Hoje é dia de me corrigir. No meu último post citei o Uber como um grande exemplo da atual Revolução Cognitiva e um dos grandes ícones do funcionamento das Redes Colaborativas. Mas talvez eu devesse ter pesquisado um pouco mais…
Falei da revolta dos taxistas com a chegada do Uber, aplicativo onde qualquer interessado pode se cadastrar para utilizar o seu próprio carro para atender solicitações de corridas; da opressão das Cooperativas e de como o Uber era libertador e um dos ícones dessa revolução.
Mas onde está a revolução?
A grande questão nessa história toda é que as novas ferramentas surgidas com o avanço da web (vale reler o texto anterior) têm o poder de reintermediar a forma como gerimos a nossa espécie, tirando o poder de decisão dos líderes-alfa e criando uma gestão mais parecida com a das formigas, descentralizada, mais dinâmica, meritocrática e democrática, além de autoreguladora.
Parecia tudo certo até aí, até que comecei a ouvir falar de pessoas montando frotas de Uber. Peraí, eu ouvi direito?
Sim, eu ouvi direito, e aí fui pesquisar o que eu não tinha visto antes. O Uber não só permite como estimula a prática, visando o aumento da frota.
E aí eu me pergunto em que ponto essa prática se difere da utilizada pelos tão mal falados donos de frotas de táxis? Alguns poderiam bradar que a prática gera empregos e lucros para ambos. Ok, é verdade, mas as frotas de táxi também. O grande ponto aqui é que o Uber não está tirando o poder de decisão dos líderes-alfa, está apenas criando novos e/ou alterando o modus operandi dos antigos.
Portanto, eu errei ao citar a empresa como partícipe da atual Revolução Cognitiva. O que o Uber tem feito é mais do mesmo, com um bom aplicativo e um excepcional trabalho de marketing.
O que acontecerá quando a empresa tornar mais difícil para novos motoristas entrarem? O Uber ganhará mais uns quadros no comparativo acima igual ao dos táxis (venda e aluguel de alvará no mercado clandestino) e a porcentagem de ganho dos donos das frotas aumentará?
O Uber (ou um concorrente) ainda pode ser o futuro
Na época dos pequenos comerciantes, os conhecíamos praticamente da infância; na época das grandes marcas, aprendemos a confiar nelas; na época da Internet deixamos rastros para futuros compradores através do simples ato de comprar e qualificar.
Tudo está conectado, e isso faz uma enorme diferença… E isso o Uber faz muito bem, e é o caminho quando falamos das redes colaborativas.
Os motoristas precisam manter sua reputação em alta para continuar no serviço e atrair novos clientes. Dessa forma, precisam oferecer o melhor serviço possível para gerar/impulsionar o rastro (curtidas, recomendações, carma digital), o que acaba “eliminando as práticas que vão contra o coletivo e enaltecendo as que colaboram a seu favor”.
Mas convenhamos que se parte da frota (senão grande parte dela) é comandada por poucos, isso já vai contra o coletivo. Torna fácil a esse “administrador de frota” renovar a sua frota caso seus motoristas não estejam tão bem qualificados. E nunca perder seu posto. Funciona? Funciona, mas maquiando os problemas.
Se as novas ferramentas tem o poder de reintermediar a forma como gerimos a nossa espécie, criando uma gestão que seja mais parecida com a das formigas, descentralizada, mais dinâmica, meritocrática e democrática, além de autorreguladora, precisamos torná-la realmente descentralizada, meritocrática, democrática e autorreguladora. O Uber, hoje, não é descentralizador, é meritocrático, é democrático (mas até quando?) e nem tanto autorregulador quanto parece.
Se continuarmos seguindo as estruturas antigas, continuaremos presos aos modelos de gestão da espécie dos líderes-alfa, nos distanciando da otimização e inovação nos processos.
A ascensão das redes colaborativas visa reduzir custos e aumentar benefícios para a sociedade, através de maior eficiência, produtividade e meritocracia nas organizações. É preciso otimizar através da inovação, mas de uma inovação realmente reintermediadora.
[Webinsider]
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