As marcas devem traduzir coerência entre o ser e o parecer, aproximando esta duas dimensões com transparência, facilitando percepções corretas, que possam ser aferidas e mais bem remuneradas por seus clientes, gerando mais valor.
Devem possuir características técnicas de representação gráfica que garantam a eficácia da sua utilização em diversas circunstâncias e para os diversos meios de reprodução e veiculação de imagens (impressos, web, vídeo etc). Mas não só – e é importante sublinhar que, assim como uma frase pode ser gramaticalmente correta mas sem sentido, marcas também.
“Marcas famosas e desconhecidas são mais doces” é um exemplo de frase sem qualquer sentido, mas gramaticalmente correta (e inspirada pelo lingüista e filósofo norte-americano Noam Chomsky).
Se pensarmos na representação gráfica das marcas como “embalagens” da personalidade da empresa, fica claro que estas deverão sintetizar e reforçar as principais características do seu conteúdo, representando-as com eficácia e sedução. Revelando a essência do conteúdo, produzindo sensações espontaneamente e deixando impressões corretas.
Também é importante sublinhar que nenhuma representação gráfica de uma marca/ sistema de identidade, por muito bem desenvolvido que seja, irá por si só trazer sucesso a uma empresa se ela já não possuir todos os outros ingredientes do sucesso.
Frequentemente se diz que a marca é MUUUUITO mais que a sua representação gráfica, o que é verdade. Por isso, esse “MUUUUITO” e esse “mais” devem procurar estar patentes, evocados na própria representação da marca de forma correta. Este é, em síntese, o desafio e o objetivo a alcançar com qualquer marca.
Quanto ao que procurar traduzir numa marca, deve-se evitar modismos e clichês com sabedoria, pois há uma tendência equivocada, simplista, de imitar os comportamentos e atitudes de marcas líderes, tentando seguir as mesmas receitas de “sucesso” e se utilizando de recursos e elementos gráficos parecidos.
As empresas que deixam suas marcas à mercê desta estratégia comoditizam-se, ficam banais. A marca que deveria funcionar como forma de distinção, deixa de funcionar e não distingue como deveria.
Existem verdadeiras “teorias” de como se deve fazer uma marca para o “nosso mercado” e, invariavelmente, estas pretendem se justificar e se sustentar com base em exemplos de que a empresa X teria feito assim, a Y e a Z idem. E contrata-se design para “criar” imitando, o que é paradoxal! Isto acontece em vários segmentos de atividade econômica e é totalmente equivocado. Um desperdício de tempo, recursos e oportunidades.
Não existem receitas para fazer marcas. Deverá ser tão única quanto possível e não se parecer com nenhum outra, pois se isto ocorrer, ela deixa de ser o que é para parecer outra coisa que não é.
Deverá haver o bom senso de avaliar as demais marcas atuantes no mercado, mapear os elementos gráficos e estilos de linguagem predominantes, identificar oportunidades de uso de cor e formas ainda não exploradas. E, na hora de criar e evocar emoções pela marca, é imprescindível que haja o cuidado de moldar o discurso à realidade em todas as dimensões da empresa.
A capacidade de formular uma oferta 100% concretizável é o vértice de equilíbrio e sustentação do posicionamento de qualquer marca.
O sucesso de um processo de criação ou redesenho de uma marca, uma vez bem conceituado estrategicamente, é quase totalmente dependente da experiência da equipe de design que o irá conduzir, a qual partilha juntamente com o cliente a tomada de decisões, alimentando a discussão com experiência e conhecimento técnico. Da mesma forma que um doente não diz ao médico o tratamento que quer, mas discute com ele as opções adequadas mediante diálogo e explicações técnicas de cada opção.
Por último, marcas não são feitas para funcionarem com etiquetas explicativas. Marcas têm que funcionar independentemente do discurso explicativo. Se para funcionar, uma marca precisa ser explicada é porque não é clara. Marcas são sínteses. Mas se a marca, preliminarmente, não se validar sozinha então ela não é uma boa marca independentemente da explicação que tenha.
Uma boa marca é uma poesia visual, não se explica. Sente-se. [Webinsider]
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José Carlos Pires Pereira
José Carlos Pires Pereira é sócio-diretor da Kriando, especializada em criação, redesenho e desenvolvimento de marcas e sistemas de identidade.
4 respostas
estou procurando ajuda de voces que ja faz este grupo importante pois queremos esta com voces aprendendo fazer venda para todo brasil eu milton agrdeço pel sua atemçao mande noticia pelo o meu email
ACHEI INTERESSANTE O DESTAQUE DA MARCA TER QUE SER COERENTE ENTRE O SER E O PARECER.
Excelente artigo. Como empreendedor eu convivo com o dilema sobre a criação e escolha de marcas para novos produtos e serviços, e posso afirmar que nunca se trata de algo fácil ou simples.
Como você mesmo mencionou, uma marca isoladamente não define o sucesso de um produto se o mesmo é carente dos ingredientes necessários, mas nem por isso deixa de ser uma característica que deve ser bem planejada e executada.
Abraço,
Luciano Ayres
http://blog.lucianoayres.com.br
Poesia? Sentimento?
Nâo existe nada de poético enganar pessoas com elemento gráficos, se existe algum sentimento em logotipos ou marcas como você fala é simplesmente é aquele velho ditado, me engana que eu gosto.
O ser humano é 80% visual, isso prova como estamos travados, 20% fica por conta dos outros sentidos, uns tem 2 mais, 3 mais, 8 mais sentidos ahahahaha…
São 80%, e não conseguimos sair desse circulo vicioso que a publicidade nos afundou, é sempre a mesma coisa, formação de amebas, tele apatia e ignorância pela eternidade…
O povo fala mal de arte, horas é coisa de viado não é? Mal sabe eles, estão tão longe de saber quem foi, Mondrian, Mucha, Picasso, entre outros, pior os que são conhecidos são banalizados, não deu-se conta como o sistema enfraquece qualquer força positiva, a ponto de transforma-la em negativa, diria Peninha banalizado na voz de Caetano, o artista não é culpado, ele é viado, culpa é de quem afinal? A verdade que tudo foi enfraquecido em sua essência, sim é a decadência.
A decadência é poesia dos ignorantes?
Uma marca, um comercial, um panfleto é poético?
E o sentimento é aquele, é a vontade de consumir condicionalmente, inconscientemente…
Viva a ignorância!
Ordem para o povo, progresso pra burguesia!
BNegão
Robson Chagas