O grampeador que “grampeia” você também

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rfid staples

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Se isso aparecesse no último filme do 007, muita gente diria que o roteirista tinha exagerado. Embutir um transmissor em um grampo de papel?! Mas isso logo vai estar à venda nas melhores casas do ramo…

RFID é um aparelhinho montado usando um chip e uma micro-antena. Ele funciona sem baterias porque é ativado pela energia da transmissão eletromagnética. Ou seja, um transmissor emite um sinal, a antena do aparelho capta e essa energia faz o chip processar a informação e emitir uma mensagem de resposta.

Aqui no Brasil eles já funcionam, por exemplo, no sistema chamado Sem parar, utilizado em alguns pedágios. O equipamento é ativado via rádio quando o carro se aproxima da cancela.

É a tecnologia que deve substituir o código de barras. Os mais baratos custam centavos de dólar. Além de dispensar eletricidade – e, por isso, ter vida útil infinita – o RFID pode armazenar muito mais dados. Com ele, cada produto poderá ter um número de identificação único. Cada caneta Bic, por exemplo. Controlar estoque vai ser muito mais fácil e eficiente. Mas o bichinho tem contra-indicações…

Se voce comprar uma peça de roupa íntima e não tirar a etiqueta, ela vai continuar funcionando. Se você tiver um amante e for com ele/ela a um motel, a informação do produto poderá ficar registrada; a partir daí, é só verificar quem comprou o tal produto para você ser pego.

Enfim, tudo isso para falar da novidade. RFID embutido em um grampo de papel. OK, a idéia é que ele seja usado para você marcar, por exemplo, documentos importantes. Assim vai poder encontrá-los mais facilmente. Mas esse produto, pelo tamanho, lembra muito aqueles transmissores usados por espiões. É só colocar um desses no bolso de alguém para poder seguir essa pessoa sem que ela saiba.

Assustador… [Webinsider]
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Avatar de Juliano Spyer

Juliano Spyer (www.julianospyer.com.br) é mestre pelo programa de antropologia digital da University College London e atua como consultor, pesquisador e palestrante. É autor de Conectado (Zahar, 2007), primeiro livro brasileiro sobre mídia social.

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6 respostas

  1. OI Juliano

    … O papo tá uma loucura só, no bom sentido …

    Alguns pontos do seu primeiro post:

    1. Gadgets emissores e concentradores de informação são sim ameaças de controle social.

    2. Ansiedade pela informação + tecnologia = privacidade de menos. Isso já falamos.

    3. A sociedade precisa evoluir. Certo.

    4. A pergunta é: A flecha do tempo deve cutucar ou atropelar a civilização? Como fazer para educar os bilhões de pessoas quanto às novas ameaças para as quais não há resposta pronta e para as quais nem sequer se prepararam?

    5. Não há mercado consciente sem consumo consciente. Concorda?

    Alguns pontos do seu último post:

    1. midia convencional é 1 para N. Direito de Operar = moeda de troca = concessão governamental (leia-se lobby). Barreira de entrada é capital. A produção e a distribuição são centralizadas. Alimentada por um consumismo passivo, o que fecha o circulo vicioso.

    2. Internet é N para N. Direito de Operar = know-how, letramento e tecnologia (leia-se competência). Barreira de entrada ligada a educação. Conhecimento da nova economia atrai dinheiro da velha. A produção e a distribuição são descentralizadas, por natureza, pelo menos enquanto houver TCP/IP e P2P. Pra funcionar como midia, depende do clique ativo, que leva ao conteúdo desejado. É a escolha que orienta a busca. Assim, elimina-se pelo menos a passividade (pena que também não acabe com o idiotismo cultural por trás de certos interesses).

    3. Sendo otimista, a expectativa é de que uma nova midia possa repercutir lá na frente na nova cidadania, principal vacina anti-centralização. Bingo!

    4. Outro cenário: Lembra, há 8 ou 10 anos, o mercado promissor de provedores? Pois é. Foi canibalizado. Lei do mais forte e tal. As Telecoms entraram comprando as Techies.

    5. Segue meu raciocínio. A verdadeira moeda hoje chama-se comunidade. Enquanto as Telecoms continuam na Economia Velha, vendendo hardware e conexão, as Techies entraram vendendo interatividade e multiplicação de talentos. Chupam a cana e deixam o bagaço pras TELEs.

    6. Acho possível uma vingança (não que eu deseje) das Techies prontas para engolir as Telecoms. E, neste caso, a paranóia anti-Micro$oft, ex-vendedora de caixinhas e anti-Google the Giant viria a tona. Até que a comunidade hacker se mobilizasse e o ciclo recomeçasse…

    7. E voltando a privacidade, em escala macro, sinceramente, os zilhões de terabytes desconexos de informação armazenados nos caches da vida, que crescem exponencialmente, pra mim são improcessáveis. Apenas em escalas micro, e mesmo assim para usuários que dão informações espontâneas.

    8. Eu pergunto: O registro não espontâneo se dá por IP? E quando chegar o IP6V, zera e começa tudo de novo?

    … Well, não sei se terei fôlego para mais posts aqui. Semana que vem entro na maratona para migrar o Nova Sinapse para domínio próprio 🙂 …

    Abç
    Alexandre

  2. Alexandre, fiquei com a impressão de ter pegado o bonde andando; de voce ter despejado informação condensada de muitas outras conversas e leituras suas no espaço pequeno.

    De toda forma, concordo com você em relação à aposta na mídia descentralizada. E aproveito para levantar uma questão: até quando ela será descentralizada? Será que é da natureza da internet não ter dono ou em algum momento, ela será incorporada e se tornará mídia tradicional.

    veja, por exemplo, que nos 25 anos entre o rádio ser inventado e ele ser absorvido pela indústria da informação, qualquer pessoa podia transmitir o que quisesse. depois isso se tornou propriedade do estado que vende pelo melhor preço. voce sabe quantos deputados e senadores recebem concessões para abrir emissoras. será que a internet vai seguir esse caminho?

    (fique à vontade para voltar ao tema original desta discussão. como eu não entendi direito o seu comentário, segui para um assunto vizinho.)

  3. Oi Juliano

    Mais alguns pitacos.

    A pergunta que não quer calar: Em plena Sociedade da Informação (ok, mais para uns que para outros), privacidade ainda é só um direito, que muitos nem valorizam, ou já podemos considerá-la um privilégio?

    O problema de toda tecnologia são as ideologias por detrás. Daí porque é importante saber quem ganha e quem perde. Afinal, não se pode questionar que o mantra da Soc.Info venha da indústria de TI, em primeiro lugar. Mas da exclusão digital ninguém quer falar. Os governos que se virem…

    Decisões políticas são tomadas em gabinetes, na boca miúda. Desde que inventaram o voto secreto, neguinho faz o que quer. Parlamentares tem acessoria técnica? Tem, se solicitarem. Mas o que impera é o lobismo, os interesse particulares, a burucracia e o toma-la-dá-cá. Eu moro em Brasília, né!

    O Adriano fala da auto-regulamentação. Mas compara com o Mercado de Propaganda, mais maduro. Tem auto-regulação? Tem. Mas o que acontece na prática? Bombardeio consumista, baseado em todo tipo de apelação, sedução. É o vale-tudo.

    E adianta mudar de canal? Não, é tudo igual. É um problema de privacidade tb, porque é o que entra na minha casa… Com a TV Digital, você vai ter que se preocupar com seu trafego e tal.

    Acho mais provavel uma solução que venha de uma midia descentralizada, como a Internet, que qualquer solução que venha de midias convencionais, pois Governos e midias jogam no mesmo time, na era da telepolítica.

    Então, como ficamos?

    Abç
    Alexandre

  4. Com certeza a privacidade, como a ?imaginamos? hoje, está acabando e já é muito fácil seguir uma pessoa com as informações disponíveis na Internet e outros sistemas.

    Quem tem tempo e google, consegue descobrir muita coisa sobre qualquer pessoa. O cruzamento de um cartão de fidelidade do supermercado, com o seu cartão de crédito e google já nos trás riscos cada vez maiores de também sermos catalogados por diversos CRMs. Basta passar na Santa Ifigênia/SP para o seu celular ser ?bombardeado?com ofertas e promoções imperdíveis das lojas em frente.

    O que fazer? Ao invés de barrar a tecnologia que é útil e promissora, devemos trabalhar um outro lado nosso ainda esquecido na humanidade, a ética e a auto-regulamentação. Temos como exemplo as diretivas da comunidade européia para uso de dados pessoais, sabendo usar as barreiras do ?certo ou errado? todos nós iremos ganhar.

    O uso de uma RFID ou número único de identificação será benéfico para a maioria dos casos melhorará a nossa qualidade de vida. Porém … lembrem-se de retirar as etiquetas para fazer coisas erradas!

  5. poize, alexandre. veja que coisa. eu mesmo escrevi o artigo mas outro dia, pensando sobre esse assunto, me caiu uma ficha.

    a história da sociedade pode ser a história do confronto entre leviatã e o indivíduo; a competição entre segurança e liberdade, entre estado e cidadão.

    Desde que pessoas estranhas aceitaram viver em aglomerados urbanos, foi necessário criar tecnologias para combater o parasitismo – falo em termos darwinistas, sem preconceito, como uma estratégia de sobrevivência comum na natureza.

    a ficha que caiu foi a seguinte: não dá para viver em sociedade e não querer se preocupar com os carros na hora de atravessar uma rua.

    toda tecnologia tem um preço. disfrutar das vantagens da locomoção usando motor com combustão implica em passar a se preocupar com acidentes de trânsito. e isso vale para tudo, inclusive para o RFID. tem mil vantagens.

    essas inovações produzem coinscientização na medida em que forçam a sociedade se adaptar e lutar contra o fortalecimento excessivo do poder constituído.

  6. Oi Juliano

    Compartilho essas preocupações. RFID, GPS e congêneres tem tudo para se tornar a paranóia digital do século, sobretudo quando se vincula a ansiedade do controle informacional crescente ao igualmente crescente consumismo desenfreado. Ora, soluções muito seguras são necessariamente as que menos tem a oferecer em privacidade…

    Esses dias mesmo meu pai, bom carioca que é, e internauta novato, tendo ouvido o galo cantar sem saber onde, veio me sugerir se seria possível inventar alguma tecnologia para combater os sequestros relâmpagos. Daí disse a ele que só mesmo implantando um chip na testa. Huahuahua

    Dia desses escrevi um post com uma visão humorada sobre a privacidade (ou falta dela). Confere lá o Teste da Privacidade Digital

    Abç
    Alexandre

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