Biotecnologia ajuda na superação dos limites do corpo

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Tivemos recentemente o término dos jogos paraolímpicos, desta vez sediado em Londres e que na sua próxima edição terá como sede, orgulhosamente, a cidade do Rio de Janeiro. Mas o que tal evento esportivo pode fazer com que tenhamos a pretensão de relacioná-lo com a tecnologia? Ora, grande parte de todas as palavras que são ditas o tempo todo em qualquer mídia a respeito deste evento tem conexão direta com a tecnologia.

A palavra “superação” não poderia encontrar campo melhor para torná-la tão evidente, inclusive, fazendo com que o ganho de uma medalha pudesse ser questionado, fato alardeado pela mídia, da objeção feita por um atleta sul-africano em relação ao competidor brasileiro e a construção de sua prótese, alegando que o segundo tenha conquistado a medalha não por sua capacidade física, mas sim pela aplicação, ou ajustes quaisquer, em sua prótese.

Claro que assuntos como esse servem como pano de fundo para fundamentar o nosso argumento, principalmente questões controversas, nos dando um novo olhar a respeito de uma questão. Não há situação melhor do que verificarmos na prática algo que na cabeça de muitos possa surgir num futuro muito distante, sendo que já temos como vislumbrar hoje algo que muitos só conseguem enxergar no horizonte, e muitas vezes, bem distante.

Com o rápido desenvolvimento da tecnologia, o corpo humano pode experimentar recursos que não eram vistos no passado. Na medicina, principalmente, temos aparelhos tais como marca-passos e próteses e graças ao desenvolvimento desta ciência, o homem tem sido curado de males que até pouco tempo atrás eram incuráveis.

A genética é uma ciência para o humano, assim como a computação é para a informática, para a programação de computadores em geral, para a análise de sistemas e engenharia de hardware e software. Fazendo uma analogia com as máquinas, os cinco sentidos do ser humano são as interfaces, elementos básicos de input e output, assim como o teclado, o mouse, impressoras, scanners, são para o computador.

Com relação ao desenvolvimento tecnológico e o surgimento das próteses, sejam elas mecânicas ou biônicas, podemos perceber que o desenvolvimento desta tecnologia garante a reinserção desses indivíduos do contexto em que muitas vezes eles são retirados, como o mercado de trabalho, os esportes e até uma vida social intensa.

As próteses mecânicas, largamente utilizadas e que são as mais conhecidas, inclusive utilizadas pelos atletas paraolímpicos, permitem que uma pessoa que tenha uma perna amputada, por exemplo, volte a caminhar, readquirindo a sua capacidade motora, mas com uma série de limitações, e que, no entanto, facilitam o movimento, ou seja, garantem a funcionalidade que é direcionada ao membro ausente, substituído por uma prótese, mas sem algumas funções as quais o membro faltante executaria caso estivesse presente, já que o funcionamento de todo o nosso corpo é comandado através do cérebro, estimulando as partes necessárias de um membro do corpo para a execução de uma tarefa. Essas próteses não possuem muita semelhança com o membro ausente, a preocupação está muito mais próxima da funcionalidade do que questões estéticas. Pela preocupação na função motora, ela também não possui atributos que possam caracterizá-la como detentora de funções mais inteligentes.

Mesmo com algumas limitações, podemos perceber que as próteses mecânicas facilitam a vida de uma pessoa que sofreu algum tipo de trauma, basta verificarmos a quantidade de tarefas que um atleta paraolímpico que possui uma prótese consegue executar.

Já no caso das próteses biônicas, estas mais próximas do nosso imaginário através do que assistimos em filmes de ficção científica ou mesmo na literatura ciborgue, dão ao indivíduo amputado uma prótese que se assemelha muito ao membro perdido, garantindo funções que até superam o que o membro natural, de carne e osso, poderia fazer. No caso da prótese biônica, esta possui mais inteligência do que a prótese mecânica, já que é inserida uma série de elementos que não estão presentes na prótese mecânica, como por exemplo, sensores inteligentes que são capazes de medir a pressão que o indivíduo exerce sobre a prótese e calcular o quanto esta deve se mover. Estas próteses, na verdade, são ligadas ao corpo humano para lhes dar a mesma característica que o membro perdido possuía e, em alguns casos, até superiores ao membro orgânico, já que a prótese é construída a partir de elementos capazes de suportar o calor, água e outros itens que podem torná-la num membro superior aos nossos.

Neste cenário temos até a possibilidade de encontrarmos “peças de reposição” facilmente, já que isso fará surgir uma indústria que produza esses elementos em larga escala, além de aditivos, componentes lubrificantes de peças, parafusos e microprocessadores. Assim, a palavra superação significa que tais componentes fabricados pelos próprios homens poderão ser melhores do que os membros orgânicos que possuímos.

A percepção em relação ao contexto que estamos descrevendo é tão intensa que podemos localizar alguns casos de pessoas que perderam alguma capacidade motora em um membro qualquer e, sem que vissem a possibilidade de reabilitação deste membro, solicitassem a sua amputação e, consequentemente, a substituição por uma prótese e que poderia trazer melhores resultados do que uma mão defeituosa sem capacidade de uma rápida reabilitação.

Com tantos aparatos tecnológicos que temos hoje à nossa disposição, mas que não estão inseridos no corpo, diversos fatores que até então nos limitava no passado foram superados, portanto, o que podemos dizer sobre equipamentos tecnológicos que são “anexados” em nosso corpo, seja para substituir algum atributo “defeituoso”, caso do marca-passo ou para substituir algum membro perdido, como no caso das próteses? A tecnologia vem para nos ajudar a superar aquilo que nos limitava como ser humano e que hoje caminha para a construção de um homem híbrido, junção de elementos orgânicos corpóreos com aparatos tecnológicos feitos a base de ferro, plástico e silício.

O exemplo das paraolimpíadas serve para ilustrar, de fato, que a realidade do avanço tecnológico está muito mais próxima de nós do que imaginamos e nos tira do campo da divagação tecnológica a respeito dos gadgets, por exemplo, trazendo a tecnologia e seus avanços para dentro de nós, permitindo a construção de um ser que supera tudo o que conhecíamos no passado para vislumbrarmos a realidade do homem pós-moderno. E esta realidade, as paraolimpíadas já nos tem mostrado há muito tempo. [Webinsider]

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Gabriel Perazzo é analista de redes da CYLK.

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