Tenho observado em minha caminhada, por experiência própria e relatos de outros profissionais, que muitas vezes o cliente abusa da polivalência e boa vontade do prestador de serviços, em ganho próprio.
E com o jeitinho brasileiro tenta convencê-lo a adicionar mais um ou vários itens em sua proposta de serviço pelo mesmo preço.
O cliente na maioria das vezes não se preocupa se você tem horário ou não para atendê-lo e quer um atendimento rápido e imediato sem cogitar valores. Quando se coloca o valor para tal, você percebe que não existia a urgência informada.
No processo que vamos relatar agora, você pode pensar que o cliente está completamente errado em suas atitudes.
Não, ele não está errado. Errado estamos nós fornecedores e prestadores de serviços em tentar agradá-lo de todas as formas possíveis para fidelizá-lo.
Recentemente vivi uma experiência um tanto desagradável. Um cliente, que há um tempo já havia trazido problemas, me procurou solicitando um serviço. Enviei a proposta, que de pronto foi aprovada.
Executei todo o processo proposto e no dia da entrega, conversa vai conversa vem, o cliente comenta que naquele trabalho faria uma alteração (onde não seria possível).
Na mais completa boa vontade, falei que não seria viável, mas poderia estudar uma possibilidade; eu não a conhecia e seria necessário confirmar a viabilidade ou não, o que não atrapalharia em nada o desenvolvimento de seu projeto. E assim se fez.
Em poucos dias recebo um contato perguntando sobre tal possibilidade. Informei que até aquele momento não havia encontrado solução, mas caso encontrasse o informaria.
Dias depois começaram as reclamações com uma terceira pessoa, cheias de afirmações e promessas que não fiz. Procurei esclarecer os fatos com o cliente, relatei tudo o que havia proposto e cumprido e ele, insatisfeito, disse como cliente nunca poderia ser questionado, pois eu o havia enrolado e ele procuraria outro profissional.
Sim, é melhor encerrar o atendimento a clientes que são reincidentes em problemas. Mas pensando na situação, faço seguinte pergunta: o erro foi dele ou meu?
Meu! Sem dúvidas, apesar de me propor a ajudar além do que foi aprovado e tentar ser prestativo de todas formas.
O que fazer para que não mais ocorram problemas como este?
1. Limite a liberdade. Quanto maior a liberdade, maior a possibilidade de ocorrer problemas e menor as chances de dizer não.
2. Limite os horários de atendimento. O cliente quando percebe que você está sempre disponível, se você não puder atendê-lo numa segunda ou terceira tentativa, reclamará com você que você não o atende como antes.
3. Coloque preço em todos os trabalhos. Por menor que ele seja, caso contrário aquele “favorzinho” sempre será solicitado e quando resolver cobrar terá mais problemas.
4. Avalie os fatores variáveis. Considere o tempo, os custos e as possibilidades de erros ou possíveis problemas que possam ocorrer no desenvolvimento do projeto.
Não importa de quem seja a responsabilidade do problema, principalmente se for do cliente, ela será sempre sua. Não contando com isso alguns projetos podem sair mais caros do que se imagina e ao final você não teve o gosto de desfrutar de seu ganho.
5. Clientes difíceis. E por último, bons profissionais com o tempo aprendem a identificar clientes “problemáticos”.
Nestes casos é melhor abrir mão de um projeto que, mesmo por um bom valor, ao final vai levar à perda de tempo e dinheiro e causar desgaste. Muitas vezes outro cliente pode compensar a oportunidade descartada. Neste caso acredite na tese: “você não perdeu um cliente, deixou de ganhar um problema”.
É importante ressaltar que todo trabalho tem seu valor e que este valor não é apenas monetário mas sim de posicionamento perante o cliente.
E tenha certeza ele perceberá isso. [Webinsider]
Juliano Alvarenga
Juliano Alvarenga é publicitário e sócio proprietário da Imix Comunicação. Twitter: @jualvarenga.
3 respostas
Concordo com o Miguel. Em alguns casos, vender algo intangível gera expectativas diferentes. Muitas vezes o cliente nem está agindo de má fé, para ganhar mais por menos. Ele teve uma ideia equivocada do que seria o projeto, mesmo concordando com sua explicação. Só não é possível deixar de dar limites ao que se pede de extra.
Excelente artigo Juliano.
comigo acontece isso direto, prestação de serviço é muito complicado, ainda em desenvolvimento de algum projeto publicitário, onde o cliente tem uma expectativa e vc outra visão, pior você só irá saber o que ele quer quando materializa o serviço e vem aquela afirmação, não é isso que eu quero..
Educando seus clientes