Como aplicar o ensino a distância na prática

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Partindo do princípio que o professor possui o conteúdo, antes de aplicá-lo em qualquer mídia eletrônica é necessário conhecer alguns pontos importantes, entre eles o story board ou roteiro para cursos de educação a distância.

Para explicar melhor, podemos fazer uma analogia com o cinema: o professor assume o papel de roteirista e diretor do filme, com a responsabilidade de criar ou recriar um novo formato digital com base em uma versão presencial ou até mesmo literária que seja tão eficiente quanto a anterior.

Muitas vezes gostamos de um livro, mas não da sua versão em filme ou vice-versa; ou seja, o resultado será condicional, mas não imprevisível. Com alguns parâmetros potencializamos o sucesso.

Nosso objetivo será “estrelar” nosso “filme” com sucesso e eficiência no aprendizado. Para isso teremos recursos tecnológicos que muitas vezes não dispomos em sala de aula. Por outro lado, vale lembrar que filmes repletos de efeitos especiais não garantem o sucesso ou eficiência em nosso caso.

Podemos condicionar o resultado a uma característica natural do professor, a didática. Na ausência física, esse fator deverá ser agregado às linhas do story board.

Estratégias didáticas auxiliam no processo de criação do story board para cursos online e concentram técnicas e teorias do pedagogo, visando facilitar o aprendizado.

Didática é a arte de transmitir conhecimentos; técnica de ensinar e utilizar a ciência de modo a tornar o aprendizado mais eficiente. Podemos situá-la entre as teorias educacionais e a prática pedagógica. Utilizando-a para envolver o aluno, teremos uma aprendizagem ainda mais significativa.

Esse envolvimento acontecerá quando o professor criar condições para que o aluno aprenda e compartilhe o conhecimento, por meio de estratégias e estímulos:

  • discutir abertamente, sempre respeitando opiniões;
  • conhecer as expectativas e necessidades do aluno;
  • orientar a instrução por meio de feedback, agente intrínseco no e-learning;
  • integrar de forma interdisciplinar e contextual todo conteúdo apresentado;
  • promover a construção colaborativa do conhecimento e sempre valorizar as relações aluno-aluno, professor-aluno e vice-versa.

Assim estabeleceremos um bom relacionamento com os alunos. Um canal para que todos se sintam à vontade para se expressar, compartilhar e colaborar para aprender.

Informar aos alunos os métodos aplicados e os objetivos auxilia no que esperamos deles. Esclarecem os critérios de avaliação, incentivam e induzem à exploração do “conhecimento sem fronteiras geográficas”.

Todo bom projeto ou aula possui um planejamento equivalente, por isso a necessidade do plano de ensino. Podemos descrever individualmente todos os componentes dessa etapa, prática comum ao corpo docente, mas este é outro assunto.

No e-learning, são utilizadas algumas teorias instrucionais, de forma mista, aproveitando suas potencialidades.

Do Behaviorismo temos a “lei do efeito”, em que todo e qualquer ato que produz satisfação tem tendência a repetir-se com mais freqüência. No curso online um exemplo seria o exercício de fixação (sem pontuação), mas com um papel importante quando utiliza o feedback para felicitar um acerto.

Vale a “lei do exercício”, simplesmente praticar para compreender. No entanto, tarefas muito repetitivas tendem a afastar alunos online. Na “teoria da causa e efeito” sempre há uma resposta imediata, seja positiva ou negativa. Sua aplicação serviria no exemplo do feedback citado. Segundo Watson (behaviorista), o ensino pode ocorrer por tentativa, por imitação, por educação e por métodos de ensaio e erro.

Cognitivismo é o conhecimento fixado pelo individuo. Depende de estruturas e funções simbólicas. Um exemplo prático é a dramaturgia em sala de aula (e na web animações ou pequenas cenas situacionais), utilizadas em geral na abertura ou introdução de temas em um curso online.

Construtivismo parte do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio. Empenhada na complexidade desse desenvolvimento, apresenta conteúdo por meio de situações reais em sua evolução gradativa, por etapas.

Segundo Gagné, uma lenda da aplicação eficaz do construtivismo nos cursos de educação a distância, a aprendizagem possui oito tipos ou etapas:

  • a motivação;
  • apreensão;
  • aquisição;
  • retenção;
  • memorização;
  • generalização;
  • desempenho e o
  • feedback.

Os interessados devem anotar este nome: Robert Gagné.

Atividades extra como filmes, aulas expositivas online, estudo de casos, jogos e atividades em grupo, sejam via chat, Skype ou fórum, costumam apresentar bons resultados.

Enfim, para criar esse roteiro aí vão mais alguns passos importantes:

  • Levantar as necessidades;
  • Definir escopo;
  • Identificar público-alvo;
  • Definir objetivos;
  • Definir conteúdo;
  • Criar story board;
  • Definir atividades;
  • Definir mídia;
  • Desenvolver;
  • Implementar e
  • Avaliar.

O responsável pela criação do story board nas empresas de e-learning é o designer instrucional, uma das partes essenciais para o desenvolvimento de um bom curso. Em nosso próximo encontro pretendo esclarecer a origem desta função, sua história e responsabilidades. Por hoje, espero ter apontado um norte aos interessados… [Webinsider]

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Avatar de Ricardo Carvalho

<strong>Ricardo Alves de Carvalho</strong> (r.carvalho@uol.com.br) é designer, coordenador de desenvolvimento web, professor e especialista em ensino a distância.

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11 respostas

  1. Mais uma vez obrigado e fico feliz em esclarecer um tema que esta cada vez mais em ascensão, semana passada (27/04 a 01/05) o Jornal Nacional (GLOBO) exibiu um série especial sobre EAD, isto valoriza nosso trabalho. Creio que um dos próximos passos seja a expansão territorial, pois hoje a região Sudeste representa 71% das empresas do ramo, tenho uma palestra agendada no Sul e acredito que muitos profissionais de São Paulo vão começar a viajar para colaborar em novas iniciativas pelo país.
    Abs, Ricardo

  2. Nossa Ricardo, ótimo texto! Cada vez mais tomo consciência das verdadeiras atribuições do DI, já que este é o responsável pela construção do Storyboard. Essas atribuições vão muito além do que tenho visto por aí, muitas empresas em e-lerning, ainda não se deram conta que o trabalho do DI depende também de fundamentos da Pedagogia e nao somente o conhecimento
    de AVA´s,mídias para EAD,TIC´s etc…

  3. Oi, Ricardo,
    Estou interessada em EaD e aprendi um pouquinho sobre o assunto com a leitura de seus textos. Gostaria que me tirasse duas dúvidas.
    Primeiro, o que é, exatamente, roteirização de conteúdo para o MDI? Segundo, o que é roteirização de conteúdo para video-aulas? O que fazem esses roteiristas?
    Grata pela atenção.
    Fátima

  4. Excelente texto, amigo.

    Principalmente a analogia com direção e roteiro de cinema, venho trabalhando com e-learnig há alguns anos justamente por isso, já que minha formação é em cinema. Por isso, trabalho em conjunto com designers instrucionais e pedagogos para criar e montar aulas cada vez mais interessantes.

    Abraços,

    Valter

  5. Obrigado! A analogia foi pensada no valor do professor como criador de uma nova metodologia, o conhecimento não é mais centralizado nele, mas sem dúvida os holofotes continuam nesse profissional não importa o meio. Abs, Ricardo

  6. Puxa! Obrigado Fabio. Vi e vejo exemplos incríveis de aprendizado em matemática via internet, atualmente estou trabalhando em um grande projeto com foco no ensino médio, tenho certeza de que há muitos exemplos interessantes para você. Abs, Ricardo

  7. Obrigado! Acessei seu site e gostei dos temas abordados, excelente trabalho e no que eu puder ajudar conte comigo.

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