Relíquias dos primórdios da Internet de banda larga

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Equipamentos que fizeram para da evolução do acesso à internet

Filtros para conexões ADSL/VDSL hoje estão obsoletos, mas representaram um avanço depois da Internet discada.

 

Eu ingressei na Internet quando ela ainda estava restrita às universidades e meios acadêmicos, e nos terminais do Núcleo de Computação da UFRJ o acesso era por texto, na forma de comandos, tais como Telnet, FTP, etc. Naquele momento e durante muito tempo, o acesso remoto era discado, o chamado “dial-up”, por meio do discador do sistema operacional.

Na prática, significava discar para um número de telefone, cujo modem respondia e levava adiante a conexão. Para tanto, nós fomos obrigados a instalar, dentro ou fora do computador, um modem analógico. Os meus e dos meus amigos e parentes foram os fabricados pela US Robotics:

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Eu vi agora o vídeo de um colecionador no YouTube, com os ruídos típicos da discagem e conexão, e compartilho:

Depender de um discador era um negócio muito chato, mas a conexão tinha que ser feita por linha telefônica. O problema maior, entretanto, era a precariedade da conexão, com a linha caindo a todo momento. Aqui em casa, os meus filhos se habituaram a só ligar para o telefone do NCE bem tarde da noite, quando então a ligação caía menos. Foi mais ou menos nesta época que apareceu a expressão popular de “Internauta da madrugada”.

Relíquias resgatadas

Fazendo uma daquelas procuras nos guardados que todo mundo empurra para outro momento, eu achei, por acaso, vários filtros ADSL que foram usados durante anos nas primeiras conexões de banda larga, que ainda dependiam de um par trançado de uma linha telefônica para funcionar.

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Como o sinal de conexão era transmitido em alta frequência esses filtros eram na realidade do tipo “passa baixo”, ou seja, o sinal da linha telefônica era repartido entre o telefone (que recebia baixa frequência) e o modem ADSL. Depois disso, houve uma evolução para a conexão por VDSL, mas os filtros usados eram do mesmo tipo, apenas o modem tinha que reconhecer o novo tipo de sinal, muito superior em estabilidade e velocidade.

Tanto ADSL quanto VDSL foram avanços importantes, porque havíamos saído de uma conexão discada analógica para um modem que nos permitia não só o acesso à Internet e ao telefone fixo, ao mesmo tempo, sem falar nos míseros 36 Kbps dos modems analógicos mais antigos para velocidades muito superiores.

As mudanças de velocidade nas assinaturas da época deram dor de cabeça a muita gente, principalmente por causa da ausência dos chamados armários onde as portas de conexão estavam disponíveis. Esses armários precisam estar o mais próximo possível dos assinantes, e não era raro as portas ficarem ocupadas e ninguém mais poderia se tornar assinante ou ter uma velocidade maior na conexão.

Eu estive no grupo daqueles que sofreram todo tipo de problema como assinante, porque somente a Oi (ex-Telemar) estava disponível, e impingia a velocidade do jeito que queria. Quando a GVT começou a instalar o seu armário em uma rua próxima, eu encontrei o engenheiro responsável, conversei com ele, e logo que a fiação chegou ao nosso prédio, eu me desliguei da Oi e me tornei assinante da GVT. Esse engenheiro fez questão de ir na minha casa durante a instalação. O modem era gratuito, mas eu já tinha um melhor e não precisei do outro. Em curto espaço de tempo, eu saí de 5 Mbps (o meu plano da Oi falava em 10 Mbps, que nunca me entregaram), para os 50 Mbps da GVT.

Mudanças que se tornam irreversíveis

Eu vejo hoje na Internet que modems analógicos continuam a ser vendidos, presumivelmente comprados por quem ainda depende deste tipo de conexão. Se for para a instalação interna, o usuário vai ter que ter um slot compatível, mas os antigos fabricantes disponibilizam modelos de placas até para slots PCIe, por incrível que pareça.

Para nós que ganhamos independência dos modems analágicos, estacionar nesta tecnologia é impensável. Na minha casa, o par trançado de telefone fixo já não existe faz muito tempo. As ligações passaram a ser por VoIP, e assim é o próprio modem do provedor que cuida disso.

A Internet teve o seu lado acadêmico plenamente justificável, e protestos no campus queriam impedir a sua disseminação para o uso comercial das conexões com imagem, mas nada disso seria negativo, exceto o exagero do uso das redes sociais e a enxurrada de propaganda forçada em cima de qualquer usuário.

O lado positivo e que felizmente ainda persiste é o da informação para pesquisas de assuntos específicos, o que praticamente dispensa a ida a bibliotecas e está ao alcance de qualquer um.

No passado distante, foi na Internet que eu achei um firmware de um player de DVD da Philips, que tinha um erro cujo conserto aqui foi negado. Um site da Holanda disponibilizou o firmware para download e ainda deu as instruções de como fazer a atualização.

No trabalho, eu precisei de um programa gerenciador de uma máquina de análise que nos tinha sido doada. Em contato com o fabricante, nós rapidamente fomos atendidos. O programa era pequeno, rodava em ambiente DOS, e foi mandado por e-mail.

Até hoje, eu ainda acho ferramentas que têm me ajudado em múltiplas ocasiões, e assim, portanto, a Internet cumpre o seu antigo papel de ajudar a quem precisa, e espero que continue assim!  [Webinsider]

 

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Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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