Há exatamente dois anos, no final de 2010, o Brasil comemorava a marca histórica de 200 milhões de celulares, número maior que a população brasileira. Se por um lado as pessoas, em sua maioria, tiveram acesso a um produto até então tido como exclusivo e para poucos, por outro, assistimos os índices de qualidade dos serviços de telefonia móvel despencarem em grandeza diretamente proporcional ao amplo feito da Universalização do Serviço Móvel Pessoal, nomenclatura técnica atribuída pela Anatel ao serviço.
Revelados recentemente, uma das principais razões para os problemas de qualidade é o baixo nível de investimento em infraestrutura, que não acompanhou o crescimento exponencial do número de linhas e serviços ofertados – notadamente na internet em banda larga – em um espaço tão curto de tempo.
A infraestrutura a que me refiro, é um conjunto complexo de sistemas de TI, como equipamentos, torres e antenas que permitem o funcionamento dos pacotes de serviços vendidos pelas operadoras. Esse investimento, de alto valor, deveria evoluir concomitantemente com o número de usuários do sistema, mas não aconteceu. Fato que criou a “bolha da telefonia móvel no Brasil”.
Hoje, por conta dos grandes eventos esportivos que se aproximam, anunciam a tecnologia 4G como a solução de todos os males. Em verdade, o serviço 4G permitirá uma grande expansão das redes das operadoras, permitindo que mais pontos de acessos erb’s – estações rádio base – estejam disponíveis aos usuários do sistema.
Outra grande vantagem do método 4G é a possibilidade da adoção de pequenas erb’s, chamadas de “small cells”, que são equipamentos que ampliam a área de cobertura do sinal da operadora, permitindo que o sistema seja reforçado em ambientes indoor e outdoor, com grande concentração de usuários como em Shopping Centers, estádios de futebol, praças públicas, etc.
Além isso, as erb’s 4G, são dotadas com tecnologia wi-fi e podem ser configuradas dependendo da viabilidade técnica, de modo a permitir que o usuário obtenha o sinal em uma área antes descoberta, garantindo maior flexibilidade para se desenhar arquiteturas de rede, que possibilitem maior número de acesso aos clientes last mile.
Não obstante, todas as vantagens e facilidades acima expostas para que o serviço de fato melhore, faz-se necessário maior controle e fiscalização por parte dos órgãos competentes em face das operadoras. Uma vez que os problemas hoje existentes são ocorridos pela falta de investimentos no dimensionamento, planejamento e manutenção do sistema, que explicitamente está projetado para fazer “billing” – faturar – e exportar dividendos aos acionistas estrangeiros. Enquanto essa política prevalecer, não haverá tecnologia capaz de reverter este cenário. [Webinsider]
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Dane Avanzi
Dane Avanzi é advogado, empresário de telecomunicações e presidente da Aerbras – Associação das Empresas de Radiocomunicação do Brasil., consultoria especializada em radiocomunicação.