Acordei no horário habitual, fiz as mesmas coisas, mas o sol custou a raiar. Não estava nublado, não estava chovendo e nada bloqueava a janela. O sol simplesmente “dormiu” um pouco mais que o normal e incrivelmente me afetou. Parece que fiquei mais triste e desanimado.
Teria de fato a falta do sol esse poder sobre as pessoas? Parece que sim. Sempre que viajo para lugares frios e de dias mais curtos, as pessoas têm uma tendência a valorizar os dias quentes e luminosos de verão.
E assim, afetado pelo Astro Rei, me lembrei de um artigo sobre tempestades solares que li na edição de junho da National Geographic. O termo em si já é muito estranho! Afinal o sol está normalmente relacionado a períodos anteriores ou posteriores a tempestades e não às tempestades em si. Brincadeiras à parte, na ocasião, o artigo me fez refletir sobre o mundo excessivamente tecnológico em que vivemos atualmente.
Não pretendo aqui tratar do artigo em si, mas das possíveis consequências de uma pós-tempestade. Também não quero especular sobre a próxima possível tempestade. Os cientistas que se debrucem sobre o tema. Quero apenas filosofar sobre um mundo sem energia elétrica.
Normalmente relacionamos a energia elétrica à luz. É a primeira coisa que chama nossa atenção quando a energia para de chegar às nossas casas. Tanto assim que descrevemos a falta de energia como “apagão”ou blackout (na sua variação em inglês). Mas as consequências vão muito além da escuridão.
São bombas elétricas levam a água do térreo até as caixas d’água no topo dos edifícios. Nos postos de gasolina, também são responsáveis pelo transporte da gasolina do subsolo até o tanque do seu carro. E falando em carro, é preciso lembrar que não se sabe bem que efeito uma tempestade teria sobre nossos eletro-eletrônicos. E os carros modernos estão cada vez mais parecidos com computadores e eletrodomésticos.
Seguindo a concatenação dos itens acima descritos, chegamos então ao computador com todas as nossas músicas, textos, fotos e dados. Dados bancários. Bancos! Todo nosso dinheiro desaparecerá da noite para o dia? Melhor dizendo, do dia para noite.
O desaparecimento do dinheiro e dos meios eletrônicos de pagamento já seria motivo suficiente para um pandemônio. Pense agora nas pessoas presas em elevadores, caos no trânsito em virtude dos faróis desligados. Aviões em pleno ar em pane elétrica! Navios e submarinos sem o sistema de navegação por GPS. E o maior de todos os temores: vazamento radioativo de usinas nucleares!
Não sou especialista, mas pelo que ando lendo sobre o tema, até mesmo os especialistas divergem sobre as conseqüências de uma tempestade solar aos moldes da que aconteceu em 1858 (Sun’s threats to power grids). Mas suponhamos por um momento que o pior acontecerá e que um instante após a tempestade tudo que depende de energia elétrica simplesmente deixará de funcionar.
O desânimo que o cochilo excessivo do sol me trouxe hoje pela manhã, certamente inspirou esse texto apocalíptico. Em realidade começou me fazendo pensar sobre o excesso de “coisas” que acumulamos e com as quais temos que lidar todos os dias. O mundo moderno às vezes irrita! Em suma, a reflexão habitual de todo adulto repleto de responsabilidades. E provavelmente isso tudo junto produziu o texto.
Então, concluo com a seguinte reflexão. Será que o fim do mundo moderno, movido pela energia elétrica, seria algo de fato tão ruim assim num segundo momento?
Quem sabe só assim tenhamos novamente um pouco de paz longe da insana correria do dia-a-dia. Quem sabe assim a poluição aos poucos desaparecerá e as estrelas reaparecerão no céu. E sem as incríveis máquinas de pensar que em realidade controlam, as pessoas possivelmente entenderão novamente o valor do simples. Quem sabe… [Webinsider]
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Uma resposta
Bom dia Vladimir, bom ler seu texto na manhã de Terça-feira. Vezes ou outra penso na loucura do mundo atual e como estamos dependentes de máquinas. Como estudante de medicina vejo a grande necessidade de alguns equipamentos eletrônicos para salvar vidas, mas percebo a insanidade ao me pegar totalmente dependente do uso de celular, computadores… Certo dia, na correria, deixei meu aparelho celular em casa. Logo pensei que seria uma catástrofe. Nem um pouco. Não fiquei sem acesso aos meus compromissos por estar tudo no iCloud. E só tive vantagens naquele dia. A sensação foi de liberdade, realmente essa. Hoje questiono mais o uso de aparelhos. São bons? São sim, mas existe a necessidade de estar sempre disponível todo o tempo?