Os Aventureiros do Ouro, em 4K e Dolby Vision

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Os Aventureiros do Ouro: foi lançada a edição restaurada da comédia musical em 4K e Dolby Vision e ótima remasterização da trilha sonora.

A edição restaurada da comédia musical Os Aventureiros do Ouro foi lançada pela Kino Lorber em 4K e Dolby Vision, e com ótima remasterização da trilha sonora. O filme foi lançado no Cinema Leblon, nos bons tempos das projeções em 70 mm.

 

Eu tenho, até hoje, muita saudade dos filmes em 70 mm, exibidos em cinemas que, infelizmente, nem existem mais. Eu assisti a cópia em 70 mm do filme de Joshua Logan “Paint Your Wagon”, baseado na comédia musical do mesmo nome. No Brasil, o filme teve o título de “Os Aventureiros do Ouro”, e foi exibido no Cinema Leblon, que havia reformado o equipamento de projeção, para incluir os projetores Incol 70/35, aproveitando todos os recursos ambientais do cinema.

A propósito, recentemente moradores próximos do local lutaram para preservar o cinema como estava, mas não sei mais onde este movimento preservacionista foi parar.

O filme saiu há pouco em versão restaurada do negativo original Panavision 35 mm, com tratamento da imagem em aprimoramento Dolby Vision HDR.

A trilha sonora foi também recuperada, e oferecida em DTS HD MA 2.0 e 5.1, embora toda a mixagem obedeça aos padrões do filme Todd-AO em 70 mm, ou seja, som frontal exclusivamente, com muito pouco acionamento do canal surround. A qualidade do som no disco é de ótima qualidade!

O filme

Os Aventureiros do Ouro é um filme alegre e divertido. Segundo consta, os originais do teatro sofreram modificações no enredo e também na partitura e músicas, com a colaboração de André Previn. Na abertura do filme ouve-se a música introdutória com imagens, acompanhada por um magnífico coral.

 

A trama focaliza o chamado “período do ouro”, ocorrido na California, onde um garimpeiro (Lee Marvin) encontra ouro ao cavar a cova do irmão do seu futuro “parceiro” (Clint Eastwood), e o convida para uma suspeita sociedade.

O trio Elizabeth (Jean Seberg), arrebatada em leilão, Ben (Marvin) e Pardner (Eastwood) resolvem compartilhar o casamento, já que no vilarejo onde estão nada os proíbe de fazer isso. Mas, o fato em si desperta a inveja dos outros mineiros, que estão vivendo sozinhos, sem uma companhia feminina. E assim a comunidade vota pela “importação” de mulheres para satisfazer os anseios masculinos locais.

A trama em si usa apenas a existência de um vilarejo de mineiros como referência, que erguem uma cidade improvisada, que nem nome formal tem (“No Name City”). No filme, há uma clara alusão a lendas que a literatura conta a respeito da prospecção do ouro e da existência de cidades do oeste norte-americano no século 19, que cresceram sem lei e sem ordem, e nas quais os níveis de prostituição e doenças venéreas eram altíssimos.

Só que na estória dos Aventureiros há uma crítica implícita de mostrar como exitosa a anarquia resultante daquela cidade, com imigrantes que buscavam ouro e liberdade, como o formato ideal de convivência. Neste ambiente, as formalidades são deixadas de lado, e todo mundo aproveita o que pode. A estória não deixa de ser uma espécie de repúdio à civilização com lei e ordem, as quais supostamente impedem as pessoas de serem felizes.

O filme de Joshua Logan mostra logo no início enquadramentos típicos do Todd-AO para tela curva, embora o filme tivesse sido rodado com película 35 mm, e apresentado em telas de 70 mm convencionais. Não obstante, o filme roda em aproximadamente 2 horas e 44 minutos, com o tradicional Intervalo. As orquestrações da trilha sonora ficaram a cargo do maestro Nelson Riddle.

No elenco, algumas surpresas: até então, eu nunca tinha visto Lee Marvin e nem Clint Eastwood cantando em filmes. Aliás, anos antes, por coincidência, Lee Marvin havia feito uma comédia chamada Cat Ballou, também em ambiente de faroeste. Os dois atores fazem seus próprios vocais. Já Jean Seberg foi dublada pela também atriz e cantora Anita Gordon.

Jean Seberg foi um dos rostos mais bonitos e fotogênicos que eu já vi nas telas de cinema. Infelizmente, a sua vida pessoal foi cercada de problemas, e se não fosse isso teria sido uma promissora atriz, já com presença inclusive no cinema europeu, particularmente na Nouvelle Vague. A sua morte, aos 40 anos de idade, ainda hoje traz dúvidas se ele cometeu suicídio ou foi assassinada.

Um outro destaque no filme foi o da presença de Harve Presnell, ator e cantor que chegou tarde na MGM para fazer apenas um filme musical. A sua bela voz de barítono bem que poderia suceder à de Howard Keel, também barítono da MGM. No filme de Logan, ele canta em solo uma das canções.

Os Aventureiros do Ouro, apesar de longo, é mesmo um filme alegre, divertido, e leve, apesar da duração. O ator Alan Dexter é impagável no papel do pastor moralista, que condena as libertinagens da cidade sem nome!

Para mim, o filme relembra os meus bons momentos no Cinema Leblon. Eu ainda tenho a versão em DVD Paramount, a qual, como este novo disco, nunca foi lançada no Brasil. Quem quiser adquirir uma cópia do Blu-Ray 4K, vai ter que sofrer para importar. [Webinsider]

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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