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Quando as pessoas pensam em internet ultra–rápida e tecnologia de ponta, os primeiros lugares que surgem em mente são Japão e Estados Unidos. Engana–se, porém, quem acha que apenas nesses dois países é possível encontrar a nata tecnológica que o resto do mundo só conhecerá meses – ou anos – depois.

É na Coréia do Sul onde são fabricados os mais avançados telefones celulares e monitores de cristal líquido e de plasma. Dotada com uma malha de fibra ótica bastante avançada, a internet na Coréia tornou–se algo tão intrínseco à população que, sem ela, o país simplesmente pára no tempo. Exagero? Basta dizer que 80% de todas as conexões coreanas são em banda larga, até mesmo na área rural.

A República da Coréia, ou simplesmente Coréia do Sul, é um paradoxo da tecnologia. Ao mesmo tempo em que o país é o mais avançado do mundo em telefonia celular, monitores e telas de todos os tipos, outros tipos de equipamentos eletrônicos e de informática não são de última geração. Os computadores estão toda parte e de fácil acesso, desde a capital (Seul) até as áreas rurais do país, mas, do ponto de vista técnico, não são máquinas tão avançadas como as que existem no Japão ou Estados Unidos, por exemplo.

A explicação é simples: mesmo com tanta tecnologia e inovação, o governo coreano é protecionista. A Coréia não importa, em grande quantidade, os produtos fabricados em outros países se houver alternativas fabricadas localmente. Motivo pelo qual é difícil encontrar os últimos lançamentos de informática, mesmo nos centros especializados em eletrônicos. O mesmo vale para câmeras digitais e palmtops – este últimos são bem populares apenas na plataforma Pocket PC, não como agendas, e sim como integradores de GPS (posicionamento por satélite) para serem usados dentro do carro como um mapa, com roteiros para o motorista verificar, em tempo real, enquanto dirige.

Duas empresas bem conhecidas dos brasileiros – Samsung e LG Electronics – são coreanas. É de lá que saem os monitores de computador com mais credibilidade e qualidade, além de uma série de outros produtos: telefones, geladeiras, aparelhos de som, memórias etc. O telefone celular é quase uma extensão do braço dos coreanos, com direito até a camelôs especializados em celulares no meio da rua.

Há aparelhos, mais avançados do que muitos dos utilizados aqui no Brasil, que são vendidos por 5 a 10 dólares (menos de R$ 30) em lojas. Modelos mais avançados, com câmeras de alta qualidade e telas para transmissão de vídeos, sequer ultrapassam a marca dos 100 dólares (270 reais, em média) enquanto, por aqui, o preço é facilmente superior a R$ 1.000 e com bem menos recursos. A rede de telefonia celular do país não é GSM, mas toda em CDMA1x, que no Brasil é operado apenas pela operadora Vivo.

Na internet banda larga, enquanto hoje os usuários domésticos no Brasil podem, finalmente, usufruir de uma velocidade de 1 Mbps (1000 kbps) pagando uma pequena fortuna, a velocidade média da conexão na Coréia é de 10 Mbps a um custo de 35 dólares (R$ 85). Há conexões que ultrapassam, facilmente, os 20 Mbps e chegam até a 100 Mbps.

Desde as pousadas mais baratas até os grandes centros comerciais, passando pelas lojas em qualquer mercado, não é difícil encontrar pessoas com notebook debaixo do braço, andando em pleno mercadão de frutas. Basta plugar o cabo de rede na parede de alguma loja e pronto: você está online e em alta velocidade.

Não é à toa que, de acordo com dados do governo e de institutos de tecnologia coreanos, 80% das conexões são em banda larga. Para se ter uma idéia melhor, basta dizer que a população do país é de 48 milhões de pessoas (estimativa de julho/2005), das quais 40 milhões estão online. No Brasil, a taxa de acesso banda larga não ultrapassa 7%, segundo dados levantados pelo Teleco, especializado em telecomunicações, a partir das pesquisas do Ibope/Netratings.

Investimentos no Brasil estão crescendo

Enquanto os países desenvolvidos correm em direção a Ásia, principalmente para a China, os países vizinhos e menores – Coréia do Sul, Taiwan, Tailândia, entre outros – estão de olhos bem abertos ao mercado brasileiro.

As relações comerciais para produtos de tecnologia são cada vez mais afinadas, a começar pela instalação de novas fábricas por aqui. Com isso, em pouco tempo os brasileiros vão poder usar o celular de um jeito bem parecido ao dos coreanos: como um substituto de carteira, documentos e utensílios. Na Coréia, com o mesmo aparelho, você tira fotos em alta resolução (acima de 2 megapixel), transfere dinheiro, usa como cartão de crédito, navega na internet e assiste televisão e filmes baixados na Rede.

A Pantech é uma das empresas a fincar bandeira por aqui. De acordo com o vice–presidente da empresa, Kis Kim, os novos planos da Pantech para o Brasil fazem parte de uma estratégia de alçar a companhia para os primeiros postos do ranking em todo o Ocidente, incluindo–se aí as Américas do Sul e do Norte. “Pela importância estratégica do Brasil, estamos decididos a iniciar a produção, já nos próximos meses e instalar uma fábrica própria no Brasil ainda no próximo ano”, revela Kim.

Biotecnologia, tecnologia aeroespacial, energia nuclear e tecnologia da informação (TI) são apenas algumas das áreas prioritárias para o governo coreano aqui no Brasil, segundo o presidente do Instituto de Avaliação e Planejamento de Ciência e Tecnologia da Coréia (Kistep), Hee–Yol Yu. Inclusive, representantes do Kistep estiveram no Brasil, agora em julho, para participar 1º Simpósio Brasil–Coréia em C&T, onde pesquisadores brasileiros e coreanos discutiram estratégias e novas investidas comerciais.

A política do Kistep é bem simples e a explicação é facilmente compreendida pelas palavras de Hee–Yol Yu, que em recente entrevista ao Jornal da Ciência, disse o mesmo que costuma dizer na Coréia: “as pessoas esperam que a tecnologia vá modificar suas vidas, mas é preciso pensar em políticas que tragam benefícios para a sociedade como um todo. É necessário tornar os cientistas familiarizados com as necessidades do povo”, enfatiza.

E foi justamente assim que a Coréia do Sul, em pouco tempo de investimento e planejamento, tornou–se a potência tecnológica que é hoje – com índice de alfabetização em 98,5% e acesso à internet disponível para quase toda a população. O segredo? Investimentos maciços em educação, ciência e tecnologia. [Webinsider]

Avatar de Paulo Rebêlo

Paulo Rebêlo é diretor da Paradox Zero e editor na Editora Paradoxum. Consultor em tecnologia, estratégias digitais, gestão e políticas públicas.

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5 respostas

  1. Desejo saber se a uol com relação a telefônica que de acorco com a decisão entre a operadora e a presidente: Sra:Dilma; esta disponibilizando
    internet speed banda larga popular 1 mega por um
    preço acessivel para o pessoal de baixa renda.
    Desejo saber se a uol oferece também esse plano
    se por acaso oferecer gostaria de fazer adesão.

  2. Ola, Sr. Paulo Rebêlo.
    Fiquei admirado ao ler esta sua materia,
    sobre as tecnologias e as oportunidades de negocios para o nosso Brasil.
    alen de minha formação na area de tecnologia
    eu tambem tenho uma visão empreendedora da coisa e gostaria de saber se você poderia citar-me alguns fabricantes de equipamentos tais como;
    Monitores,Notebooks,etc…,as marcas de fabricação ainda não conhecidos no Brasil.

    grato.

    Evandro Quintiliano

  3. bom dia, realmente achei muito interessante, sao dados que no brasil e dificiul voçe obter estas informaçoes, e gostaria de parabeniza-los pelo testo, gostaria de saber as possibilidades de ter informaçoes sobre lojas de celulares e equipamentos eletronicos da coreia do sul, ficaria muito grato em receber estas informaçoes, pois estou iniciando este comercio aqui no brasil.

    gratos

    sandro reis

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