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Camera Arriflex 35 mm

É verdade que há até bem pouco tempo atrás, profissionais da indústria de cinema no mundo todo e principalmente cinéfilos estavam todos preocupados com o fim das filmagens e projeção das películas de 35 mm, cuja qualidade parecia insuperável.

No início, o uso de câmeras digitais usadas na produção de filmes não traduziu nenhum tipo de ameaça ao uso da película e ainda hoje se vê diretores mencionando e usando negativos em 65 mm, como forma de atingir um nível de qualidade insuperável.

Recentemente, o que se vê é o uso cada vez mais frequente de câmeras digitais na produção de filmes, e não é à toa. Em particular, a iniciativa de criar uma câmera digital high end veio da tradicional fabricante alemã Arriflex, conhecida desde algum tempo pelo nome mais carinhoso “Arri”, e que se tornou a sua marca registrada.

Antiga fabricante de câmeras para películas 35 e 70 mm, a Arri esperou o momento certo para o lançamento de sua câmera Alexa, agora aperfeiçoada em diversas versões, uma delas a versão XT, de alta performance, e com a qual o cineasta e diretor de fotografia podem fazer praticamente tudo o que suas imaginações alcançam.

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A empresa vai mais além, fornecendo um esquema de pós-produção para qualquer nível de projeto pretendido, em pacotes com o nome de Arri Media. O formato proprietário gravado pela Alexa é o Arriraw (N.B.: “raw” significa “sem compressão”). Os arquivos gerados podem ser codificados com qualquer resolução.

Para produções ainda mais sofisticadas, foi produzida a câmera Arri Alexa 65, destinada a substituir negativos de 65 mm, atingindo resolução de 6.5 K.

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Os resultados todos nós podemos ver, seja nos cinemas seja em discos Blu-Ray. É admirável perceber, e isso vem me chamando a atenção já de algum tempo, que a Alexa invadiu Hollywood, reduto de câmeras Mitchell da alta qualidade. E neste caso, com associação de outro antigo fabricante norte-americano de câmeras, a Panavision, que faz lentes otimizadas para a Alexa, como as Primo, usadas pelos cineastas de lá e de outros países.

A versatilidade que o cineasta deseja

Quando o Todd-AO foi desenvolvido, o projeto previa o uso de cadência em 30 quadros por segundo, de maneira a se evitar judder, que é a incapacidade da câmera em capturar movimentos contínuos, produzindo imagem borrada.

A produção de filmes 65 mm com 30 quadros se mostrou cara e exigia projetores compatíveis que nem todo cinema poderia ter. No Brasil, foi a Incol a única fabricante de projetores com esta capacidade, o modelo Incol 70/35.

Com as novas câmeras digitais, este empecilho simplesmente não existe, seja na captura da imagem, seja na projeção, seja no custo que tal processo implica.

Além disso, com a gama de cores alcançada por câmeras como a Alexa, é possível alcançar as condições de luz, temperatura e tonalidade já no momento da captura, ou modificar parâmetros durante a fase de pós-produção, tal como se faz hoje com qualquer câmera digital, que o usuário amador ou profissional trata com aplicativos como Photoshop ou Lightroom.

Em ambiente digital, a imagem pode ser trabalhada do jeito que o cineasta quer, com a inclusão de computação gráfica e efeitos especiais, nunca antes atingidos com este nível de precisão. Compósitos dispensam o uso do chamado “optical printer”, e as telas de background em chroma key se tornam imperceptíveis, facilitando a fusão de imagens para efeitos especiais dos roteiros.

Sem obsolescência

A qualidade de imagem obtida com uma câmera Arri Alexa tem levado analistas a questionar se será o fim definitivo da película de 35 mm. Mas, é preciso assinalar que a película continua sendo superior para arquivamento das produções em filme, e provavelmente continuará sendo útil por muito tempo.

A principal vantagem da mídia digital está na economia de produção, aliada aos diversos formatos de distribuição. De longa data, os estúdios vêm usando intermediários digitais, inclusive para envio de películas às salas de cinema. Estes intermediários são os mesmos que agora podem ser enviados, por disco rígido ou Internet. E também usados para televisão e qualquer tipo de mídia caseira, como DVD e Blu-Ray.

Especificamente para o Blu-Ray, e aqui me refiro ao disco convencional com 1080 linhas de resolução vertical, os resultados de imagem de filmes “rodados” com a Alexa têm sido animadores. O leitor poderá constatar por si próprio a veracidade do que estou afirmando. Basta usar uma tela de 4K, fazendo ou não upscaling do disco Blu-Ray para esta resolução. Garanto que não haverá decepção. [Webinsider]

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Leia também:

http://br74.teste.website/~webins22/2016/04/21/redescobrindo-bergman/

Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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