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Estamos tão fascinados com o que encontramos, vemos e compartilhamos dentro do ciberespaço que é difícil imaginar que 90% da internet é invisível. De certa forma assemelha-se ao céu noturno, o qual sempre nos deixa fascinado pelo brilho das estrelas, mas é composto por cerca de 10 vezes mais matéria escura do que matéria visível.

Para os astrofísicos, esta matéria que os olhos não podem ver é um mistério ainda não muito bem esclarecido. Quando fazemos uma busca qualquer no Google, a primeira página de resultados é, teoricamente, aquilo que existe de mais interessante, mas não podemos afirmar isto com certeza.

O algoritmo de busca do Google (o bom e velho Pagerank ) com seus crawlers ou Googlebots é quem decide isto. Critérios de classificação ajudam mais esconder do que revelar, afinal quem decide o que é bom e o que é ruim?

Algo semelhante acontece na web social. Primeiro, você somente pode ver quem se apresenta para entrar numa das redes sociais (por exemplo no Orkut ou Facebook). Se não tenho perfil, não existo.

Segundo, somente podemos encontrar quem envia mensagens, publica fotos ou comentários dentro de formatos pré-definidos. Se outros formatos forem usados não será encontrado. O que não quer dizer que o mesmo não exista, assim como seu autor.

É fato que milhões (ou melhor bilhões) de pessoas estão do lado de fora deste pequeno quadrante do universo digital, fazendo parte da “matéria escura”.

Se voltarmos nosso olhar para esta grande área do ciberespaço ainda desconhecida, vamos encontrar uma comunidade que merece ser estudada com cuidado, porque possui paradigmas e ideais bem diferentes: o movimento hacker politizado.

Algo que habita o imaginário ciberpunk, os hackers sempre estiveram associados a jovens nerds que desafiam protocolos de segurança de grandes corporações, invadindo servidores e sistemas, roubando informações ou transferindo dinheiro de forma ilegal para suas contas. A politização de alguns grupos hackers é resultado de uma necessidade de se mostrar útil para sociedade.

Coincidência ou não, os governos estão hoje fragilizados diante da capacidade de distribuição de informação em formato digital. Em paralelo, está se tornando comum a convocação de protestos e passeatas por meio de SMSs ou mensagens postadas em canais tais como o Twitter ou Facebook. De fato, as redes sociais invisíveis ganham forma, força e poder, sendo capazes de mudar a realidade política de um país.

Anonymous

Nos últimos anos, o grupo Anonymous vem realizando diferentes “operações”, contra grandes grupos empresariais e entidades do governo britânico, australiano e mais recentemente contra o governo do Egito, durante os protestos populares que levaram a renúncia de Hosni Mubarak, ditador que estava no poder há quase 30 anos.

Polêmicos, anárquicos e com foco em denúncias e protestos políticos, o grupo vem conquistando a mente e o coração de jovens internautas ao redor do mundo. Os hackers do Anonymous usam ataques de negação de serviço (DDoS) com o objetivo de derrubar sites, revelam informações sobre políticos corruptos e publicam manifestos.

Em recentes protestos na Inglaterra, algumas pessoas apareceram em público dizendo-se membros do grupo Anonymous. Elas usavam máscaras do personagem “V”, da graphic novel “V de Vingança”, que foi transformada em filme em 2006. [Webinsider]
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Avatar de Ricardo Murer

Ricardo Murer é graduado em Ciências da Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital e novas tecnologias. Mantém o Twitter @rdmurer.

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5 respostas

  1. Olá…
    Somente esclarecendo: não somos um grupo e tão pouco somos somente hackers… Anonymous é um ideal de liberdade. Anonymous é um grito de indignação e desespero com o rumo que o NOSSO mundo anda. Se você acha que precisamos mudar algo na nossa política, se você acha que nossos goverantes agem errado, se você acha que sua suposta liberdade está sendo invadida de alguma maneira juntem-se a nós. Informe-se. Quinze de Outubro nos espera. Vamos fazer acontecer.

    O digno nos admira. O corrupto nos teme. O heróico está conosco!

    Somos uma legião.
    Nós não perdoamos.
    Nós não esquecemos.
    Espere por nós!

    Unidos como um. Divididos por Zero!

    http://www.whatis-theplan.org

  2. Parabéns pelo o artigo. Gostei muito!

    É interessante citar que o mundo cibernético já está em guerra, os hackers possuem grupos extremistas que podem derrubar de forma inteligente invadir uma rede de computadores, roubar informações ou até mesmo destruir arquivos.

    Muitos já devem ter lido as notícias sobre esse tipo de ataque (DDoS) aos sites do governo. Então, vou citar algumas soluções que conseguem segurar e analisar tamanha força de invasão.

    Sourcefire 3D Sensors (IPS)
    http://www.clm.com.br/produtos/sourcefire/3d-sensors.htm

    Barracuda Web Application Firewall
    http://www.clm.com.br/recursos/folders/Folder_CLM_Barracuda.pdf

    Abraços

    Paulo

  3. Excelente artigo. Parabéns. Eu só queria agregar que a grande maioria das pessoas é ou será bombardeada cibernéticamente principalmente para gastar mais ou turbinar os page views dos grandes promotores da web.

    Os ignorantes do amanhã são aqueles que não filtrarão o ataque cibernético. Os um pouco mais esclarecidos filtrarão este ataque, e os controladores dos meios de comunicação continuarão ditando as regras. Qualquer semelhança com o que vem ocorrendo e ocorre hoje neste nosso universo de analfabetos iletrados, classe média pensante e controladores da midia, não é pura coincidência.

    Feliz daquele que tiver interesse em algo novo, encontrar conteúdo construtivo e principalmente agregador na web e desconectar-se enquanto põe em prática e se engrandece como pessoa socializada de verdade e não uma extensão de um teclado.

    Quanto mais os dedos tocam a tecla, mais frio o coração fica.

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