Onde estão os criativos e os inventores do Brasil?

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O processo de inovação exige a criação de um ambiente fértil para o surgimento de ideias que possam ser realmente tidas como criativas e que gerem registros de patentes com potencial de comercialização. No Brasil, o total de cursos de pós-graduação avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) cresceu 20,8% no Brasil de 2007 a 2010. O setor industrial continua a contribuir para o PIB com cerca de 30% apesar do sofrimento da indústria de transformação com importações e taxa de câmbio desfavorável. Mesmo com essa manifestação de razoável de vitalidade, todas as empresas brasileiras reunidas não conseguiram registrar nem metade do volume da Toyota, que sozinha registrou no mercado internacional mais de mil patentes em 2009.

O Vale do Silício, nos EUA, berço de alguns ícones americanos como HP e Apple, também passa pela discussão do grau de inovação. Europa e Ásia lideram a tecnologia da comunicação móvel. China e Índia são fortes nas pesquisas dos fundamentos das ciências da computação e software, respectivamente. Os analistas americanos indagam se o Vale do Silício está em decadência e se perguntam onde estariam as “garagens” com jovens geniais e empreendedores.

Uma interessante contribuição para essa discussão é a metáfora da “sopa, tigela e o lugar à mesa” criada por David Walker e publicada no Design Management Journal:

A “sopa”, rica em proteínas e vitaminas, pode ser comparada a pequenos grupos com rica mistura de pessoas criativas de diversas áreas do conhecimento. Grande parte da inovação reside na combinação desse conhecimento. Vários são os exemplos: o cristal líquido, hoje comum em equipamentos eletrônicos, foi descoberto casualmente em 1888 pelo botânico Friedrich Reinitzer, na Universidade de Praga, quando pesquisava as propriedades do colesterol. Já a descoberta da estrutura de dupla hélice do DNA, em 1953, por Francis Crick e James Watsonno, na Inglaterra, ocorreu graças às técnicas de análise de cristalografia, vertente não muito próxima da biologia.

Por sua vez a “tigela” é onde essa mistura é aquecida e apurada. Na vida corporativa ou acadêmica, equivaleria ao conjunto de crenças e valores que permitem o relacionamento interpessoal entre especialistas. Essa habilidade é tida como pré-requisito para qualquer um que se nomeie assim, e chave para a interação de conhecimentos. O gerenciamento efetivo de tudo isso deve permitir a interatividade dos conhecimentos e para geração de novas ideias. A “tigela”, onde o ambiente informal prevalece, é o lugar da criação da “garagem” do Vale do Silício. Local onde os títulos acadêmicos não fazem diferença e onde não há placas com nomes nas portas dos escritórios e nas vagas de estacionamento. Onde se permite a conversa informal sem objetivo aparente imediato e onde não existe aversão ao fracasso, mesmo porque, o fracasso pode ser o combustível para a próxima ideia. A “tigela” precisa ser um lugar seguro.

Por fim, “o lugar à mesa” equivale à liderança e visão de futuro da inovação. Na economia, Adam Smith propôs na sua obra “Riqueza das Nações” que através da livre concorrência o mercado não precisaria da interferência do governo e que uma mão invisível conduziria a economia à riqueza. Esse conceito foi posto à prova na crise econômica de 2008. Haveria, sim, a necessidade da intervenção do Estado fazendo com que a sociedade caminhasse para o objetivo desejado. Também no mundo da inovação a mão invisível não está nos impulsionando para o lado certo. Assim, comemoramos o aumento de oferta de cursos e de vagas para estudantes, a diminuição do desemprego, o aumento na produção científica, mas ainda não atingimos proficiência em nenhuma área do conhecimento.

Essa falta de motivação e foco em áreas específicas do conhecimento põe em risco não somente a competitividade brasileira em relação à China e Índia, mas a própria continuidade do crescimento do País. A reflexão que precisa ser feita é qual o incentivo dado a cursos para arregimentar pesquisadores, como os laboratórios estão sendo atualizados, e como os currículos vem sendo adaptados para esse objetivo.

A “mesa posta com as tigelas” no Brasil pode ser desmotivadora se não tomarmos cuidado. Os acadêmicos alimentam certo receio às ideias inovadoras no que tange à ciência tradicional. Por sua vez, as corporações vivem ameaçadas pelo risco financeiro. Taxas de retorno hostis podem paralisar a criatividade. As mentes inovadoras vivem cerceadas pelas aversões aos riscos financeiro e acadêmico. Ainda há tempo de tratar destas aversões. Mas não muito. [Webinsider]

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Mauro Andreassa é membro do Comitê de Educação de Engenharia da SAE BRASIL e professor associado do Instituto Mauá de Tecnologia.

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7 respostas

  1. concordo plenamente com o sr eliel,neste pais inventor para conseguir colocar seu invento no mercado tem que ter sorte ou ser rico.estou com mais de 8 anos com meu invento engavetado e ainda nao conseguir fabrica-lo.estou procurando um jeito de transferir este invento para ser fabricado em outro pais, e assim os beneficios da produçao ficara no exterior.

  2. Onde estão os criativos e os inventores do Brasil?

    Bem na sua frente. O difícil professor Mauro é vocês, universidade empresas governos enxergarem.

  3. Alguem sabe ai algum país que dê apoio aos inventore
    s ???
    Já inventei aparelhos eletrônicos que podem salvar vidas e sabem no que deu ??? estou com quatro processo de ped. de patente sobre a mesa e não tenho 100,00 para encaminhar de tão duro que estou……. e depois perguntam: ” CADE OS INVENTORES DO BRASIL” foram a procura de algo para fazer algo que dê retorno fin. algo que valha a pena pois, ser INVENTOR no Brasil é ser falido.

  4. Criei um tipo de painel eletrônico inovador, coisa que não tem similar e sei onde é só chegar e vender, tem um mercado fantástico. Como eu assisti uma reportagem na tv que dizia que, aqui no bairro do Ipiranga tem um Empresário que, segundo a reportagem é um gênio, um homem de uma sabedoria invejavel… pasmem ele investiu 100 mil + um pouco para montar uma empresa de fabricar painéis de senha. Então fui pesquisar na internete e pasmem, tem mais de 400 empresas fabricando as mesmas coisas::: PAINEIS DE SENHA !!! Onde está a genialidade nisso ??????? fabricar o que outros 399 já estão fabricando e em uma concorrência que é uma briga de foice… enquanto que, eu ofereci para ele fabricar o painel que eu inventei o qual é fabricar e vender, só aqui no quarteirão precisam de uns doze e ele não deu a mínima para mim… isso é ser gênio ??????????? preciso reformular meus conceitos de INTELIGÊNCIA E DE GENIALIDADE. Eu jamais investiria um centavo em um ramo onde já tem 400 empresas fabricando, mas, o empresariado Brasileiro é composto por gênios… eles veem coisas que eu não vejo. Que pena eu não ter dinheiro para ir embora do Brasil !!!!!!!!!!!!!

  5. Todo inventor brasileiro é falido. Fui a um evento apresentar alguns protótipos de invento meu estavam presentes no salão, 63 donos de empresas, após dar demonstrações e explicações sobre meu invento, um dos donos de uma das empresas me disse algo que eu deveria ter gravado, disse ele: ” MAS SR. ELIEL, ESTE SEU INVENTO É MUITO FUTURISTA, VOCÊ DEVERIA INVENTAR ALGO MAIS ATUAL” Quase que eu disse a ele: “” TÁ BOM SR. FULANO, DÁ PRÓXIMA VEZ VIREI AQUI APRESENTAR COISA DO TEMPO DA INVENÇÃO DA RODA…” Inacreditável, eu achava que invenção boa seria coisa realmente futurista mas ele me ensinou que, invenção boa é invenção ultrapassada.

  6. Perguntam: ” onde estão os inventores ”
    Pergunto: “vale a pena ser inventor”
    Quando damos entrada em ped. de pat. deixamos no INPI todos os meios para contato e eles nunca entram em contato simplesmente anulam os processos de ped. de pat. pelas mais banais besteiras, como se o ped. estivesse lá só para incomodar… inpi é horrivel. Já inventei coisa que pode salvar vidas, evitar que pessoas sejam amputadas… mil elogios em laboratórios de testes e no que deu… em nada, ninguém dá valor. Só indo embora deste “””país””” eu disse país???

  7. “Onde estão os inventores do Brasil”
    Boa pergunta, de quem vocês estão falando, de pessoas inventores ou dos manipuladores de invenções e patentes brasileiras, não me lembro em meus sessenta anos vividos ter conhecido um só inventor que após ter requerido o pedido de patente obteve algum tipo de apoio, encaminhamento e principalmente investimentos para que pudesse desenvolver e colocar o seu produto no mercado direto ou indiretamente, como se não bastasse o inventor brasileiro, além da idéia inicial tem que arcar sozinho e isoladamente (até para tentar proteger sua invenção) o desenvolvimento (teórico) e posteriormente aos ensaios e protótipos para que possa buscar junto ao INPI a (proteção), e assim, dar início a busca de algum tipo de ajuda (não basta ser inventor tem que ser rico). Em vários países o inventor é levado a sério, existe um sistema de real proteção e respeito aos direitos, ao apoio íntegro para a conexão inventor / investimento, não importa se é de empresas privadas ou de repartições governamentais o que importa é a evolução do produto final, e assim com certeza muitas pessoas de mentes brilhantes se motivarão e irão criar e se tornar (inventores). (desabafo de um Top 20 INPI ).

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