Blu-Ray UHD: um salto de qualidade que não chegou aqui

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Os discos Blu-Ray UHD 2K são vendidos aqui na versão importada, o que mostra a falta de confiança no  mercado de home video, que já foi considerado o maior da América Latina.

 

Já se passaram alguns anos desde que a mídia do Blu-Ray UHD (4K) começou a ser prensada em vários países, mas não no Brasil até hoje, sem  aparecer alguém para explicar por que!

Quem sempre acompanhou o mercado de home video neste país achou no mínimo estranho esta ausência, porque, entre outras coisas, o Brasil era considerado o maior mercado deste segmento.

Algum tempo atrás eu tive a chance de conversar com um representante da Sony, e ele me afirmou que a empresa estava estudando a possibilidade de lançar um player de mesa fabricado aqui, que, no caso, seria seguido do lançamento dos discos UHD.

Só que isso também nunca aconteceu, e na realidade a Sony passou, no ano passado, por um retrocesso fabril nunca até então visto. O pouco que sobrou foram aqueles Playstation importados e quase todo o resto da área de vídeo sumiu. Especula-se que isto tenha acontecido devido à perda de receita e o excesso de competição com as gigantes coreanas LG e Samsung, que dominam o mercado.

O lado irônico desta estória triste é que é possível comprar discos UHD nos sites brasileiros, muitos deles com pelo menos legenda em português. Como nas Américas só quem fala português somos nós pode-se depreender que os discos são destinados também à importação de nós outros!

Abaixo, eu ilustro a presença do clássico “2001, Uma Odisseia No Espaço”, cuja versão UHD 4K tem áudio e legendas em português. A imagem 70 mm espetacular do filme é ainda aperfeiçoada com Dolby Vision, ou com HDR 10, para quem não tem este recurso:

 

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Se alguém tiver paciência para pesquisar a venda de títulos aqui vai conseguir achar exemplares em torno de 150 a 300 reais, o que acaba sendo razoável, em função da flutuação especulativa do câmbio e das taxas criminosas de importação.

Da mesma forma se consegue adquirir um player de mesa importado, obviamente com preços elevados, um deles, por exemplo, o Sony UBP-X800M2, que toca qualquer mídia, inclusive SACD e DVD-Audio. Segundo informações colhidas sobre este aparelho, ele já chega nas mãos dos clientes debloqueado para reprodução de DVD, portanto útil ao colecionador brasileiro.

 

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O aparelho da Sony vende por cerca de 3200,00, é do tipo universal, mas tem uma falha de design grosseira: não há display na parte frontal, e o controle remoto não tem teclas numéricas para escolher qualquer faixa da mídia, uma economia que acaba obrigando o usuário a manter a tela de TV acesa, até mesmo para tocar um CD. Em outras palavras, salvo melhor juízo, uma economia porca em um aparelho caro!

Compensa investir em uma mídia UHD?

Na minha opinião, depende, principalmente sob o aspecto de interesse do usuário quando ele procura o máximo de qualidade possível na reprodução de filmes com uma resolução superior de imagem e áudio.

O Blu-Ray 4K pertence a uma classe de mídia capaz de reproduzir Dolby Vision ou HDR, recursos esses que podiam, mas não foram aproveitados no Blu-Ray convencional, além de transferir integralmente o intermediário digital quando ele é digitalizado a partir do negativo de câmera em resolução 4K.

Em alguns casos, o intermediário digital tem apenas 2K de resolução, mas a prática tem mostrado que, mesmo assim, a qualidade final obtida no disco 4K nada deixa a desejar!

Da mesma forma, em alguns lançamentos o analista que posta comentários não consegue ver um aperfeiçoamento significativo de imagem entre o Blu-Ray de 1080p e a versão UHD. É possível que nesses casos haja uma interferência direta dos processadores usados tanto no player quanto na TV, que introduzem melhoramentos proprietários de alta qualidade no upscaling da imagem 1080p reproduzida.

Isso, é claro, não invalida o investimento na mídia 4K, quando alguém sabe o que está vendo em uma tela de TV. Eu me arriscaria a afirmar que alguns serviços de streaming apresentam conteúdo em 4K com Dolby Atmos, ambos de excelente qualidade, mas raramente igual e nunca superior ao Blu-Ray 4K.

Retrocesso de mercado

É sempre muito fácil se achar culpados pelas mudanças fabris negativas, como a da Sony do Brasil. Historicamente. o nosso país primou por leis e administrações inconfiáveis para os investidores estrangeiros, seja o regime de direita, esquerda ou de centro. Até o velho discurso anticapitalista, que tanto norteou as cabeças estudantis durante a última ditadura, não serve mais de desculpa, diante da ausência de regras e controles do status econômico que deveria regulamentar investimentos estrangeiros. Em qualquer país onde este controle não é exercido, existe uma tendência ao afundamento da economia como um todo.

Eu sou um que pouco me arrisco a especular nesta área de raciocínio, por falta de conhecimento da mesma, mas, por outro lado, acho que não é preciso ser economista para entender que quando uma empresa do porte da Sony pula fora do mercado ela não quer se arriscar diante da insegurança e da instabilidade econômica local, além do valor do câmbio, o qual nunca se sabe onde vai parar.

Além disso, a inflação que é oficialmente anunciada nunca bate com os orçamentos de qualquer pessoa assalariada, que vê a inflação real ser muitíssimo diferente daquela anunciada. Eu não tenho dúvida de que a perda de poder aquisitivo é também decorrente da defasagem nos orçamentos de todo mundo. De um lado, a inflação real comendo os salários, de outro quem vende ou cobra serviços compensando esta perda com elevação de preços. Ou seja, não há saída!

Em função de tudo isso, eu novamente me atrevo a dizer que as prioridades de gastos empurram os consumidores, que se preocupam com a preservação do orçamento familiar ou pessoal, contra o consumo de alguns produtos, e deste modo muita coisa anteriormente prazerosa se torna virtualmente supérflua.

A inflamação escamoteada se soma à indignidade das ofertas de serviços. Houve uma debandada recente de cerca de 200 mil assinantes da Netflix, empresa que antes ditava os preços impunemente. A Netflix foi na contramão de seus competidores, que abaixaram os preços, oferecendo a mesma qualidade técnica e maior flexibilidade no uso de telas. Este é um exemplo claro de que quando o usuário final corta custos no orçamento, ele combate o que considera a exploração do poder econômico, aliás proibido pela lei de proteção do consumidor, em função da necessidade de preservar gastos considerados supérfluos.

Como colecionador, eu lamento tudo isso. Me sinto mal servido e desamparado para continuar colecionando títulos. Em termos técnicos acho também um desperdício inútil de recursos, ou uma incongruência, se quiserem, entre fazer força, inclusive e principalmente financeira, para conquistar melhoramentos e ficar impedido de usa-los perante a inadimplência da indústria. Outrolado_

. . . .

 

2001: Uma Odisseia No Espaço, em versão Blu-Ray 4K, Dolby Vision HDR

 

PlayStation 5 da Sony com reprodução de Blu-Ray 4K

Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Olá Paulo sempre utilizei players da Panasonic (muito conceituados lá fora), que eram oficialmente trazidos pela subsidiária brasileira, mas a exemplo da Sony, também interromperam a sua comercialização. Acho que devido ao preço das mídias, bem como dos players bem mais caros na versão 4K, como também pelo baixo poder aquisitivo do brasileiro, esses outros fatores certamente afastaram esse tipo de produto do Brasil, além do fato da limitada disponibilidade de títulos nesse formato. Mas me dou por satisfeito pelo fato da Amazon.br ter incluído no seu catálogo de produtos, os filmes em Blu-ray comuns, pois de uma forma minguada ainda estou tendo acesso a alguns lançamentos, mas até quando isso irá perdurar, que é uma incógnita.

    1. Oi, Rogério, exatamente, não se sabe quanto tempo isso irá durar. Veja que os impostos de uma importação Amazon mais do que dobram o preço do pedido, além da cobrança do frete. Em alguns casos é mais negócio comprar um Blu-Ray UHD aqui, se o preço não for extorsivo.

      1. Infelizmente a falta de interesse de empresas e principalmente do governo em facilitar que a tecnologia e acesso a cultura sejam viáveis a maioria da população, acaba que a pirataria libere o conteúdo da mesma forma, gravados em dispositivos externos e tendo a qualidade 4k em qualquer tv compatível.

  2. Olá Paulo sempre utilizei players da Panasonic (muito conceituados lá fora), que eram oficialmente trazidos pela subsidiária brasileira, mas a exemplo da Sony, também interromperam a sua comercialização. Acho que devido ao preço das mídias, bem como dos players bem mais caros na versão 4K, como também pelo baixo poder aquisitivo do brasileiro, esses outros fatores certamente afastaram esse tipo de produto do Brasil, além do fato da limitada disponibilidade de títulos nesse formato. Mas me dou por satisfeito pelo fato da Amazon.br ter incluído no seu catálogo de produtos, os filmes em Blu-ray comuns, pois de uma forma minguada ainda estou tendo acesso a alguns lançamentos, mas até quando isso irá perdurar, que é uma incógnita.

    1. Oi, Rogério, exatamente, não se sabe quanto tempo isso irá durar. Veja que os impostos de uma importação Amazon mais do que dobram o preço do pedido, além da cobrança do frete. Em alguns casos é mais negócio comprar um Blu-Ray UHD aqui, se o preço não for extorsivo.

      1. Infelizmente a falta de interesse de empresas e principalmente do governo em facilitar que a tecnologia e acesso a cultura sejam viáveis a maioria da população, acaba que a pirataria libere o conteúdo da mesma forma, gravados em dispositivos externos e tendo a qualidade 4k em qualquer tv compatível.

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