Google Doctype: não seja evil, seja diabólico e genial

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Ok. Tem coisas que a gente tem que tirar o chapéu: o Google lançou um site que contém material de referência para todas as tecnologias usadas por desenvolvedores web. Tudo que você pode vir a precisar saber sobre (X)HTML, CSS e Javascript foi juntado no Google Doctype, lavado, passado, engomado e posto em uma bela forma de apresentação e navegação.

Não basta isso, eles liberaram o próprio código de Javascript que eles usam para sites como Gmail e Google Maps. Pouca coisa, né?

Mas, por favor, não seja um geek-cheerleader da empresa que aparenta ser boa-moça. Você vai ver por aí um monte de gente falando sobre o quanto eles são legais, dão coisas de graça, entregam presentes no Natal? Não caia nessa. Uma jogada assim não é altruísta. É estratégia.

Empresas inteligentes comoditizam produtos complementares aos seus.

Há um artigo de Joel Spolsky onde ele mostra brilhantemente o porquê do interesse das grandes empresas pelo open source. Não é por benevolência ou por caridade. É estratégia, pura e simples.

Consiste em fazer com que você torne produtos complementares ao seu em commodities, para que o custo de aquisição dele seja baixo, o menor possível. Quando o custo de um produto complementar ao seu é baixo, você está indiretamente tornando mais fácil a aquisição do seu produto principal.

É uma explicação para termos empresas que colocam pesadas somas em investimento em software aberto. Tomando um exemplo do artigo: a IBM é – atualmente – uma empresa que vende serviços de consultoria e desenvolvimento em TI, certo? Se você quiser contratar alguém para desenvolver uma aplicação para você, você vai ter que custear parte da infraestrutura: pessoal, máquinas, servidores, licenças de software/pacotes de desenvolvimento? tudo que seria necessário para que o produto se torne uma realidade.

Pergunta: se um cliente potencial tem um orçamento X para esse contrato, e você sabe que esse valor terá que ser dividido entre pessoal, máquinas, servidores, IDEs e estoque de café Pilão para os programadores, não seria melhor que o grosso desse dinheiro fosse gasto onde você tenha a maior margem de lucro possível?

Acontece que pó de café, máquinas e servidores já são commodities. Um cliente pode trocar de fornecedor sem ter grande prejuízo. Não há muito que pode ser feito aqui.

Também podemos comoditizar pessoal, sabia? Muitas das empresas de consultoria estão apenas buscando profissionais certificados justamente para que possam pensar nos desenvolvedores como peças intercambiáveis. Ao oferecer e buscar pessoas que possuam cursos e certificações, elas estão comoditizando o mercado de profissionais.

O que restaria? Diminuir o custo de aquisição de licenças de software. Ao investir em soluções open source, uma empresa que presta serviços de consultoria está comoditizando um produto complementar. Dessa forma, seus clientes passam a alocar mais de seus recursos naquilo que lhes interessa. Genial, não é mesmo?

Voltando ao Google?

Tudo que o pessoal do Google deseja é dominar a web como plataforma de desenvolvimento. Para isso, o que eles precisam é de mindshare. Quanto mais gente desenvolvido aplicações para web, mais o Google fica próximo do seu sonho do cloud computing.

Quanto mais desenvolvedores trabalhando com web, mais barato fica o custo de desenvolvimento de aplicações web. Quanto mais baratos os serviços oferecidos pela web, mais o Google pode obter de faturamento em produtos como o AdWords e AdSense.

Uma empresa como a Google oferecer de graça informação que facilita o desenvolvimento de aplicações web é a mesma coisa que uma empresa como a IBM investir no Linux e oferecer ferramentas gratuitas como o Eclipse. [Webinsider]

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Avatar de Raphael Lullis

<strong>Raphael Lullis</strong> (raphael@log4dev.com) é Engenheiro de Computação, atua na área de telecom e mercado mobile e um dos autores do <strong><a href="http://log4dev.com/author/rglullis/" rel="externo">Log4dev</a></strong>, blog escrito por desenvolvedores para desenvolvedores.

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5 respostas

  1. Boa tarde, quando falamos da google temos que ter certeza, o seu artigo esta muito bom mas, oque dizem na google não é: -não seja evil, seja diabolico e genial, muito pelo contrário…..é apenas não seja mau !!!!!

  2. Uma empresa que pense só em lucros financeiros não funciona mais nos nossos dias. Acho que vem lá dos pensamentos de just intime, evitar disperdicios com a reinvenção da roda e poder focar no que importa, que são as idéias, a inovação.

  3. :: A cada dia percebemos que o documentário Epic 2015 está em andamento, bem como a ansiedade da Microsoft em querer comprar o Yahoo. Uma vida sem máquinas pesadas e, sim, pensamentos e códigos flutando, sem dúvida seria um mundo mais leve.
    Claro que tudo tem um preço, e os desenvolvedores são a bola da vez, neste caso sendo desafiados a colaborar com parcela de seus neurônios. Sem eles, a web não evolui para uma espécie de democratização dos códigos. Não se deve estranhar que no futuro, por certos estes atores ou serão substituídos ou evoluídos a ponto de colaborar de outro modo.
    Interessante observar que tudo para facilitar o acesso, mesmo que para banalidades!
    A empresa Google trabalha em silêncio e os alardes, quando ocorrem, são o efeito do efeito.
    A palavra estratégia, neste caso, sinaliza uma luta de grandes pelos pequenos, e olha que são muitos!
    @_@
    ??

  4. Creio que seja exatamente isto mesmo. E acho que é bom!
    É uma ruptura, O modelo de negocio esta se transformando. Saindo do modelo de Soft proprietário, onde o produto era o software, e quem dominava era a Microsoft. E entrando em um novo modelo com plataforma na Web 2.0, onde o produto não é mais o soft, mas sim o serviço (Desenvolvedores. Virem analistas!) E neste novo modelo desenha se a dominação do Google.
    Tá certo que o desenvolvimento especificamente perde muito em importância. Mas a forma como o mercado passa a ficar organizado, e isto é uma coisa muito maior do que um interesse corporativo, a mim parece uma forma bem mais justa e evoluída do que nos tempos do Bill.

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