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Na luta por negócios, quando vou apresentar institucionalmente a agência digital da qual participo e que dirijo, entre outras coisas, explico que temos quatro unidades operacionais que trabalham de forma remota e compartilhada. (ãhhhmmmm!?!)

Pois é, meio complicado, eu sei. Então, tento simplificar dizendo que desenvolvimento remoto e compartilhado nada mais é do que a construção de projetos a partir de profissionais distantes fisicamente, mas que dividem tarefas de forma organizada em um único ambiente colaborativo.

Digo ainda que temos unidades operacionais integradas e que trabalham dessa forma nas cidades de São Paulo, Porto Alegre, São José dos Campos e Pelotas.

É nesse exato momento que, invariavelmente, alguém com um risinho contido tasca a seguinte pergunta:

Cesar, por que PELOTAS?

Bah, na verdade, eu teria um arsenal de respostas para essa perguntinha capciosa, tipo:

1. Por segurança, é que em Pelotas o CV (Comando Vermelho) é pink!
2. Foi o melhor local que encontramos pra ficar perto de Punta del Este.
3. Noooooooosssa, amiiiga, Pelotas é um luxo!

Mas como não sou louco e ainda preciso muito de bons clientes, depois de passar pela fase de brincar que sou gaúcho e ?espada? e que a opção pela cidade não tem nenhuma relação com a orientação sexual dos sócios, explico que Pelotas é um centro de formação de profissionais nas áreas de design e tecnologia de informação, base da nossa mão de obra.

Informo que lá, a partir de uma relação que estabelecemos com três universidades, estamos trabalhando para construir um centro de excelência para o desenvolvimento de design digital e sistemas web. Temos, em Pelotas, uma relação bacana com a comunidade, nosso turnover tende a zero e nossos profissionais têm um ambiente quase ideal para desenvolver a plenitude das suas potencialidades: trabalham entre pessoas conhecidas, longe das áreas de negócios e muito perto de casa.

Nessa hora, meus interlocutores entendem que nem todas as soluções de comunicação digital que lhes propomos ou entregamos são produzidas na nossa unidade da Vila Olímpia, a Vila do Silício paulistana.

Pelotas, Bangalore, Dalian

Ora, mas por que a surpresa? É exatamente assim com as soluções que esses mesmos clientes compram da Infosys, da IBM ou da HP. Também não é diferente com o computador que eles compram da Dell ou com até com as roupas que eles estão usando.

O mundo globalizado, associado à atual e enorme infra-estrutura tecnológica, encurtou todas as distâncias. As forças do capital há muito tempo transcenderam os limites das cidades, regiões ou países e agora passam a desconsiderar quase naturalmente os limites políticos e geográficos.

Essa é, a propósito, a tese fundamental de que trata Thomas Friedman, premiado colunista do New York Times, no seu best-seller ?O Mundo é Plano?.

Segundo Friedman, nos últimos 15 anos, várias forças de nivelamento (pretensiosamente, o autor chega a enumerar dez, mas genericamente fala de globalização e tecnologia) convergiram criando um ambiente global mediado pela web que viabiliza diversas modalidades de colaboração, notadamente conhecimento e trabalho.

A conclusão do autor é que, a partir desse fenômeno, o mundo deixou de ser redondo, se achatou e ficou plano. E com o achatamento, os pequenos começaram a poder pensar grande. As pequenas empresas podem, agora, pretender adquirir uma visão global. Defende, ainda, que uns 3 bilhões de excluídos, representados pela população da Índia, China, Rússia, Leste europeu, América Latina e Ásia Central, estão tendo oportunidades nesse campo mais nivelado,.

A Índia é o melhor exemplo. A cidade de Bangalore é a vedete do mundo plano. Bangalore ganhou a capa de todas as revistas e é a representante maior da inclusão da Índia como protagonista e não como vítima desse novo mundo tecno-capitalista. Tudo indica que a próxima cidade übermodel do mundo plano será Dalian, na China, cidade que já há alguns anos recebe investimentos vultosos dos principais players de tecnologia.

O que fazemos em Pelotas, num modelo gaúcho-tupiniquim, e com muuuuiiito menos capital, é o mesmo que a Infosys, a IBM ou a HP fazem em Bangalore. Buscamos uma alternativa para desenvolver nossos projetos, no caso, soluções corporativas de comunicação e relacionamento na web, a partir de um centro de excelência e de baixo custo, com muita colaboração de conhecimento e a partir de novos fluxos de trabalho a distância. Como o produto é digital, não precisamos pagar frete nem contratar uma empresa de logística.

Acredito e exercito a tese de que os ganhos de produtividade nunca acontecem apenas pelo advento de uma ?nova tecnologia?, e sim quando essa nova tecnologia se combina com uma nova maneira de produzir, exatamente como pensa também o nosso amigo Friedman.

Por isso, Pelotas, mas se eu tivesse a grana da IBM até poderia ser Bangalore ou Dalian.

Ah…, por fim, para aqueles que, como eu, preferem a realidade ao folclore, gostaria de informar que Pelotas, além de muita gente talentosa para a comunicação digital, tem os melhores doces e as mais belas mulheres deste país. [Webinsider]

Avatar de Cesar Paz

Cesar Paz (cesar@ag2.com.br) é Board President na AG2 Nurun.

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8 respostas

  1. Excelente matéria, César! Particularmente, tenho orgulho de Pelotas e acredito no enorme potencial que a região tem em termos de TI.

    Ramiro.

  2. Eu atualmente faço ciência da computação na UFPel em Pelotas e concordo que a cidade forma muita gente boa nesta área, tanto quanto no design. Belo artigo e concordo com os doces e as mulheres.

  3. Pois é Cesar, eu mesmo verifiquei isso na AG2 e seguindo os passos fora dela, já que desenvolvemos projetos entre Pel/Grande Poa.

    Mais um belo artigo! Só que mesmo sendo portoalegrense, estou me juntando ao Silvio da Matita, discordando do Pink pelotense.

    Abraços
    Joao Abrantes

  4. Excelente artigo Cesar!

    Também passo por algumas situações similares quando negociamos projetos em SP, sou gaúcho e dirijo a catarinense A2C – Internet para Negócios.

    Sucesso Sempre,

    Anderson de Andrade

  5. Grande Cezar!

    Beleza de artigo, só não concordo com a parte do Comando Pink.

    Abraço

    Silvio Castro
    Diretor – Matita Perê

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