No Brasil não podemos assistir Oppenheimer em 70mm em película nos cinemas, pois nossos projetores foram destruídos.
Diferente de nós aqui, cujo parque exibidor jogou todos os antigos projetores fora, no exterior muitos cinemas tiveram a preocupação de preservar seus projetores, e agora eles podem fazer o bom uso deles em circunstâncias especiais. Uma delas aconteceu agora, com o lançamento mundial do filme de Christopher Nolan “Oppenheimer”.
Rodado em IMAX analógico, isto é, câmera com película, foi prevista a possibilidade de exibição do filme em qualquer formato, analógico ou digital.
As versões com película foram lançadas tanto em IMAX 70 mm horizontal, IMAX digital, Super Panavision 70 mm e 35 mm.
A exibição em 70 mm no cinema Ritz, da Austrália
Um youtuber colecionador de filmes se lançou na captura de detalhes da cabine de projeção do cinema Ritz, localizado em Randwick, subúrbio de Sydney, New South Wales, Austrália.
O Ritz preservou um projetor Cinemeccanica Victoria 8, idêntico ao que foi usado em muitos cinemas aqui no Brasil. Este projetor foi inclusive usado para as apresentações em Dimensão 150 do Metro-Boavista.
Muitos projecionistas preferem usar o Victoria 8 ao invés do clássico Philips DP-70, por causa da maior facilidade em alterar os componentes usados para troca de bitola, 35 para 70 mm e vice-versa.
Com o lançamento do filme Oppenheimer, o Ritz se programou para a apresentação da cópia em 70 mm, com som DTS:
Notem que o Victoria 8 foi mantido no seu original, com o compartimento de leitura de banda magnética intacto, permitindo assim ao cinema exibir qualquer filme com som neste formato, 35 mm ou 70 mm.
Além disso, no Victoria 8 foi instalado um leitor de timecode do DTS para 70 mm, e os respectivos drives de DVD/CD-ROM do DTS, onde o som está gravado:
Como o cinema só tem um projetor, o filme é montado em um prato. A montagem é cansativa e precisa ser feita com todo o cuidado. Oppenheimer roda por 3 horas. O filme chega ao cinema em 5 partes, em um carretel cada uma, que permite a projeção com dois projetores, mas neste caso, as 5 partes são usadas para a montagem no prato, com a ajuda de uma coladeira, como mostra o vídeo.
Parabéns ao pessoal do Ritz. Quiséramos nós fãs de cinema poder voltar aos gloriosos dias do 70 mm e do Super Cinerama.
Christopher Nolan parece obcecado por realizar filmes de longa duração e parece que não abre mão de usar película para as filmagens. Seu único erro, a meu ver, é não introduzir um Intervalo, como os filmes antigos de longa duração. Parece que isso não tem importância, mas, na prática, tem sim e muita. Idosos, particularmente, agradeceriam uma pausa para se aliviarem. Afinal, assistindo filmes em casa, basta apertar o botão de pausa do controle remoto, e está tudo resolvido, para qualquer um, de qualquer idade. [Webinsider]
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Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.
