Uma das áreas do conhecimento mais fascinantes durante o século passado foi a física quântica. O absurdo de um universo não-determinista, onde a lógica não reinava e nada mais era certo, tudo era probabilidade, sendo possível até voltar no tempo…
A física quântica bagunçou a cabeça de muita gente. E até gênios, como Einstein, morreram sem aceitá-la. Para ele, não poderia reinar o caos, afinal “Deus não jogava dados” – e se a física quântica não seguia nenhuma lei, prevalecendo o indeterminismo, era porque não havíamos descoberto direito seu funcionamento (e, não, porque ela era, simplesmente, assim).
O fato é que a física quântica combinou, absurdamente também, com o século XX. Dos relativismos, do vale-tudo na arte e até da correção política. Do pós-modernismo, da “salada” entre alta e baixa cultura, do “nobrow“. Se a humanidade tinha quase acabado durante a Segunda Guerra, e se estávamos reinventando a sociedade na segunda metade do século, a física quântica vinha a calhar, invalidando todas as leis estabelecidas, transformando até a realidade numa ilusão (persistente, mas uma ilusão). Daí para os charlatanismos seria um passo.
Se a Alemanha, um dos ápices da nossa civilização, quase havia nos destruído, a resposta não poderia mais estar na Europa, nem no Ocidente talvez…
A verdadeira sabedoria era agora a oriental, quando o homem moderno (ocidental) só corria atrás do próprio rabo, adotava valores que não eram seus, desperdiçava uma vida inteira… (para concluir que não havia valido a pena…)
Em resumo, abusaram da física quântica para explicar o inexplicável, aceitar o inaceitável e até justificar o injustificável. Assim: quem havia fracassado, poderia se refugiar num “universo paralelo”. Tudo bem: ser um perdedor neste universo, não significava que a pessoa não poderia ser bilionária em outra realidade… Enfim, quem assistiu a Quem Somos Nós? (2005), por exemplo, pode ter saído do cinema com a sensação de que estavam, no mínimo, usurpando a física quântica. (Dizer que ela era probabilística não significava dizer que era milagrosa…)
E eis que surge, neste momento, A Física do Sucesso, livro de Natalie Reid (Nova Era, 2010).
Que pode, à primeira vista, parecer mais um esforço de vender física quântica como se fosse pãozinho quente, mas não é. Para quem não entendeu patavina de Quem Somos Nós?, o volume de menos de 200 páginas é um achado. Em vez de dizer que “qualquer maneira de amor vale a pena”, Reid, doutora em psicologia, usa os conceitos da física quântica para superar traumas, implementar mudanças e seguir adiante.
Pois, uma postura conhecida é aquela de desistir de tudo, afinal o universo vai explodir em alguns bilhões de anos… Outra é a de transformar a física quântica, e suas novas possibilidades, em ferramentas para modificar o que, aparentemente, não tem solução óbvia. No mesmo estilo de Laura Day, a especialista em crises, o livro é cheio de exercícios, mas, se alguém quiser se convencer na livraria, basta se embrenhar nos primeiros capítulos.
Se a física quântica é uma espécie de rebeldia na Física, revolucionando o mundo como o conhecíamos e instaurando quase uma forma de anarquia, A Física do Sucesso quer ajudar os eternos adolescentes a serem bons moços outra vez. [Webinsider]
2 respostas
boa leitura.
bjs,
pra ler