O que é ser Educador? Será uma profissão? Ou uma missão?
Posso afirmar que sua influência afeta um universo inteiro.
Aí, você me questionaria: “afetar um universo inteiro?”.
E eu responderia: Sim, um universo inteiro.
No decorrer de nossa história, nós tivemos grandes pensadores e, por consequência, educadores que nos influenciam até hoje na produção do conhecimento. Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Leonardo da Vinci, Marx, Maquiavel, Freire são alguns nomes que nos inspiram com ideias, experimentos, ensaios e discussões.
Esse emaranhado de autores eleva o grau do nosso discurso no ensino superior quando deparamos com a seguinte pergunta: “qual a racional que explica sua prática?”.
Atualmente, em nossas universidades, estamos diante de uma crise de pensamento e fundamento acadêmicos. De acordo com Marcovitch (1998, p.23), “A universidade tem ainda o papel de formar a cidadania. Cabe-lhe, e talvez seja essa a sua principal função, desenvolver a inquietude do ser social“.
Ora, se a liberdade de ideias, o discurso e a formação social são a base de sustentação do pensamento acadêmico, por que enfrentamos essa crise? Por que temos profissionais mal formados e mal orientados? Por que os alunos não sabem pesquisar? Por que não sabem refletir?
Diante destes questionamentos, cabe destacar um jargão utilizado em nossas salas de aula: “quem faz a faculdade é o aluno”. E o cume dessa reflexão partirá desta frase.
Cursar uma graduação é o objetivo de milhões de jovens brasileiros. Mercado disputado, empregabilidade, especialização e globalização são alguns dos termos usados hoje para reforçar a disputa por um lugar ao Sol. Nesse ponto, o aluno tem papel fundamental.
Agora, se analisarmos o cenário a partir do momento de seu ingresso na faculdade, sem experiência e cheio de incertezas, estabeleceremos a relação de que não há condições de cobrarmos nada do aluno. E é aqui que o educador se torna fundamental. Ser educador não é uma profissão, e sim uma missão.
Mas e o debate? E a formação cultural? Onde ficam os valores do pensamento universitário? O educador deve, além de reunir qualidades técnicas e experiência profissional, passar aos seus educandos a importância da reflexão crítica.
Ser criativo, instigar a pesquisa, comunicar-se e, principalmente, desenvolver trabalhos que vão além de meras operações técnicas, e tomem o rumo do campo investigativo, pode tornar o educador a mola mestra no desenvolvimento do aluno dentro da universidade.
Nos dias de hoje, a tecnologia contribui (e muito) para o desenvolvimento didático mais eficaz do que tempos atrás. Por exemplo, por meio de um aparelho celular, o professor consegue sanar dúvidas dos alunos em tempo real, algo inimaginável há vinte anos. Mas isso será suficiente para reestabelecer a consciência perdida no decorrer dos anos?
É muito frequente ouvir de alunos a seguinte frase: “quero aprender na prática” ou “estou aqui só por causa do diploma”. Ora, se os problemas são estes, por que, então, cursar o ensino superior? A solução é simples, porém árdua.
O educador deve basear-se na indagação do início do texto – “Qual a racional que explica sua prática? – e mostrar que, para além dos processos operacionais, existem caminhos alternativos eficazes para a construção do conhecimento por meio da multidisciplinaridade, do autodidatismo, do uso das novas tecnologias, da frequência na biblioteca (é muito mais fácil acessar o Google), de livros, entre outros.
Mais importante do que as questões técnicas são as reflexões em cima de temas que exijam do aluno um mergulho no oceano de possibilidades e soluções e que evidencie a importância da pesquisa e da reflexão para o sucesso na vida pessoal, profissional e acadêmica.
É, vida de educador não é fácil. Mas é gratificante.
Principalmente, quando a profissão se torna missão. [Webinsider]
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Rafael Souza Coelho
Rafael Souza Coelho (rafaelcoelho.consultor@gmail.com) é consultor e professor universitário.
2 respostas
Rafael, adorei seu texto!! Sou uma fã do seu trabalho e admiro cada página que escreve e que nos inspira a buscar novas ferramentas!!!
parabéns
Parabéns pelo texto inspirador. Como mestranda que tem vontade de seguir a vida acadêmica sem contudo abandonar o mercado esse texto foi um alívio em meio a tantas dúvidas e reflexões.