O uso de rede móvel 5G continua fazendo um estrago no consumo de bateria de qualquer aparelho celular. O problema só poderá ser resolvido quando todas as operadoras resolverem os problemas de distribuição de sinal e os fabricantes de celulares se adaptarem ao desgaste das baterias.
Não faz tanto tempo assim que eu discorri e tentei dissecar a confusão provocada pelo pouco esclarecimento sobre as redes móveis 5G. Pouco tempo depois, eu adicionei um post-scriptum, relatando os problemas encontrados pela excessiva descarga da bateria do celular.
Pois bem: aconteceu que, tempos depois, o software interno do telefone carregou consigo alguma correção que me permitiu manter a rede móvel em 5G sem prejuízo da bateria. Então, eu deduzi que este problema tinha sido resolvido pela operadora (TIM). Mas, infelizmente, na atualização seguinte, o problema não só voltou, como aumentou o consumo de bateria, a ponto do aparelho descarregar em menos de 24 horas.
Em vista disso, e por precaução, eu resolvi levar o telefone para a autorizada da Motorola. Depois de analisado e devolvido, sem a constatação de defeito na bateria, o técnico, muito gentilmente, veio ao balcão e conversou comigo sobre o problema. Ele usou ferramentas proprietárias da Motorola, em busca de informações retiradas do celular, que permitisse a ele tirar as conclusões corretas.
O técnico fez questão de me dar uma cópia do laudo de análise detalhado, com a descrição do problema, que reproduzo a seguir, na sua parte mais importante para o meu caso:
E, a seguir, ele me mostrou uma imagem do gráfico que exibiu a procura de rede pelo meu telefone. A imagem no papel não está nítida, mas dá uma ideia de que tipo de sinal o celular procura nas torres mais próximas, quando em trânsito:
Resumidamente, o problema do gasto da bateria aumenta quando o celular vasculha, mas não consegue achar o sinal 5G, cuja preferência de conexão está configurada no telefone. Como eu passo a maior parte do dia em casa, o desgaste da bateria é maior, principalmente durante a noite. Quando questionado sobre a atualização anterior, quando o problema de consumo de bateria havia desaparecido, o técnico levantou a hipótese de que o problema não é só do telefone, mas também da operadora, que ainda está alterando o seu modo de transmissão. Notem que o sinal 5G NSA ainda é mais presente do que 5G SA, e isso tem enorme influência na busca de sinal.
Depois de alguns testes em casa, onde passo a maior parte do dia, eu notei que a rede que chega aqui é 4G LTE, e não 5G. Se eu saio de casa, com o 5G ativado, o desgaste da bateria é mínimo.
Ao dirigir, eu uso o Android Auto, e eu posso ver imediatamente na tela da central qual a rede que está sendo usada. É fácil verificar que em várias partes do trajeto, somente o sinal 4G é detectado. Mesmo assim, o técnico da Motorola disse que, em trânsito, eu poderia usar 5G sem receio de descarga da bateria.
A solução do momento
Como antes me foi recomendado, a única solução, neste momento, é mudar a configuração de rede preferida pelo celular para 4G, embora o ajuste para 5G seja o recomendado pelo fabricante:
A solução definitiva, creio eu, será aquela resultante das modificações do sinal transmitido pelas operadoras e pelo software interno dos telefones celulares. Fazendo uma pesquisa pela Internet, eu vi queixas de usuários de outras operadoras, e com uso de telefones de outras marcas, por conseguinte, nada do desgaste que eu constatei no meu uso pessoal se relaciona somente à cobertura da operadora que eu uso, nem do meu aparelho.
Vai ser preciso que a tecnologia 5G seja aperfeiçoada, seja do lado das operadoras, seja do lado dos fabricantes de celulares. Eu temo que, enquanto isso não acontecer, vai ser preciso restringir o uso de 5G. Dentro do carro, é possível (e recomendável) usar um carregador na linha de 12 Volts, o que evita o desgaste da bateria com a procura por sinal 5G ativada. Na prática, entretanto, 4G ou 5G, neste caso, não irão fazer nenhuma diferença! [Webinsider]
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Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.