1. A Internet forma um conjunto de tecnologias de informação e comunicação integradas, surgidas no final do século passado, que inaugura uma nova ecologia informacional na sociedade. Tivemos algo similar com a chegada da fala, da escrita e da escrita impressa;
2. A passagem de uma ecologia informacional para outra pode ser considerada uma revolução da informação e da comunicação. No passado tal fenômeno macro-histórico, com a chegada do papel impresso, passou por quatro fases distintas:
- difusão e massificação da tecnologia,
- surto filosófico,
- revoluções sociais e, por fim,
- consolidação.
Estamos agora ainda na fase 1, nos cinco primeiros minutos do primeiro tempo;
3. Revoluções nestes dois campos são fenômenos raros na sociedade, tendo outro similar ocorrido há 500 anos com a chegada do papel impresso na Europa e têm como característica principal a descentralização da informação e da comunicação (o que não ocorreu com a chegada do rádio ou da tevê), impactando fortemente na forma de estruturação do poder, com variações nas diferentes regiões do globo;
4. Tais revoluções, apesar de serem iniciadas com fenômenos tecnológicos, têm forte impacto na maneira em que a sociedade se organiza, criando condições sociais para um longo processo de mudanças culturais e filosóficas, alterando a forma que pensamos o mundo e gerimos a sociedade. Tantas alterações que pode-se afirmar que inauguramos uma nova civilização, a partir desse fenômeno;
5. Há fortes indícios que a Internet e suas consequências sejam motivadas pelo acentuado aumento da população ocorrido nos últimos 200 anos, quando passamos de 1 para 7 bilhões de habitantes, o que obriga a toda a sociedade a rever seus modelos de gestão, onde se inclui principalmente a forma de exercer o poder na políticas, nas empresas, nas escolas, etc;
6. O novo ambiente informacional permite, de forma mais dinâmica, em função das novas e mais complexas demandas, resolver problemas produtivos, de informação, comunicação e de gestão social de forma menos burocrática, restabelecendo novas formas de trabalho mais colaborativas, que são mais econômicas e competitivas do que as anteriores e, por isso, tendem a ser adotadas em larga escala, apesar as resistências culturais vistas hoje em dia;
7. Todas as instituições da sociedade passam a ser influenciadas pelo novo ambiente informacional, tendendo à descentralização de poder, revisão de processos e procura de novas formas de gestão mais inovadoras e ágeis. São mudanças estratégicas de longo prazo. Para isso, alguns pilares conceituais começam a ser revistos, tais como: trabalho versus colaboração; lucro versus motivação; democracia atual x novo tipo de democracia;
8. A chegada desse novo ambiente informacional, entretanto, induz quase que naturalmente mudanças estruturais de gestão, pela nova forma de comunicação e informação, mas não garante que elas ocorram de forma mais humana, reduzindo sofrimentos, o que depende dos esforços que podem ser feitos por movimentos sociais e espirituais, certamente utilizando esse novo ambiente de troca;
9. Mudanças em ecologias informacionais alteram a forma de funcionamento do cérebro de forma irreversível, tendo aspectos que reduzem e outros que ampliam sofrimentos humanos, no que podemos chamar de inevolução, parte resolve problemas, parte cria;
10. A nova ecologia informacional por ser fenômeno raro e incomum questiona de forma radical nossas teorias sobre a sociedade, principalmente, a influência da demografia e a relação desta com a informação, comunicação e mudanças sociais.
Assim, para compreender o fenômeno é preciso recorrer à filosofia e história, que ajudam a superar crises desse tipo. Tal fato exige de todos nós grandeza de espírito, abertura ao novo, aprofundamento teórico e criação de espaços de diálogo aberto para superar de forma coletiva as dificuldades que já temos e teremos para participar e influenciar nesse processo irreversível.
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Carlos Nepomuceno
Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.
2 respostas
Grande Nepô!
Excelentes colocações!
Realmente é uma fase de transição em que ainda não sabemos para que lado vão as coisas, mas já sabemos que tudo está mudando.
Meu desejo é que a humanidade reconheça esse consumismo desenfreado – e mude o hábito – para podermos continuar tendo essa experiência nesse belo planeta.
Eu já desliguei a TV e sou bastante seletivo no conteúdo online. E os leitores do Webinsider? E você?
Abração diretamente do sul.
=)
Lucas Selbach
Creio que os acontecimentos históricos dessa magnitude surgem de necessidades extremas da humanidades, necessidades muitas vezes invisíveis e, de certa forma, indivisíveis. Elas trazem consigo o reflexo do inexorável Caminhar-Humano, juntamente com algo novo que na verdade é o processo que temos que passar para aceitar e nos adaptar a esse novo contexto universal. Pra mim, mesmo medindo de forma proporcional para cada época, a internet é a maior “coisa” que a humanidade já criou. Todo nosso conhecimento está nela, tudo se encontra nela, nós somos ela. Muito bom esse texto, parabens Carlos.