5 razões por que escrever hoje em dia é diferente

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Escrever hoje é diferente

olivetti_verde
O título fez você clicar né?

Ok, mais um pageview (mais uma impressão; talvez um clique com o CPC que negociei).

Assim está o consumo de informação nos dias atuais (concorde ou não; goste ou não). A redação mudou. O texto mudou. O excesso de informação pede um processamento imediato dos conjuntos semióticos que definem a comunicação.

Por isso parágrafos curtos.

Quebrados.

Com ideias resumidas ou instigações para que todos opinem (ainda que ninguém vá ouvir a opinião alheia). Aliás, o que você acha disso?

As informações ficaram assim, fragmentadas, passadas em 140 caracteres; replicadas à exaustão quando aceitas, tornando-se uma verdade absoluta. Ou inflamando posições controversas para que o debate (na maior parte das vezes enviesado pela audiência daquele emissor) construa a ideia. Em terra de cegos ninguém discute a cor preferida.

O livro virou blog, o blog virou tweet, o tweet virou uma foto. E uma imagem vale mais do que mil palavras.

“Desculpa professor, não tenho tempo para ler o livro todo! Tem um resumo?”. Ah, mas eu tenho uma animação no YouTube que fala isso… dá uma olhada.

Pode parecer irritante, superficial. É verdade. Muitos pontos finais quebrando o contexto em pacotes; tal qual a internet em seu conceito fundamental: quebrar o conteúdo e transmiti-lo por caminhos distintos, até que, uma vez reagrupados, possam fazer sentido, ou seja, apenas um gato tocando um teclado.

Algumas outras formas de prender a atenção (a #3 é incrível e jamais pensei que isso fosse possível):

  1. fazer listas;
  2. mesmo que se possa expressar a mesma coisa de forma dissertativa;
  3. em uma das alternativas da lista, desafiar a emoção de alguém, apelando para o espelhamento de experiências pessoais;
  4. é cansativo, virou lugar comum;
  5. mas, por incrível que pareça, funciona.

Outro fato interessante:

“Usar citações alheias ajudam a expressar e endossar um ponto de vista” (Clarice Lispector)

Não, não foi a Clarice que escreveu isso. Mas quem vai saber? Quem liga? Mesmo porque Einstein uma vez já disse: “O apelo à autoridade é um tipo de falácia que funciona muito bem quando há preguiça em se checar os fatos”. Einstein pode ter falado isso. Não sei. E falácia é um assunto muito interessante; todo mundo deveria ler sobre isso.

Ok, ninguém vai ler, mas tudo bem, o link já foi compartilhado e ajudará a definir a personalidade pública daquele que o compartilhou. Compartilhar links (fotos, vídeos) é mais uma ferramenta de auto-expressão do que sincera vontade de crescimento coletivo.

Aliás, estava um dia no escritório, chovia bastante naquele dia e esperava o trânsito da Marginal Pinheiros abrir espaço para que eu pudesse ser mais um dos carros na rua; recebi um texto sobre tendências da publicidade a partir de um link alheio no Facebook; achei interessante e perguntei a opinião deste “add friend” no Facebook sobre determinado tema abordado pelo texto. Ele não concordava; na verdade ele nem sabia que o texto falava disso.

É uma história curiosa. Storytelling? Sim. Outra forma de conduzir a apresentação de um fato? Sim. Perguntar de maneira recorrente para forçar uma reação com uma resposta de quem lê? Sim.

No mundo de hyperlinks, eles aparecem em meio ao texto, e não abaixo de um “mais informações no final”. No mundo de oversharing, são muitos falando pouco, pra ninguém ouvir. [Webinsider]

…………………………

Leia também:

Avatar de JC Rodrigues

JC Rodrigues (@jcrodrigues) é publicitário pela ESPM, pós-graduado pela UFRJ, MBA pela ESPM. Foi professor da ESPM, da Miami Ad School e diretor da Disney Interactive, na The Walt Disney Company.

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3 respostas

  1. Parabéns pela matéria, gostei do final; Provavelmente jamais saberão o que você realmente disse; Afinal, o qual será o futuro do conteúdo? E, logo, logo a geração que ainda está produzindo pouco conteúdo de qualidade, cessará, como será esse conteúdo da próxima geração, outra dúvida é será que haverá conteúdo?

    Se observarmos a quantidade de comentários, provavelmente os leitores não chegaram até o final ou provavelmente só observaram o último parágrafo deste comentário.

    Excelente matéria, mas é assim mesmo que funciona!

  2. Acabei de ler. O rapaz diz que vamos ver conteúdos direcionados, baseados em nosso histórico, assim como os anúncios são hoje. Acho que há um lado bom e um lado ruim, onde o leitor fica sempre naquele mundinho dele.

    “The lines between advertising and content are blurring,” he said. “Right now, if you go to any Web site, it will know where you live, your shopping history, and it will use that to give you the best ad. I can’t wait to start doing that with content. It could take a few months, a few years—but I am motivated to get started on it right now, because I know I’ll kill it.”

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