A Amazon e o conceito de uma loja por cliente

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Em 1995, o empresário Jeff Bezos criou um site para vender livros. As entregas eram feitas a domicílio, sem a necessidade de deslocar-se até a loja. Hoje, a empresa de Bezos tornou-se referência mundial em varejo virtual. Segundo o relatório de 2011 destinado aos investidores, a receita da Amazon atingiu US$ 48 bilhões, o que representa quase cinco vezes que todo e-commerce brasileiro movimentou no mesmo período.

Quais fatores garantiram o sucesso desse negócio? Um deles é bem claro: a inovação tecnológica.

Um dos exemplos de inovação é o sistema de recomendações personalizadas: sob o lema “uma loja por cliente”, a Amazon exibe produtos na vitrine baseados no histórico de navegação e compras do usuário. A tecnologia começou a ser usada em 2002, depois de um estudo aprofundado do comportamento geral de quem navega pela webstore.

Para que a recomendação da Amazon influencie na decisão de compra do usuário, é utilizado um sistema de inteligência artificial, que captura as informações, identifica estatisticamente padrões de comportamento e disponibiliza produtos considerados relevantes para cada pessoa. Além de personalizar as recomendações no próprio site, a loja também envia e-mails para cada cliente com as ofertas personalizadas.

O sistema de recomendações é uma parte importante da estratégia de Bezos, já que integra todas as etapas do processo de compra do site. O mecanismo utiliza vários fatores como a quantidade de usuários e visitas, pageviews, e compras para tornar a experiência de comércio online única. A intenção é propiciar um sistema focado no consumidor, em que o próprio tenha acesso constante a produtos recomendados de acordo com o seu perfil de pequenas lojas e grandes varejistas.

Recentemente a Amazon adiou sua entrada no mercado brasileiro, que agora é projetada para 2013. A iminente chegada da gigante do e-commerce impactará os players locais, obrigando-os a oferecer aos seus usuários uma experiência de compra cada vez mais satisfatória, assim minimizando a possível perda de market-share.

Visualizando essa tendência, varejistas online como Saraiva e Nova Pontocom (detentora das lojas Casas Bahia, Ponto Frio e Extra) saíram na frente, adotando sistemas de recomendação personalizada. Ambas oferecem hoje vitrines específicas com ofertas personalizadas aos seus usuários, baseado no histórico de navegação e de compra.

Enquanto a Amazon não aparece no Brasil, o desafio para as lojas virtuais locais é inovar em soluções para encantar os usuários. A disputa de mercado entre a gigante americana e os competidores nacionais trará um efeito saudável para o mercado. Neste cenário, o grande privilegiado será o consumidor, pelo aumento da qualidade dos serviços do comércio eletrônico, e também o setor de TI, que precisará oferecer mais serviços especializados que aumentem a competitividade dos e-commerces nacionais. [Webinsider]

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João Bernartt é mestre em Inteligência Artificial pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e CEO da Chaordic Systems.

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