O Submarino Amarelo dos Beatles

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Peter Jackson mostrou em documentário a passagem dos Beatles por um telhado de Londres, mas os Beatles também fizeram cinema, e um dos filmes que marcaram esta época foi Submarino Amarelo, com cores psicodélicas.

 

Já que Peter Jackson e companhia fizeram um esforço para resgatar a memória dos Beatles, porque não revisitar um dos momentos em cinema que eles tiveram na década de 1960: o filme “Yellow Submarine” (Submarino Amarelo), uma espécie de um suposto desenho animado de vanguarda, na realidade um roteiro todo ele calcado no psicodelismo daquele momento, embalado com um elepê dos Beatles.

A década de 1960 viu crescer o consumo de drogas com importante efeito psicodélico, capazes de fazer quem consumia ter todo tipo de alucinação. Por causa disso, o cinema passou a apresentar filmes com imagens que representavam este estado de espírito, ou de uma reação à ingestão de drogas psicotrópicas.

O título do filme, que menciona a cor amarela, nunca ficou claro na década de 1960. Especula-se que ele se refere ao Nembutal, remédio calmante, e antidepressivo, cuja cápsula tinha esta cor.

Uma das drogas mais badaladas na década de 1960 foi o ácido lisérgico, conhecido pela sigla do seu derivado com dietilamina, o LSD, cuja fórmula estrutural está mostrada abaixo, à guisa de ilustração:

 

Os Beatles fizeram, na época, um esforço danado para desmentir que a música Lucy In The Sky With Diamonds não se referia ao ácido lisérgico (LSD). Só que o desenho propriamente dito, intencionalmente ou não, apresenta uma alegoria típica das drogas psicodélicas, incluindo a passagem de alguém pelo cérebro (“Sky”), e de uma alucinação de cores:

Esta não foi nem a primeira nem a última vez que cores psicodélicas, ou do fruto da imaginação da mente humana, foram incluídas em um desenho animado. Disney já havia feito isso em várias das suas animações, na forma de um delírio ou sonho, e o fez muito bem.

Supostamente, Submarino Amarelo teria sido feito para crianças e adolescentes se divertirem com a animação, ao som das músicas dos Beatles, e é bem provável que tenha atingido em cheio este segmento de público. Olhando o roteiro com cuidado, eu não acredito que as mensagens que estão ali estejam incitando o publico desta faixa de idade a fazer uso de psicotrópicos. Olhando o filme com um olhar cético, Submarino Amarelo mais parece um filme de propaganda, ou de marketing do grupo, se quiserem.

Algumas das músicas parecem deslocadas do roteiro. Quando o submarino chega em Londres, ouve-se Eleanor Rigby, uma bela, mas inacreditavelmente depressiva composição, que fala na solidão das pessoas. E ela encaixa na estória aonde?

Os vilões da estória são os “Blue Meanies”, que detestam música. Para quem não sabe, Blue (literalmente, cor Azul) é também sinônimo de tristeza ou algo triste, tanto assim que o Blues é uma música de lamento criada pelos músicos de Jazz. Segundo os realizadores do filme, a cor Azul foi escolhida ao acaso, mas para quem vê o filme a simbologia está clara!

E neste ponto os Beatles têm razão, porque a música faz parte do sentimento saudável de qualquer ser humano, e ele tem um enorme peso na formação da personalidade e do caráter de quem de fato se identifica e ama compor, tocar ou simplesmente ouvir música.

A música é também libertária, e é isso, essencialmente, o que Submarino Amarelo mostra a quem assiste o filme, e é uma citação que merece destaque, junto com a clássica mensagem dos anos 60: Paz e Amor!

Cinema e vídeo

Submarino Amarelo foi rodado com o fotograma em 1.66:1, típico das produções europeias da década de 1960, usado muito também por Walt Disney, na América. O som do cinema é o tradicional mono, banda ótica.

No Blu-Ray, com imagem preservada, o áudio é totalmente remasterizado, com excelente mixagem em 5.1 DTS HD MA e PCM. Aqui se ouve muito mais dos esforços dos engenheiros de gravação de Abbey Road, quando fizeram todos os discos dos Beatles.

No início das transmissões coloridas, a TV Tupi projetou este filme, talvez como forma de mostrar a qualidade da imagem. Na época, a emissora foi equipada com a ajuda da Philips, de quem faziam a propaganda antes das transmissões.

O colorido psicodélico é mantido na edição em vídeo, mas hoje se percebe se tratar de um filme de época, que, aparentemente, ao que tudo faz crer, não volta mais. Porém, quem gosta de cinema e/ou dos Beatles, vale a pena ver de novo. [Webinsider]

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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2 respostas

  1. Amigo Paulo
    Apesar da forte presença do cinema em sua vida, artigos como esse revelam a verdadeira face do versátil professor que você é. Forte abraco

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