.

Os proponentes do CE-5 ainda vão mais longe: os extraterrenos têm tecnologia de transporte avançada, que não necessita de combustível fóssil e poluente. Mas, se tais meios de transporte vierem a termo, uma indústria multimilionária iria ter prejuízos incalculáveis. Em outras palavras, atualmente, ao consumir petróleo, nós enriquecemos grupos de empresários, ao mesmo tempo em que ajudamos a destruir o nosso meio ambiente, com danos imprevisíveis.

Neste ponto, eu me lembro de uma estória antiga, que me contaram quando eu era adolescente: segundo quem me contou, um cidadão havia descoberto uma forma de fazer um motor de automóvel funcionar com água, e que ele viu funcionar de perto.

 

A força motriz, neste caso, seria a energia obtida da quebra da água em hidrogênio (H2) e oxigênio (O), com aproveitamento do primeiro elemento como combustível. Tal como nos relatos atuais, essa pessoa teria desaparecido e nunca mais encontrada. O seu invento sumiu com ela.

Uma outra teoria desafiadora a respeito dos alienígenas é o da proteção do nosso sistema de vida. Nós, enquanto raça humana, conquistamos meios e maneiras de destruir o planeta, e até se relata que os seres extraterrenos têm feito esforços para desabilitar mísseis nucleares e evitar que eles sejam lançados.

Ciência versus realidade

Todas esses relatos e teorias parecem, à primeira vista, atraentes e interessantes. Mas, ao racionalizar o que se ouve é prudente se colocar os dois pés na realidade e saber onde estamos pisando.

A ciência é amparada em observações e estudo de fenômenos. Na maioria das vezes, as conclusões de experimentações em campo ou em laboratório têm que ser estatisticamente provadas, caso contrário a comunidade científica rejeita qualquer achado, mesmo que aparentemente revolucionário ou modificador de algum paradigma.

Isto quer dizer que a ciência demanda provas irrefutáveis. A estatística calcula a probabilidade de uma observação ser falsa ou verdadeira, portanto, observações podem ser interpretadas e aceitas, segundo este critério.

O problema dos discos voadores é que não existiram até agora meios de provar inequivocamente que eles são reais e pousaram na terra, para estudos ou contatos com seres humanos. Os próprios proponentes do CE-5 admitem que este empecilho de fato existe.

Eu sou um que estaria disposto a aceitar tudo aquilo de positivo que aqueles dois documentários tentam provar. Mas, até lá, sinto muito, eu sou, com costuma dizer o ceticismo popular, que nem São Tomé, só acredito vendo! Se algum extraterreno entrar aqui na minha casa e com a sua superior tecnologia aliviar todos os meus problemas de saúde decorrentes da idade, eu irei lhe dar as boas-vindas e ficar muito feliz. Outrolado_

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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