Um banco aberto e colaborativo seria possível?

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Como funcionaria um banco aberto, um banco que usasse a abordagem web 2.0 para oferecer melhores serviços?

Esta postagem de Jeff Jarvis (Davos09: Open Bank) nos deu um monte de ideias. O princípio básico por trás do negócio seria a colaboração aberta – um banco do tipo wiki, um verdadeiro mercado livre do dinheiro em que tanto credores como tomadores de empréstimo poderiam ganhar mais. Como ele operaria?

  • Toda intermediação de dinheiro seria transparente. Se um cliente tivesse dinheiro sobrando, ele poderia: 1) oferecê-lo aos demais membros da comunidade de clientes, estipulando previamente as condições do empréstimo (quantia, carência, prazo, valor das parcelas, juros, etc.); 2) aplicar o dinheiro em investimentos cujas características seriam discutidas e votadas de modo aberto, por todos os membros da comunidade.
  • Caberia ao banco assessorar a comunidade na busca das melhores opções de investimento. Quanto ele ganharia por isso? Uma taxa sobre a rentabilidade do investimento. Em caso de prejuízo, o banco receberia uma taxa de administração mínima, suficiente apenas para cobrir seus gastos operacionais.
  • O cliente que estivesse precisando de dinheiro emprestado registraria no website do banco a quantia desejada e as condições para pagamento do empréstimo (carência, prazo, valor das parcelas, juros, etc.). O banco respondê-lo-ia imediatamente em tela, informando uma lista de credores em potencial (aqueles que estivessem dispostos a emprestar dinheiro nas condições solicitadas ou em condições até melhores). O cliente escolheria então a quem tomar o empréstimo.
  • A instituição financeira cobraria uma taxa de administração pela intermediação, além de uma taxa a título de fundo de reserva, o qual seria usado para cobrir eventuais calotes.
  • O credor não tomaria calote. O fundo de reserva iria garantir os empréstimos.
  • O cliente inadimplente seria cobrado pelo banco, e, quando ele quitasse a dívida, o dinheiro serviria para recompor o fundo de reserva (o banco ganharia uma taxa de cobrança a ser votada pela comunidade de clientes).
  • Os caloteiros seriam impedidos de operar até que retomassem o pagamento das suas dívidas nas condições estipuladas previamente pelo banco em conjunto com a comunidade de clientes.

Você consegue imaginar um banco assim? Gosta da ideia? Tem outras dicas? Vamos discuti-las. O fato é que os bancos ainda não foram tocados pela onda colaborativa da web 2.0. O atual momento de crise talvez seja a oportunidade que faltava para que o modelo se estenda até o setor financeiro, tornando-o mais transparente, crível e eficaz. [Webinsider]

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Leia também: A universidade aberta.

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Avatar de Héber Sales

Héber Sales (hebersales@gmail.com) é profissional de webmarketing, marketing de busca e webanalytics. Atua na Agência Quanta e mantém o Blog da Quanta e o Twitter @hebersales.

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12 respostas

  1. Acredito que quando se fala nas barreiras jurídicas, é preciso compreender que esta iniciativa teria sérios efeitos sobre a economia, como estímulo à criação de novos negócios e aquecimento financeiro, por exemplo.Assim, além do precedente das cooperativas de crédito poderia sim haver um interesse público na idéia, não como agente mas ocmo facitador do processo, uma vez que similares vem dando certo. Quanto as questões relativas a segurança do crédito, acho que seria pausível que um bom pagador pudesse indicar outra pessoa como digna do crédito, ou algo do tipo. Acho sim que a iniciativa seria importante não apenas para a economia masp ara ma mentalidade corporativa da nossa população, acostumada a relações balizadas num eu ganho, logo você perde.

  2. Olha, eu conheço um grupo de amigos que faz algo bem parecido. Não é legalizado e não é para todos. Na época da faculdade (coisa de 15 anos atrás), criaram uma poupança para pagar formatura, churrascos, peladas, etc. Quando se formaram, ainda restou alguma coisa. Combinaram que iam continuar depositando e decidiram que cada um teria direito a um empréstimo semestral, de até 20% do valor total da poupança. Este percentual foi apenas para facilitar a conta deles, pois eram 5 pessoas.

    Os juros eram de acordo com o número de parcelas que gostariam de pagar, com um máximo de 24. Para cada parcela, mais 0,5%. Como eram bem amigos, o calote nunca aconteceu. E conforme foram prosperando em seus empregos, a parcela contribuída foi aumentando e hoje eles possuem um bom fundo.

    Já pensaram em abrir isso para terceiros. Estudaram sobre as cooperativas de crédito. Mas o risco de calote fica adiando este plano.

  3. Aqui no Rio Grande do Sul existe um sistema de cooperativas de crédito mútuo que se assemelha a esta idéia, e tem crescido bastante nos últimos anos é o Sicredi (www.sicredi.com.br). Como é baseado em cooperativas, a administração tem um toque de democracia e, com isso, menos agilidade nas tomadas de decisões. Não chega perto do Prosper, mas talvez seja o mais próximo a isso que existe no Brasil hoje.

    Concordo com o comentário do Leandro. Crises também têm lados positivos: são sempre forças transformadoras. O problema da inadimplência poderia ser amenizado por uma espécie de cadastro positivo, como o que a Febraban propõe. Aliás, enxergo o Brasil como o lugar mais adequado no mundo para a implementação de um banco cooperativo pleno, por assim dizer: além das taxas de juros mais altas do planeta, o spread cobrado no Brasil é fora da realidade, e a legislação é negligente na hora de impor limites a lucros que nao condizem com a realidade do País.

    Finalmente, complementando o que o Diego disse, além de pensão alimentícia, a outra causa de prisão civil no Brasil é o depositário infiel.

  4. Na verdade já existem boas iniciativas de bancos colaborativos como o Prosper (www.proper.com) e o Zopa (http://uk.zopa.com). O primeiro atualmente conta com 830.000 membros e 178 milhões de dólares em empréstimos já realizados. Existem outros também mais específicos, voltados por exemplo para a obtenção de dinheiro para produzir o seu filme. São webservices totalmente P2P que vem ganhando seu espaço e mostrando-se eficazes.

  5. Olá pessoal, fico feliz que o meu artigo tenha suscitado um debate em torno da idéia de um banco open-source (aberto e colaborativo).

    Seguem algumas observações sobre os comentários de vocês:

    1. Quanto ao aspecto legal, já há pelo menos uma forma jurídica possível: a cooperativa de crédito mútuo.

    2. Modelo semelhante ocorre nos consórcios, que aliás também poderiam ser abertos e colaborativos.

    3. A propósito, nos consórcios há fundos de reserva para cobrir a inadimplência.

    4. A bolsa é uma das várias opções de investimento possíveis, e, geralmente, é considerada uma alternativa de maior risco. De qualquer forma, os correntistas do banco aberto poderiam considerar investir em bolsa também.

    5. O paypal não estaria mais para um sistema de pagamentos?

    6. Como indicado no artigo, o banco aberto contaria com profissionais qualificados para orientar as decisões de seus membros-clientes.

    É um prazer trocar idéias com vocês e pensar em alternativas.

    Abraços.

  6. um meio-banco já existe, que é o paypal. Seria basicamente uma extensão de conceito.

    acho, sim, interessante.

  7. Desculpe pessoal, sou consultor de investimentos na bolsa de valores.
    Emprestar dinheiro assim seria provavelmente ilegal.
    A alternativa seria assinar notas promissórias de PF para PF.. Imaginem a logística disso? Como cobrar juros. Todos os emprestimos teriam de ser com datas e taxas préfixadas e não se esqueçam.. no Brasil, PF não é presa por dívida civil. Só de pensão alimentícia e uma outra regra que não me lembro agora. Os inadimplentes teriam de ser acionados judicialmente.

    Abrir um banco é bastante complicado, exige MUITO dinheiro e suponho ser impossivel judicialmente tal idéia. O cara lá em cima tem razão. o banco seria fecharia em alguns dias.. pela justiça.

    Querem ganhar dinheiro com dinheiro? invistam na bolsa! sinceramente. Não é pq eu ganho dinheiro assim não.. Mas lá na Bolsa você empresta dinheiro à uma empresa e não à uma pF.. e ela vai lhe pagar certamente. Simples assim…

  8. Realmente é uma boa idéia, mas é preciso ser bastante cauteloso quando se trata de dinheiro na Internet.

    Além de toda burocrácia, seria preciso uma barreira bastante ampla que assegura-se todos os dados que fosse enviado para esse wiki-bank

  9. Gostei da idéia. É claro que com todos os nossos paradigmas atuais, todos vão dizer que é utópico. Home Banking também era há 30 anos atrás (disse 30 não 300). Talvez a crise nos empurre pra frente e nos faça pensar, novamente!

  10. Emprestar dinheiro, sempre foi uma atividade de risco, que exige profissionais qualificados intermediando esta operação. Um banco livre como proposto é utópico. E quebraria em dias.

  11. Calma ae, cara pálida. Filosóficamente a ideia de um banco livre é ótima. Mas na prática, não é simples. Por exemplo:

    O credor não tomaria calote. O fundo de reserva iria garantir os empréstimos.

    Falso. Foi esse um dos pensamentos que levou a crise americana. Se houver algum fator externo que leve a muita gente não pagar, os credores ficariam sim no prejuizo.

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