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Empresas 2.0 atraem novos profissionais oferecendo horários alternativos, livre acesso a Orkut e MSN e liberdade para administrar as prioridades. Funciona?

Ontem, a convite do Edney e do Mário Soma, fui conhecer a Pólvora. A situação curiosa: o pessoal que trabalha com eles passa o dia no MSN, Orkut, blogs. E a fronteira entre trabalho e diversão, interesses pessoais e profissionais é bem nebulosa. Mas pelo visto, está funcionando.

Estamos vivendo uma transição. O modelo predominante hoje ainda é o de trabalho industrial, onde tudo é controlado, tem hora para entrar e sair, e como o trabalho é chato, não pode haver distração.

Esses dias, já registrei, o Sérgio Amadeu escreveu sobre as escolas proibindo o uso de ambientes sociais pelos alunos. Já não é de hoje que as empresas proibem funcionários de acessar Orkut, MSN, essas coisas.

Isso acaba sendo improdutivo para a empresa, porque essas ferramentas também servem para a comunicação interna e para o relacionamento com clientes e parceiros. Fora que o knowledge workers, justamente o cara criativo e inteligente, o cara que têm idéias que resolvem e fazem a diferença, vai odiar trabalhar nesse ambiente controlado.

Como funciona na Pólvora

É aqui que eu volto à conversa com o Edney. Ele me explicou como as pessoas trabalham na Pólvora.

Para começar, ninguém tem horário definido. Se a pessoa quiser chegar às 8 da noite e sair às 6 da manhã, pode.

Também ninguém fica conferindo se o funcionário está MESMO trabalhando.

Quando eles fecham o projeto, o Edney pergunta para cada pessoa em quanto tempo elas podem entregar uma determinada tarefa. Se a data estiver dentro do planejamento, está valendo.

O que a pessoa faz enquanto está no trabalho, se ela fica falando no MSN, se ela bloga, se fica no Orkut paquerando, contanto que não esteja fazendo nada ilegal ou anti-ético, está liberado.

Só funciona se as pessoas gostam do que fazem. E esse é o último dado que vou registrar. Na Pólvora, até o programador e o designer são blogueiros.

Abrindo a discussão

Fiquei em dúvida em relação a alguns pontos: queria entender melhor o que é uma tarefa na Pólvora, como ela é descrita e como os gerentes garantem que suas equipes se envolvam e dêem o melhor de si e não façam o trabalho apressadamente.

Como medir resultados e também como garantir que o ambiente de trabalho não se torne um espaço político, onde as pessoas privilegiam cultivar relacionamentos a produzir?

O Mário Soma já tratou de responder essas perguntas em post, mas vale a pena abrir a discussão para que outros gerentes e empresários troquem experiências sobre como administrar equipes nesse novo cenário de trabalho.

Suas idéias e opiniões serão muito bem-vindas. [Webinsider]

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Avatar de Juliano Spyer

Juliano Spyer (www.julianospyer.com.br) é mestre pelo programa de antropologia digital da University College London e atua como consultor, pesquisador e palestrante. É autor de Conectado (Zahar, 2007), primeiro livro brasileiro sobre mídia social.

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12 respostas

  1. Eu já conheci várias pessoas que já trabalharam comigo, que sempre durante o expediente estavam blogados, Orkut, msn é básico e que tinham ciência de suas responsabilidades..eram bons profissionais. Só que um detalhe..os acessos eram feitos de forma escondida, sem que ninguém da Direção visse, se entrassem na sala, era mnimizar na hora e maximizar o trabalho. Sinceramente..ridículo..parecia que estavam praticando um crime. Isso se deve a falta de conhecimento de seus funcionários através de um relacionamento aberto, ainda que hierárquico. Eu faço a mesma pergunta se não confia no trabalho de seus funcionários, por que os contratou.
    Isso se repete sempre e não dá bom resultados. Funcionários estressados, sem prazer para trabalhar. O local de trabalho deve ser agradável, receptivo, funcionário feliz produz mais e melhor..a empresa só ganha com isso. Vcs acreditam, que eu e uma colega que temos um bom feedback, tivemos que baixar o google talk para podermos nos comunicar afim de podermos interagirmos, tipo enviar um documento, ou até mesmo trocar informações de trabalho?? e acreditem de forma mais secreta possível??
    Sem comentários…

    Abraços!!

    Abraços!!

  2. É isso aí mesmo! No 4o comentário, o Juliano já adiantou muita coisa sobre as limitações desse modelo de trabalho à la Domenico de Masi.

    Vou fazer uma observação redundante aqui, mas acho necessário.

    Já imaginaram esse modelo permissivo no ambiente industrial? Meio em que atualmente a integridade física (segurança), dentre outros valores, tentam fazer parte da cultura organizacional? Meio em que, a desatenção não será corrigida com um simples CTRL+Z, podendo resultar em resultados bastente drásticos? Meio em que, – usando a idéia de alguns colegas acima – a libertinagem e a liberdade pode ser facilmente confundida em função de, por um simples exemplo, um dos milhares de funcionários não possuir forte senso de responsabilidade, ou até mesmo, usando o colega do 1o comentário, foco.

    Não sei quantas empresas do setor secundário experimentam esse modelo, mas pelo que tenho visto na região que vivo, as organizações dessa fatia são imperativas quanto ao talhamento de ferramentas de comunicação e peer-to-peer na web. Apesar de que, não importa o ambiente, sempre vai existir aquele cara cujo comportamento e natureza são de um Knowledge Worker.

    É, galera… Ann Andrews já dizia na Era da Informação,[…] 10% estarão na indústria e o restante será Knowledge Worker.

    Aquele Abraço!

  3. Juliano, acho que isso ainda é uma ferida para as empresas. Não acho uma utopia como comentou o Ale Carvalho, mas estamos muito distantes de uma realidade como a da agência citada no artigo. Mesmo em empresas bastante conhecidas como colaborativas e modernas, há muitas restrições. A IBM por exemplo só permite a utilização de MSN corporativo, não o aberto que todos usamos pessoalmente. Esse tema também tem muita relação com o trabalho remoto. Não interessa de onde estou trabalhando, a que horas, mas o quão produtivo sou. Acredito que ainda teremos um tempinho razoável para que essa visão seja encarada como natural no mundo corporativo. Convenhamos que brasileiro tem mania de confundir liberdade com libertinagem e a falta de responsabilidade de poucos ainda acaba por punir muitos. Por isso a maioria das empresas ainda proíbe o Orkut por exemplo.

  4. O meu sonho é trabalhar em uma empresa assim. Acho que a produção aumenta com certeza, isso se o profissional for bem concentrado no que faz.

  5. Cabe às novas empresas e aos gestores das já consolidadas trazer o novo modelo à tona, e se for preciso, mandar embora quem não se adapta. O que não dá é pra perder bons colaboradores por causa do mau costume de vários outros, que com certeza se só funcionam debaixo da pressão, não são tão bons assim!

    E para quem se sente knowledge worker, só me resta lembrar que sempre tem vaga para os bons, então: seja exigente! Coloque suas condições ao ser contratado, exponha suas idéias, mostre através de estatísticas que o novo modelo é funcional e mais adequado. Isso funciona, experiência própria!

  6. Insisto na questão da utopia. Por mais que essa liberdade que estamos discutindo aqui seja uma demanda dos tempos modernos, pois estamos falando de pessoas (com sentimentos, necessidades etc.), nem todas as empresas pensam ou vão pensar dessa maneira. Simples assim.

    É ingenuidade achar que um dia este cenário irá mudar, não só pela cegueira de muitas empresas como a postura sem-noção de alguns funcionários, que abusam da suposta liberdade.

  7. Simples. Pessoas felizes produzem mais. Se a empresa dá a liberdade de a pessoa ter acesso a MSN, Orkut, entre outras ferramentas e, mesmo assim, a pessoa NÃO produz, é pq ela não faz parte do perfil da empresa. Eu trabalho há 8 anos com internet e NUNCA trabalhei sem estar no MSN e redes sociais. E garanto que, mesmo entregando todos os projetos antes do prazo, sempre fiz o trabalho sem pressa, sem ter que correr.

    MSN, Orkut e outras ferramentas são, hoje em dia, indispensáveis no meu ambiente de trabalho. Atendo clientes pelo MSN e cuido da minha vida pessoal no Orkut e MSN. Muita gente acha que é errado misturar os dois, mas eu acho o contrário. Se posso levar trabalho p casa, porque nao levar minha vida pessoal pra agencia?

    A vida não precisa ter separações como profissional e pessoal. Isso é passado. Hoje em dia vc tem que ser feliz e satisfeito em ambos os lados e transformar tudo em 1 lado só.

  8. Oi Juliano,

    na verdade eu estava mais respondendo ao segundo comentario do que ao seu artigo.

    Concordo que determinadas funcoes podem precisar mais do que outras o livre acesso a internet. Soh nao consigo imaginar muitas funcoes que nao precisem de nenhum acesso – obviamente falando de escritorios que trabalhem com midia, internet, servicos…

    Minha pergunta (parecida com a do comentario 1) seria: se vc nao confia no seu funcionario pra deixar ele acessar a internet, ele eh seu funcionario por que?

  9. caro edelmar, acho que esse tipo de liberdade já acontece naturalmente nos escritórios. quanto mais responsábilidade, mais acesso à rede. quanto mais inteligência o serviço exigir, maior acesso à rede. mas – estou especulando – devem existir ambientes corporativos com mentalidade mais tradicional que limita o acesso sem se preocupar com as consequencias, da mesma maneira como existem novas empresas que adotam uma postura mais relaxada.

    acho que os componentes que acentual ou afrouxam as restrições são:

    – tamanho da empresa – aumenta a complexidade da operação e exige mais trabalho da TI para definir quem tem e quem nao deve ter acesso livre.

    – tipo de trabalho – um funcionário que trabalha com análise de informação e produção de conhecimento fatalmente ficará limitado se nao puder acessar a Rede. da mesma maneira, aqueles que fazem trabalhos repetitivos e chatos ficarão mais tentados a se distraírem

    – responsabilidade – quanto mais importante for o cargo, menos restrições de acesso o funcionario terá

    – cultura empresarial – empresas mais novas e formadas por pessoas que são nativos digitais tendem a ser mais flexíveis que empresas com mais tradição e com funcionários com menor experiência na rede.

  10. Utopia eh pensar q o mundo parou… livre acesso a internet eh o minimo que se pode esperar. MSN/chat nao exclui trabalho, eu pergunto muito pra amigos que eu sei que sabem mais do que eu sobre determinado assunto, e eles perguntam de volta tambem. Eh rapido, eh instantaneo e efetivo.

    Se o sujeito nao valoriza liberdade ele vai fazer corpo mole em qquer situacao

  11. Juliano,

    A realidade existente na Pólvora é algumas poucas empresas é uma exceção. Só dá certo quando as pessoas têm uma noção real de suas responsabilidades, independentemente do tempo que dedicam a elas.

    Em se tratando de um país como o Brasil, onde a maioria das empresas é conservadora no modo como lida com essas questões, seria utopia achar que um dia vão seguir o modelo citado por você neste artigo.

  12. Eu trabalhei durante muito tempo assim e posso lhe dizer que foi a época mais produtiva da minha vida. se horários e necessidade de ir ao local de tabalho poderia usar um home office, desde que os custos fossem meus para internet e telefone fixo).

    A questão da produtividade é simples, mas só funciona com profissionais focados e que tem a consciência dos prazos estabelecidos. Na verdade quando uma empresa contrata um funcionário deve se preocupar com a qualidade que ele pode gerar e o tempo que é necessário para isso.

    Infelizmente a mentalidade do brasileiro, hoje, ainda é focada no escravismo e no monitoramento constante para que funcione dentro da normalidade. Se pegarmos as maiores epmresas de tecnologia do mundo (google, microsoft, facebook, etc.), todas funcionam nesse mesmo modelo de horários liberados e com prazos fixos. Porque será? (essa talvez seja a pergunta)

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