Como observador do comportamento humano, bem como estudioso da comunicação como competência e ferramenta de crescimento pessoal e profissional, não dá pra ficar alheio à forma como diversas pessoas manifestam frustrações e desgostos nas redes sociais, em especial no Facebook. Em especial quando decidem postar mensagens cifradas, incompletas ou subentendidas, as populares ‘indiretas’.
A reflexão a ser feita é uma só: até onde essas pessoas realmente conseguem atingir seus objetivos secretos usando essas afrontas travestidas, tornando públicas as frustrações destinadas apenas a uma ou algumas pessoas?
Vamos a um breve e simples cálculo: se eu tenho em minha rede 2.500 pessoas, ao lançar uma ‘indireta’ para atingir alguém em específico, eu esbarro minha falta de maturidade em outras 2.499, com uma chance máxima de 0,04% de acerto. Menos que a metade de 1% de eficiência. Se o objetivo desse comportamento é o de ‘lavar a alma’, o resultado é parecido como tentar lavar um lençol branco usando cerveja.
A razão – ou falta dela – que faz com que muitos insistam em acelerar nessa curva escorregadia da comunicação, encontra-se entre dois extremos: o do desejo de se manifestar, de dizer o que se pensa sobre pessoas ou fatos e, o do medo de se expor e de piorar ainda mais as coisas. Um protesto de mentirinha para exibir, com a boca espumando, aos colegas mais próximos, enquanto o lençol continua sendo lavado com a cerveja. Nota zero em assertividade, em objetividade e na efetividade da comunicação, habilidades que, com dedicação, treino e sensibilidade, são sempre possíveis de se melhorar, desde que a atitude pessoal positiva aponte para elas.
Já no item ‘imaturidade’, uma característica comportamental mais complexa de se desenvolver, a nota é 10, já que é característica completamente formada por atitudes. Como sabemos, a repetição das atitudes ajudam a formar – ou a transparecer – o seu caráter, enquanto pessoa e enquanto profissional.
Se ontem as ‘indiretas’ restringiam-se às ‘comadres’ penduradas nas janelas das antigas vilas, a popularização das redes tornou-as exercício cotidiano de muita gente, que se esquece da reputação formada justamente com aqueles que observam a tudo silenciosamente. Entre eles estão profissionais de Recursos Humanos, diretores de empresas e outros formadores de opinião que não pensarão duas vezes em marcar um “X” na testa daqueles que, incapazes de conviver produtiva e criativamente em equipe, insistem na construção de uma imagem profissional que tem como base uma comunicação caótica, egoísta, ruidosa, maledicente e desagregadora.
Publicar indiretas nas timelines das redes é como xingar insistentemente o juiz estando no meio da torcida, em meio ao barulho das cornetas e dos gritos de guerra em um estádio de futebol. O ‘destinatário’ não vai ouvir. Ainda que ouça, fingirá que não é com ele.
Já quem está à sua volta – e não serão poucos – terá material crítico suficiente para avaliá-lo como alguém agradável, educado, confiável, estável, assertivo… ou NÃO! Tente avaliar até que ponto o ‘indiretocídio’ pode estar matando a sua carreira, especialmente se ela estiver no início. A construção da sua imagem pessoal e profissional pode estar sofrendo sérios arranhões, invisíveis para você, mas irreversíveis na avaliação do mercado de trabalho. [Webinsider]
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Eduardo Zugaib
Eduardo Zugaib (falecom at eduardozugaib.com.br) é profissional de comunicação, escritor e palestrante motivacional. Sócio-diretor da Z/Training - Treinamento e Desenvolvimento.
2 respostas
Parabéns pelo texto, poucas vezes li algo tão bem construído!
Excelente artigo!
Gente de qualidades duvidosas usam esse expediente para evitar o confronto porque sabem que não podem vencer com argumentos racionais em um debate face a face…