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Durante o final dos anos 90, todos os modelos de negócios se sentiram ameaçados pela internet.

Grandes corporações se viram impotentes e acuadas diante das prometidas transformações que a internet causaria no comportamento das pessoas e nas relações de negócios.

Quem não aderisse ao “modelo digital” não sobreviveria mais do que alguns anos, diziam os “bruxos consultores” e a mídia.

A internet representava a morte dos dinossauros da velha economia!

Executivos de empresas multinacionais (high potentials) abriam mão de seus cargos e carreiras para tocar projetos “inovadores” da “nova economia”, como, por exemplo: “namorados.com.br” (sic) ou “valeumacerveja.com.br” (meu Deus… esse eu tirei do baú digital!).

Tudo isso sustentado por alguns rounds de investimento de capital de risco e de capital em risco!

O resultado, todo mundo já sabe: em abril de 2000, aconteceu o “estouro da bolha”, que resultou em um prejuízo global estimado de mais de 1 trilhão de dólares.

A fase da transição

Como diz o ditado: depois da bolha vem a bonança!

Vivemos durante alguns anos uma nova fase. As empresas de “tijolo e cimento” não foram mais tachadas de empresas da “velha economia” e tiveram algum sossego para, com um mínimo de planejamento, construir a base de sua presença internet.

A internet foi o ambiente referencial para facilitar todos os esforços de comunicação, apoiar a distribuição e gestão do conhecimento interno e facilitar o processo transacional de venda de produtos, serviços e compra de insumos.

As empresas “migraram” para o ambiente internet, aumentaram muitas vezes sua competitividade e cresceram. Logicamente, a economia, em escala mundial, cresceu, continua crescendo e agradece.

A fase da aceitação

Era uma vez um mundo onde tudo estava disponível, tudo era muito fácil de ser encontrado e os preços eram ótimos!

Milhões de produtos ficavam disponíveis a poucos cliques pela eficácia e inteligência de robôs de busca com suas taxonomias complexas e filtragem colaborativas.

Tudo num imenso auto-serviço eletrônico, que nos tirava da escassez de produtos e gêneros e nos levava à abundância!

Bem-vindo ao mundo da Cauda Longa!

A Cauda Longa é uma genial tese econômica concebida a partir de observações, por Chris Anderson (editor da revista Wired).

Analisando toda a cadeia de valor do ambiente digital, o cara escreveu um artigo sobre o novo conceito de negócios gerado a partir da democratização da produção e distribuição de conteúdo digital e da ligação da oferta e da demanda por meio da web. O artigo virou um ensaio muito popular e, obviamente, um livro: “A Cauda Longa (The Long Tail) – Do mercado de massa para o mercado de nicho”.

A simplificação da tese diz que já é possível que milhões de produtos de nicho somados possam responder por significativos volumes de venda, desbancando a receita dos poucos produtos de grande sucesso (hits) que até hoje sempre movimentaram a nossa economia.

Só para exemplificarmos com a indústria mais afetada no momento, observem que uma raridade em outras épocas, como “Stan Getz e João Gilberto” (produto de nicho), gravado em 1964, já há muito tempo está disponível a um click, por R$ 33,90, no Submarino, com entrega programada para um dia. Se eu não quiser toda a obra ainda posso comprar uma ou duas faixas desse CD no ITunes ou baixar tudo de graça no Kaaza e escutar no meu iPod. Hoje, nós, literalmente, fazemos nossas escolhas.

Logo, ninguém mais é obrigado a ouvir e por impulso comprar, por exemplo, todo o CD da Ivete Sangalo (produto de sucesso).

Poeeeeiiiiraaaaa! Levantou Poeira!

Conseqüência: a poeira baixou, e entre 2001 e 2005 as vendas totais da indústria da música caíram (só) 25%!!!

A Cauda Longa não é o fim, mas é um enorme pesadelo para a cultura de massa de que você e eu, provavelmente, ainda nos alimentamos!

A diferença do pesadelo do final dos anos 90, fase pré-bolha, é que os protagonistas da Cauda Longa, todos citados no livro, têm musculatura, modelo de receita e uma P… rentabilidade! Logo, estão validados.

O Google é a Cauda Longa da publicidade e passou a atender uma quantidade enorme de negócios (nichos) que não eram atendidos pelas formas tradicionais de venda de propaganda, baseadas em grandes anunciantes, grandes veículos e grandes agências. As receitas do Google já ultrapassaram US$ 5 bi/ano e ninguém se arrisca a dizer qual o limite dos “riquinhos” Larry Page e Sergey Brin.

Os blogs são a Cauda Longa da indústria de notícias, já convivemos com uma geração que cresce com a expectativa de acessar notícia de graça, a qualquer momento e sobre qualquer assunto. A circulação dos jornais segue em queda livre e os blogs vão se estabelecendo em clientes da grande mídia, encaixando-se em milhares de nichos num relacionamento um a um. O resultado é que no ranking dos 90 sites de notícias mais acessados da internet americana, os blogs contam com 11 representantes. O blog Engadget, por exemplo, tem mais audiência na internet que a CBS News!

Se olharmos para o varejo americano, o E-Bay é o melhor exemplo de Cauda Longa. Com venda de 30 milhões de itens por dia e volume de vendas muito próximo do Wal-Mart, o E-Bay, em menos de 10 anos, já é um gigante do varejo no planeta Terra. Tudo isso sem prateleiras e intermediando pessoas que sequer são varejistas tradicionais.

Logo, depois de muito esperarmos, taí a “Nova Economia”. Com conceito, rentável, inconteste e com uma cauda enorme.

Bom proveito! [Webinsider]

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Avatar de Cesar Paz

Cesar Paz (cesar@ag2.com.br) é Board President na AG2 Nurun.

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6 respostas

  1. Depois da bolha, ficou claro que a nova economia é a aplicação do conhecimento (sem precedentes) ao processo de criação de riqueza.

  2. Nessa nova economia, assim como vemos um novo tipo de capitalistas,baseados na informação e cultura de massa, como seriam identificados os proletariados? Prole do conhecimento?

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