Rudy Van Gelder, uma lenda dos discos de Jazz

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Rudy Van Gelder foi um dos mais importantes engenheiros de gravação dos discos de Jazz. Seu nome aparece desde cedo nas contracapas dos elepês. Começou gravando na casa dos pais, mas depois construiu o seu próprio estúdio, onde passaram grandes nomes da música jazzística e da Bossa Nova.

 

Todo colecionador de elepês de Jazz provavelmente algum dia devem ter esbarrado no nome do engenheiro de gravação Rudy Van Gelder, porque ele participou de importantes sessões de gravação, em um estúdio criado e depois aperfeiçoado por ele, para contrato com várias gravadoras, tendo uma preocupação de tornar distintos os “sons” específicos das mesmas. Rudy foi também um pioneiro no campo da estereofonia direta em dois canais, método de gravação com pouco ou nenhum pós-processamento.

Ele mesmo conta a sua história, no vídeo a seguir, retirado do CD/DVD “Blue Note Perfect Takes”, de 2004:

A partir de 1999 Rudy Van Gelder começou um projeto para remasterizar digitalmente muitas das suas gravações para o selo Blue-Note, e o resultado foi chamado de RVG Edition ou RVG Series:

Os CDs desta série têm excelente transcrição, a partir de processos de remasterização com 24 bits de resolução. Para o colecionador, o resultado é imperdível! Série similar e limitada foi lançada no Japão, com o nome de “24 bit by RVG”.

Em Perfect Takes, Rudy Van Gelder fez uma seleção de algumas tomadas que ele considerava “perfeitas”. Neste projeto, ele foi obrigado a recorrer a cópias em acetato, antes julgadas perdidas. Se alguém quiser, pode usar o CD como referência de como um disco de Jazz deve soar!

Os discos originais da Blue Note receberam também um bom tratamento em edição DAD (DVD com áudio 96 kHz e 24 bits) e HDAD (mesma coisa, só que com resolução de 192 kHz e 24 bits), pelo selo Classic Records. Esses discos são difíceis de achar, aparentemente esgotados, até porque os discos desse tipo caíram em desuso, por causa dos downloads de alta resolução.

N.B.: DAD e HDAD soam ambos muito bem, às vezes é bem possível alguém ouvir e achar que 192 kHz é uma amostragem exagerada. Mas, isso tem uma razão de ser, que poucos audiófilos admitem: 44.1 kHz e 16 bits são suficientes para cobrir toda a faixa de reprodução de matrizes analógicas, e, neste caso, a prova irrefutável disso são os CDs da série RVG, masterizados com muito esmero!

Discos como esse mostrado na ilustração acima têm sido reeditados repetidamente. Neste ponto, é uma pena que o formato DAD tenha sido abandonado, porque neste tipo de autoração, como estas da série RVG, a transcrição em ambiente digital é 1:1, com a preservação dos 24 bits de resolução, obtidos da conversão (ADC) da fita master. Além disso, o DAD toca em qualquer leitor de DVD que tenha capacidade no decodificador para até 192 kHz de amostragem, com absoluta fidelidade!

As referências para o colecionador

Uma das primeiras vezes que eu li o nome de Rudy Van Gelder em uma contracapa de elepê foi quando eu comecei a comprar discos da Verve. Muita gente que eu conheci e também os críticos de discos nos jornais achavam os elepês da Verve um sinônimo de qualidade de gravação, mas nem todos eles foram gravados por Van Gelder.

O interessante mesmo na trajetória de Van Gelder foi o seu interesse precoce por Jazz, dando a ele uma noção de como um instrumento deve tocar, isto é, conhecer o timbre do mesmo, depois como ele deve ser gravado, e reproduzir da maneira mais próxima possível do som no estúdio.

No seu histórico, Van Gelder montou um estúdio na sala de estar da casa dos pais, e construiu uma extensão ao lado, para a cabine de controle da gravação. A pouca reverberação ambiente levou a captura ser feita de forma direta, o que, supostamente, caracterizou o seu estilo posterior de gravar. Bem, se isso não foi verdade, pelo menos dá para perceber o som com pouca reverberação dos discos da Blue Note.

Em seu depoimento, mostrado no vídeo do YouTube compartilhado neste texto, Van Gelder faz questão de dizer que sempre procurou um som de gravação específico para cada gravadora em seu contrato. Então, segundo ele, a gravadora teria o seu som em disco especificamente desenhado para ela, quer dizer, um som identificável pelo fã da gravadora.

O trabalho de Rudy Van Gelder alcançou também a Bossa Nova, em discos importantes, como Wave e Tide, ambas produções de Creed Taylor (A&M/CTI), com Tom Jobim, arranjos de Claus Ogerman e Eumir Deodato, respectivamente. No vídeo acima, ele menciona a sua convivência com Eumir Deodato, nas gravações da CTI.

Para mim, que ouço Jazz desde adolescente, é importante saber que o capricho na gravação dos discos, não só de Van Gelder, mas de outros engenheiros de gravação norte-americanos, ajudou a preservar momentos importantes de músicos que deixaram o seu legado registrado.

O que eles fizeram foi o que, em última análise, pôde ser bem aproveitado nas versões dessas gravações com áudio de alta resolução.

O nome Rudy Van Gelder ficou também registrado pela sua importância histórica para os discos de Jazz. Van Gelder fez de tudo: desde a captura em fita magnética até o corte de acetato. Por acaso, eu comprei o elepê Verve brasileiro do disco Monster, de Jimmy Smith, e podia se ler no disco a assinatura “Van Gelder”, quer dizer, cortado lá e prensado aqui.

Aliás, este disco nunca saiu em CD, e nem se sabe se a fita master foi perdida. Anos atrás, eu comentei isso com o Robert Witrak, do site High Definition Tape Transfers, e logo depois ele conseguiu uma versão em fita de rolo, e a usou para remasterizar a gravação.

Van Gelder, em sua trajetória desde o analógico até o digital, nunca deixou de revelar a distorção dos discos elepês, para ele incapaz de revelar a real qualidade das matrizes que gravava. Tal revelação foi um tapa na cara literal nos preconceituosos que condenaram o CD desde o seu nascimento. E a prova está aí, nos discos masterizados por ele, CD ou DAD. Ature quem quiser!  [Webinsider]

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Rudy Van Gelder faz discos de Jazz

 

Áudio para testar, demonstrar e ouvir

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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