Com o advento da tecnologia da informação e das redes sociais, eis que estamos em uma sociedade mais exigente. O século XXI está marcado pelo aumento exponencial da informação em todos os setores e motivado pela democracia da informação.
Ao mesmo tempo em que somos consumidores de informação, também a produzimos e estamos em constante processo de transformar dados em conhecimento.
Como conseqüência, o cidadão se torna mais exigente com o que lhe é apresentado como fato ou verdade.
Trazendo para o campo doméstico, nosso exempla vale até dentro da cozinha, onde não basta saber se o frango tal é da procedência da empresa X ou Y – o cliente quer saber se o frango possui o selo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que ração o alimenta e qual o impacto dos aditivos químicos na saúde do consumidor. São preocupações e reflexões novas.
Rótulos, marcas e a própria arquitetura de informação não passam desapercebidos pelos clientes/usuários, que buscam produtos e serviços mais específico para suas necessidades.
O público também tem em mente que toda informação comunicada é potencialmente passível de distorções em suas fontes e reconhece que pode ser manipulada pelo emissor.
Sabemos que um advogado ganha mais emperrando um processo no Fórum do que resolvendo a situação do cliente. Que um médico pode preferir uma cirurgia. E o mecânico que vai consertar a lanterna quebrada de seu carro irá se esforçar para encontrar alguns defeitos.
Existe uma máxima em Biblioteconomia que diz: “Informação é poder!”. Ou seja, aquele que detém informação e conhecimento tem um grande poder nas mãos. O comentário aqui não tem a finalidade de manchar a imagem de nenhuma das classes profissionais citadas, mas apenas exemplificar como a informação pode ser manipulada com intencionalidade.
Ao mesmo tempo, população bem informada é menos propensa a doenças, tem maiores possibilidade de galgar bons empregos e de estar sempre um passo à frente.
Assim, ajudar a organizar e tornar a informação utilitária e com valor agregado não é tarefa fácil. Bibliotecários, arquivistas, cientistas da informação, arquitetos de informação e profissionais de TI dedicam anos de suas vidas para que toda essa massa informacional seja filtrada, mapeada, modelada e destinada ao cliente certo.
Se, ao acessar um website, se você conseguiu de primeira lançar uma palavra e encontrar o que está procurando, pode apostar que teve uma equipe trabalhando duro para levar a informação até você. E se esse trabalho nem for percebido é porque os profissionais que atuam no segundo plano cumpriram seu papel.
Mesmo quem não é um usuário assíduo da internet, com certeza o é de informação, independente de onde ela esteja. São preocupações marcantes, pois as empresas buscam clientes e já descobriram que chamar a atenção deles agora está mais difícil. [Webinsider]
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Rafael Marinho
Rafael Marinho (rafaelmarinho71@gmail.com) é arquiteto de informação, consultor em gestão da informação e mantém o blog Bibliotecário Virtual
8 respostas
Olá Bárbara, fico feliz pelo seu interesse, de fato precisamos de mais bibliotecários-arquitetos de informação.
Na verdade eu comecei da mesma forma que você, lendo blogs, pegando referências etc. (comecei com Abrindo Espaço – katyushasouza.blogspot.com/ de Katyusha e o site do Guilhermo Reis – guilhermo.com
Daí não parei mais de estudar e fiz o TCC relacionando Sistemas de Informação com Arquitetura de Informação.
Mas o mais importante é essa vontade que você tem de aprender cada vez mais. Quanto a cursos ainda não há uma graduação que habilite alguém a ser arquiteto de informação, vem muito de feeling e pesquisa. Pós-graduação tem algumas em Design de Interação, Marketing Digital etc. Esta última em Salvador.
Mas os relacionados são sempre bons para um bom diálogo com profissionais de outras áreas: analistas de sistemas, publicitários, jornalista etc.
Geralmente as agências de publicidade web e empresas que desenvolvem sistemas e sites contratam profissionais de AI. E querem perceber o interesse, o senso de organização e pró-atividade dos candidato. Pelo fato de não haver o curso de graduação em AI, isso abre muito campo de trabalho, mas por outro lado exige o estudo e o constante aprimoramento.
Também há empresas que nunca ouviram falar de AI ou tem uma noção um pouco equivocada.
Sobre o domínio de tecnologia esse não é um ponto fundamental, mas é importante conhecer e participar na web (redes sociais, fóruns, instant messages, blogs etc.) Além de jogos. Conhecer programação, html, css etc. facilita na comunicação mas não é obrigatório até porque o arquiteto não irá “meter mão” no código, ele irá planejar e projetar aquilo que cumpra a sua finalidade e atenda ao usuário, além de elaborar testes que comprovem isso.
Enfim é uma área apaixonante e cheia de desafios e inúmeras possibilidades.
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Mande-me um email para o email que se encontra no rodapé da matéria e trocamos algumas ideias.
Olá Rafael,
Parabéns pelo texto! Deixa eu me apresentar. Me chamo Bárbara, estou no 7º semestre de Biblioteconomia e pretendo seguir esse ramo da tecnologia da informação, voltado para as novas tendências do universo da informação. Já li alguns artigos seus, assistir palestras ministradas por você no ICI (Instituto de Ciência da Informação/UFBA), enfim venho te acompanhado há algum tempo. Me interesso por esse tema, apesar de não saber por onde começar a investir, você comentou numa de suas palestras que essa área não precisa ter muito domínio de programas, informática, etc.. Mas a pergunta é o seguinte, por onde começar, visto que as disciplinas ministradas no curso não dão muita noção da prática em relação a AI. Que curso buscar especialização para aprimorar meus conhecimentos pra atender a demanda do mercado de trabalho. Quais tipos de empresas tem contratado esse profissional e qual o perfil solicitado por elas. Existe um curso que chama-se Webdesing/Website,que inclusive é ministrado no Senai, esses cursos tem relação com AI, o conteúdo programático desses cursos atende a demanda de aprendizado de um profissional iniciante, seria este o caminho, pra o tipo de meu perfil?? Grata,
Katyusha, você tem total razão.
Ter acesso a todas as informações disponíveis não é sinal de que estamos bem informados.
É como ter o Google e junto com ele todos os sites referenciados por ele.
Assim como o bibliotecário, o arquiteto de informação leva a informação certa ao usuário certo como você citou, essa sem dúvida é o princípio que norteia esses dois profissionais.
Obrigado pela sua contribuição
Essa máxima está é ficando batida. Ter muita informação pode provocar uma Ansiedade de Informação. Os livros do Wurman ilustram de maneira excelente o tema.
O objetivo é levar a informação certa ao usuário certo e não colocar tudo à disposição do usuário que provavelmente não saberá o que fazer com tanta informação. (às vezes inútil para ele).
Olá caro Miguel Prado e demais leitores, também sou prestador de serviços e conheço a relação hora/trabalho, e como deixei explícito no artigo O comentário aqui não tem a finalidade de manchar a imagem de nenhuma das classes profissionais citadas. Como você mesmo citou é o sistema judiciário que emprerra as ações e se isso é feito, logicamente é por uma intencionalidade. Não estou dizendo que os advogados fazem isso contra seus clientes, isso não daria dinheiro, mas os clientes a fim de se livrarem de uma sentença desfavorável podem conceder alguns agrados.
O que busquei foi trazer exemplos (e não fatos) que demonstrem como a informação é uma forma de exercer poder a outrem, informação clara e confiável tornam as pessoas livres, aumenta capacidade crítica dos cidadãos e faz com sejam agentes sociais transformadores.
Informação é igual a liberdade! O mundo seria maravilhoso se todos conhecessem seus direitos e deveres para com a sociedade, bem como ter conhecimento sobre boas práticas de saúde, nutrição etc.
o lucro do prestador de serviços está na hora / trabalho, quando em menos tempo ele demora para prestar o serviços maior o lucro.
o advogado não emperra o processo é sim o sistema juridicional, que o estado brasileiro possui…
seria inlogico um advogado emperrar uma ação, ele não ganharia dinheiro desse jeito.
Muito boa essa matéria, com isso mostra cada vez mais a imagem do Arquiteto de Informação, que está no mercado para ajudar os usuários e garantir o sucesso dos clientes, pois cliente satisfeito, mais tempo de conta será do cliente. 😛
Excelente matéria, expressa realmente o momento pelo qual nós estamos vivendo. Um momento muito bom para refletir, se é que temos tempo para isso. Mas de qualquer forma sempre estamos atrás do mais atraente, daquilo que nos desperta e que tenha sentido para nossa vida. Afinal gostando ou não de informações, vivemos por elas. Abraços a Todos.