A desilusão 2.0 com as autoridades vigentes

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Mudanças 2.0: o afeto passa a ter uma nova relação de intermediação com figuras paternas.
Nepô, da safra 2011.

Dando aula esta semana na Pós da Facha em Marketing Digital (que, na verdade, é marketing nas empresas digitais, como discutimos na turma) aprofundamos um pouco o cenário atual.

Lembrei de uma conversa, via Facebook, com o Ermio Patrão, na qual ele não acreditava que os acontecimentos do Egito e arredores era apenas fruto de um povo que não tinha informação e agora passava a ter com a Internet.

Concordei com ele.

Vendo o filme Lutero ontem, que é bem revelador de um momento similar ao nosso, me caiu essa ficha de forma bem mais clara.

O modelo de controle informacional é introjetado por nós desde nossa tenra infância. Ele é um dos pilares de nossa subjetividade, identidade.

Aprendemos a respeitar as autoridades, a própria civilização, a partir de um modelo de controle informacional, que se perpetua na escola, na televisão…

Ele define um grau de infantilização, pois eles filtram e nós, limitados, aceitamos algumas “verdades”.

Respeitamos pai, mãe, professor, via uma mídia, com seus padrões, no caso verticais, com um nível de infantilização.

Respeitamos as figuras paternas da sociedade através de um filtro estabelecido que nos assegura que ali há uma “verdade” e passamos a respeitar estas autoridades, por falta de ideias que questionem o que eles dizem.

Passamos a ser “súditos” infantis por que são eles que nos guiam, em função de dado controle.

Obviamente, que há o processo de não respeitar as autoridades, a partir de crescimentos individuais e coletivos localizados aqui e ali.

O que se vive com a Internet é isso, porém, entretanto, todavia, em escala global, em função da mudança da mídia, quando há um descontrole e uma desintermediação geral, ao mesmo tempo.

Estamos vivendo é esse desilusão com as autoridades vigentes em escala macro, em função de uma nova mídia que nos permite questionar juntos, nos conscientizar juntos, nos “desinfantilizarmos” juntos.

E esse salto de qualidade, de amadurecimento, de saída de um estágio mais infantil do nosso ser para outro. Tivemos o mesmo amadurecimento quando a civilização adotou fortemente a leitura (depois de 1450).

Isso nos faz dar um salto coletivo contra as autoridades vigentes.

Queremos novas autoridades, pois não somos mais infantis como éramos na mídia passada, no controle informacional que nos tolhia.

A Internet com suas novas possibilidades de acesso e de expressão nos amadureceu e isso não tem volta.

Tal poder era anteriormente exercido por um intermediador infantilizador que definia, assim, uma taxa de abuso.

Quem está no poder infantiliza para abusar. Exercer seus privilégios o máximo possível sem prestar conta para ninguém.

Quem lê tende a ser menos infantil de quem não lê. Depende menos. Tem mais poder de escolha. Imagina se isso se dá em larga escala, ao mesmo tempo, todo mundo junto, em todos os lugares?

Podemos produzir nossos próprios discursos globais, via redes sociais, fazer textos, áudios, vídeos e termos a possibilidade de sermos escutados.

Reclamar de tudo e ser retuitado…isso é um novo poder para o qual estamos aprendendo a exercer e a sociedade precisará se ajustar para atendê-lo.

Assim, no cerne de todo o movimento que assistimos podemos dizer que há basicamente uma “desinfantilização” da civilização, pois o controle informacional mudou de qualidade para melhor. E nós com ele.

O que nos leva a perceber uma relação entre controle da informação e infantilidade das pessoas.

Por isso o processo é tão difícil, pois todos, incluindo as empresas, têm que ser também mais maduras do que eram.

E convencer com ações que sejam coerentes com nossa nova subjetividade menos infantilizada.

E isso que é o grande salto que nos levará a civilização 2.0 com uma taxa de infantilização menor e, por consequência, com taxa de abuso reduzida, como discutimos neste post passado.

Estamos, portanto, saindo todos juntos da casa de papai e mamãe para um novo mundo informacional com mais opções informacionais e menos infantilização.

Que dizes? [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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2 respostas

  1. excelente post, eu vejo as mudanças provocadas pela internet, como na revolução industrial onde os senhores cafeeiros relutavam em adaptar seus negócios a nova tendências daquelas época, a industrialização. Quem não adaptou faliu.

    as empresas, organizações, governos que ficarem renegando as novas tecnologias não vão ter mais espaços na nova sociedade que esta surgindo.

  2. De fato, a civilização 2.0 põe em xeque as estruturas do poder. A questão é que as empresas e demais organizações ainda se ressentem da falta de um solo menos instável para pisar. De certa forma, renegam ao máximo esta nova realidade – quase que incontrolável – no afã de perpetuar as trevas da indústria cultural, que até então lhe garantiam o direito ao abuso.

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