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Cineastas de hoje voltaram a usar o Super Panavision pela qualidade e praticidade da captura esférica em negativo de 65 mm. Infelizmente, as cópias originais só podem ser exibidas em cinemas equipados com projetor para 70 mm e lentes adequadas.

 

Todo filme evoca algum tipo de lembrança a quem assiste, às vezes de forma significativa. Na primeira exibição do filme de Stanley Kubrick “2001, Uma Odisseia No Espaço”, os termos Cinerama e Super Panavision ficaram na minha memória. Naquela época eu era ainda adolescente e não fazia ideia do entrelaçamento dos dois formatos.

Pois agora, com o passar dos anos, e com mais informações disponíveis para pesquisa, eu aprendo que o formato Super Panavision 70 teve o seu grande momento na cinematografia moderna, e foi a base de antigos e até de novos, mais recentes, projetos.

O Super Panavision seguiu a mesma premissa do Todd-AO, que era de projetar filmes em Cinerama, porém com uma única película ao invés de três, e se foi usado até recentemente, foi por conta da excelente qualidade fotográfica do processo.

O diretor de fotografia Ron Fricke usou Super Panavision 70 para o documentário lançado em 2011 “Samsara”, de rara beleza visual. A propósito, eu preciso advertir a quem ainda vai assistir a este filme que aparecem várias cenas que causam imenso constrangimento, infelizmente, o que tira, na minha opinião, um pouco do brilho cinematográfico.

 

 

Agora mesmo, em 2017, o ator e cineasta Kenneth Branagh rodou “Assassinato No Orient Express”, usando Super Panavision.

Na década de 1990 a Panavision ressuscitou o formato, lançando a câmera para negativo de 65 mm, com o nome de Panavision System 65. Uma série de filmes foi historicamente lançada com ambos os nomes nos respectivos créditos, incluindo, é claro, Cinerama.

As lentes para Super Panavision 70 continuam à disposição dos cineastas, que preferem usar o processo pela alta qualidade da captura e da projeção, caso seja feita com película 70 mm.

Uma das vantagens do Super Panavision é o uso de lentes não anamórficas, e sim esféricas, conferindo assim uma imagem sem nenhuma chance de distorção ótica, a não ser que o diretor de fotografia introduza algum artefato por decisão sua.

Observa-se que alguns filmes recentes vêm usando o Super Panavision, com este ou qualquer outro nome, para filmar sequências em 65 mm, e depois converte-las para algum outro formato.

Se o objetivo do processo de projeção em Cinerama e de todos os seus congêneres era colocar a plateia dentro do filme, eu fico imaginando como seria utilizar Dolby Atmos, que tem o mesmíssimo objetivo, com este tipo de formato. Bem verdade que as projeções em IMAX usam 7.1 canais, mas a dispersão do Dolby Atmos é notoriamente e auditivamente superior, devido a mudanças na mixagem.

É isso: como dizia o profeta, contra fatos não há argumentos, pouco importa neste caso se as autoridades da área de cinema empurram a projeção digital como sendo de alta qualidade. Pessoas ligadas a cinema nos outros países estão cada vez mais convencidas que a filmagem e projeção em película têm méritos, os quais ainda não foram substituídos pela projeção digital.

Eu conheço gente aqui que pensa o mesmo. E quem irá contestar tudo isso? Se quiserem, eu sou um que me coloco à disposição para debater o assunto!  Outrolado_

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Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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