Na divergência, para onde vai a nossa criatividade?

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A discussão política que tomou conta do país, inflamada pela ocorrência do segundo turno das eleições presidenciais, demonstra claramente que, quando a emoção aflora de forma descontrolada, uma das nossas mais obscuras faces também vem à reboque: a intolerância.

Entre o posicionamento e a defesa das nossas ideias e convicções e o rótulo que colamos naqueles dos quais divergimos, existe um grande espaço a ser preenchido de forma inteligente e madura, e que precisa ser reconhecido.

Uma das maiores – e mais utópicas, concordo – buscas da civilidade é a da convivência inteligente entre as ideias. Ideias são e precisam ser plurais, assegurando a diversidade positiva e fortalecendo convicções construtivas. O choque entre elas, as ideias, será sempre inevitável e necessário. É justamente nesse choque que elas se lapidam, se aprimoram, se completam. Quando evoluem, passam até mesmo a compartilhar intersecções criativas, que as potencializam mutuamente.

A tendência tão discutida da co-criação, dos ambientes colaborativos, do pensamento inovador, que é divergente por natureza, tende a se neutralizar quando o oxigênio da tolerância acaba, seja em família, num grupo de amigos, numa empresa e, em escala ampliada, num país.

Nesse panorama, uma bolinha de papel ou uma bexiga cheia de água, arremessados contra aqueles de quem discordamos, é algo menos simples do que muitos gostariam de supor. E mais perigoso e retrógrado do podemos imaginar. Isso significa acreditar que um pensamento divergente do nosso é, automaticamente, um pensamento burro. É uma visão de mundo através das lentes de binóculos invertidos: ao invés de aproximar, afasta e desagrega.

Todos nós temos crenças, que transformamos em filtros pelos quais processamos a realidade. Esse processamento devolvemos na forma de comportamentos e ações. Quando apenas a visão apaixonada prevalece, sem um mínimo componente de racionalidade e de tolerância ao pensamento divergente, temos aí a assombrosa gênese das práticas que sempre nos envergonharam como humanidade, anulando qualquer senso de moral, legalidade e ética.

Nos últimos dois meses, o Brasil se transformou numa briga de torcida. Ou, melhor dizendo, numa Festa de Parintins em versão bizarra e distorcida. De acreditar-se que só existe o vermelho do Garantido ou o azul do Caprichoso, corremos o risco de estar pensando como… bois. A consequência? Sermos conduzidos como gado, por quem quer que empunhe o berrante. [Webinsider]

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Eduardo Zugaib (falecom at eduardozugaib.com.br) é profissional de comunicação, escritor e palestrante motivacional. Sócio-diretor da Z/Training - Treinamento e Desenvolvimento.

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2 respostas

  1. Muito bom, Eduardo!

    Concordo plenamente! E me preocupo com a falta de respeito, não só nas eleições, mas nas relações inter-pessoais, profissionais…

    Como você mesmo disse, opinões diversas são importantes para a busca constante de aprimoramento…

    Que possamos refletir e melhorar, sempre!

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