Colaboração de Ivo Raposo
A gente hoje vai a um cinema multiplex, salas bem projetadas, todas computadorizadas, e parece que tudo anda bem, até que alguma coisa dá errado. Uma vez, eu estava na plateia de um deles, quando o filme se partiu, e só depois de uns vinte minutos mais ou menos, já com o gerente pedindo paciência às pessoas, é que tudo voltou ao normal.
Para quem era frequentador dos antigos palácios, a ida aos multiplex evoca uma mistura de sentimentos: as salas atuais são “frias”, não só pelo exagero do ar condicionado, como também pela ausência do clima e do ambiente que fizeram das grandes salas do passado o seu principal atrativo.
Além disso, alguns dos antigos palácios eram não só construções magníficas, como também eram operadas por técnicos cuja competência iria garantir o bom andamento das sessões, por anos a fio. E foi dentro deste escopo que os cinemas construídos pela M-G-M se notabilizaram por décadas, sem falhas na projeção ou no som, até que eles encerrassem suas portas em definitivo. Um resumo desta história é mostrado a seguir.
As salas de exibição da Metro
Não há quem tenha entrado pela primeira vez num dos antigos cinemas Metro e não tenha ficado surpreso com a qualidade técnica e com o ambiente de alto nível, do hall de entrada até a saída. E, no entanto, eram cinemas populares, no sentido de quem ninguém pagava mais caro pelo ingresso, para ter acesso às suas dependências. Certamente muito mais acessíveis ao bolso do que os multiplex de hoje, e ainda assim eles ganhavam em superioridade em todos os quesitos.
Muitos estúdios norte-americanos que por aqui marcaram presença não repetiriam a façanha de criar a sua própria cadeia de cinemas, como o fizeram nos Estados Unidos. Ao invés disso, preferiram criar parcerias com os exibidores locais, e no caso específico da M-G-M, esta parceria se concretizou inicialmente com o exibidor Severiano Ribeiro, no Rio de Janeiro. Ou ainda, como no caso paulista, onde o estúdio arrendou vários cinemas, a partir do fim da década de 1920.
Mas, isso aconteceu até o momento em que a empresa controladora do estúdio, Loew’s Inc., começou a construir cinemas no mundo todo, para escoar a grande produção de filmes da M-G-M. Em Nova York, o arquiteto escocês Thomas White Lamb já havia tomado a iniciativa de construir grandes palácios para projeção dos filmes da Loew’s, mas no Brasil a construção dos cinemas Metro ficou por conta dos escritórios de Robert R. Prentice e do engenheiro arquiteto e urbanista Adalberto Szilard.
Para se ter uma ideia hoje do trabalho de Szilard, basta ver a arquitetura arrojada do prédio da Central do Brasil, construído em 1937, no Rio de Janeiro, com o seu enorme relógio, que foi tema até de letras de música popular.
A contrapartida e a excelência do estúdio
A Metro-Goldwyn-Mayer foi dirigida com mão de ferro por Louis B. Mayer, durante muitos anos, até que, em 1951, o homem forte da Loew’s, Nicholas Schenck, que controlava o estúdio, demitiu L. B. Mayer, depois de uma disputa pessoal de poder entre ambos, e entregou a chefia da M-G-M para Dore Schary.
Ao contrário de Mayer, Schary era muito mais um escritor e cineasta, do que administrador. Mesmo assim, o estúdio continuou durante anos com um formato de produção capaz de colocar na tela filmes de alta qualidade.
O que tornou a M-G-M um estúdio singular foi o fato de a grande maioria dos filmes seguia códigos de produção, impostos por Mayer, que impediam que mesmo os projetos mais baratos ou menos importantes não tivessem o melhor acabamento possível.
O estúdio era dividido em departamentos e estes em unidades. Tinha também um dos melhores locais para a gravação de trilhas sonoras (usado até hoje por gravadoras de audiófilos em alguns projetos), e uma coleção invejável de músicos, compositores e arranjadores.
O estúdio não tinha medo de experimentar novos formatos, e foi assim que a Metro realizou filmes em CinemaScope (formato da Fox), VistaVision (formato da Paramount), Cinerama e no final Super Panavision 70, usado para o Cinerama 70 mm ou Super Cinerama. Não produziu, mas exibiu filmes em 70 mm pelo processo em Dimensão 150, similar ao Cinerama 70.
Quando a produção em bitolas largas ainda era incipiente, a Metro desenvolveu o processo Camera 65, para negativo 65 mm, capaz de ser convertido para cópias de distribuição 35 mm, em vários aspectos de tela diferentes. Através deste processo, a MGM filmou “Raintree County”, em 1957, e “Ben-Hur” em 1959, o segundo dos quais foi depois re-lançado em 70 mm em alguns cinemas. Ambos os filmes foram distribuídos e exibidos em CinemaScope, para atender à maioria dos exibidores da época.
O estúdio foi também um dos poucos que abraçou o som estereofônico, num estágio bem precoce de produção, circa 1938. Em muitos casos, quando ainda nem o som estéreo nem a alta fidelidade eram processos técnica e comercialmente estabelecidos, as gravações eram feitas em pistas separadas, óticas se necessário, o que ajudou posteriormente os preservacionistas no trabalho de recuperação do áudio original dos filmes antigos do estúdio e até mesmo recriar trilhas sonoras inteiras.
A Metro usou tanto o som estereofônico de 4 canais do CinemaScope (3 canais na tela e 1 surround mono), quanto o processo Perspecta. Este último era um pseudo-estéreo, derivado do som mono ótico dos filmes, e controlado por tons inaudíveis inseridos na trilha, que faziam a troca momentânea e direcional em três canais atrás da tela.
A construção dos cinemas no Brasil
O primeiro Metro a ser erguido foi o Metro-Passeio, situado na Rua do Passeio 62, no Centro do Rio de Janeiro. A sala foi inaugurada em 1936, com 1821 lugares, tendo passado para 1481 poltronas posteriormente. O Metro-Passeio foi também a primeira sala de grande porte dotada de ar condicionado, chamado pela empresa de “ar de montanha”, num pequeno outdoor na porta de entrada. O edifício e a decoração interna foi toda feita em art déco, com motivos decorativos que iriam influenciar a construção de muitas salas de exibidores concorrentes.
A seguir, Prentice e colaboradores construíram e inauguraram em São Paulo, um cinema Metro, com formato e decoração idênticos ao Metro-Passeio. A sala abriu em 1938, localizada na Avenida São João 791, centro da cidade.
O ano de 1941 veria o aparecimento dos cinemas Metro-Copacabana e Metro-Tijuca, localizados em regiões que iriam abrigar o maior número de cinemas de bairro.
O Metro-Tijuca foi inaugurado em 10/10/1941, obra de Adalberto Szilard, com 1785 lugares, enquanto que o Metro-Copacabana, abriria em 05/11/1941, com 1708 lugares. O primeiro estava localizado na Praça Saens Peña, mais especificamente na Rua Conde de Bonfim 366, e o segundo, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana 749.
Os detalhes das instalações
As semelhanças arquitetônicas entre os vários cinemas Metro chegam a ser impressionantes. Todos os cuidados foram tomados, no sentido de fornecer ao espectador o maior conforto e o melhor desempenho técnico possível.
Um dos detalhes que mais fascinam, fora as linhas verticais do design art déco, é a instalação do ar condicionado: as saídas para a platéia foram colocadas de forma discreta, bem atrás da decoração do cinema, e as saídas de escape do ar colocadas embaixo das poltronas, sem que o espectador percebesse.
Coincidente com o ano de inauguração do Metro-Passeio foi a introdução do sistema de alto-falantes conhecido como “Shearer Horn”. Até então, as caixas acústicas colocadas atrás da tela tinham pouca ou quase nenhuma fidelidade. Douglas Shearer, do departamento de som da M-G-M, uniu-se ao laboratório da Bell Telephone, para fazer um projeto de pesquisa, com o objetivo de melhorar a reprodução de som nos cinemas. Shearer não hesitou em financiar o projeto, que foi encabeçado pelo engenheiro John Williard, da Western Electric.
O novo design, cujo protótipo ficou pronto em 1935, foi colocado em produção, para instalação nos cinemas da Loew’s Inc. e da Metro.
O protótipo do Shearer Horn consistia de quatro alto falantes Lansing (depois JBL), de baixa freqüência (woofers), modelo 15XS, dentro de um sistema de cornetas. O design sofre modificações, para um modelo contendo dois woofers, e em cima da caixa, uma corneta multicelular, de alta dispersão e eficiência para médios e agudos. O corte entre o woofer e esta corneta fica em 500 Hz. A caixa responde entre 40 Hz a 10 kHz, a ± 2 dB, o que era suficiente para a qualidade de som gravado na época.
Shearer Horn, frente com cornetas para graves (em baixo) e médios e agudos. |
Parte traseira, com visão dos gabinetes de dois woofers e defletores laterais |
A introdução do Shearer Horn (acima) obriga o refinamento do processo de gravação e reprodução do som nos filmes, que era o que a M-G-M queria. O sistema originalmente ligado a ele foi o Mirrophonic, da Western Eletric: trata-se de um dos primeiros processos de gravação ótica na película 35mm. O Mirrorphonic foi então inicialmente introduzido nos cinemas Metro.
Os cinemas abrem com projetores Super Simplex, largamente produzidos na década de 1930, mas a partir de 1937 os primeiros Simplex modelo E-7 começam a ser testados nas cadeias de cinemas da Loew’s Inc., nos Estados Unidos. Com isso, os cinemas Metro trocam os Super Simplex por Simplex E-7.
Os padrões de reprodução de som mudam drasticamente, de banda ótica mono nos filmes, para 4 canais de banda magnética em som estereofônico, no processo de tela larga CinemaScope. Os cinemas Metro foram construídos de tal forma que a adaptação das telas para filmes deste tipo foi facilmente conseguida. Na prática, isto significou alterar a relação de aspecto das mesmas do formato de academia (1.33:1) para 2.55:1, mantendo o palco original e o proscênio dos cinemas:
Inicialmente, são instalados sistemas Perspecta, que consistia em um falso som estereofônico, derivado da banda ótica mono, com três canais na tela, como anteriormente descrito. Eventualmente, os projetores Simplex E-7 são então dotados de leitora magnética Western Electric modelo R-10, para CinemaScope:
Em 1957, os Simplex E-7 são trocados por modelos X-L, também dotados de leitora magnética. As caixas antigas, inadequadas para o som de alta fidelidade obtido na gravação de banda magnética são substituídas por sistemas Altec Lansing Voice of the Theater, modelo A1, na forma de três unidades atrás da tela:
Segundo colecionadores, várias dessas caixas foram achadas quando o Metro-Passeio foi demolido, para a construção do Metro-Boavista. A excelência de reprodução do som dos cinemas é devida também à engenhosidade do design arquitetônico. A este respeito, é admirável o controle da dispersão do som no ambiente aberto, sem qualquer tipo de reverberação, que impedisse a inteligibilidade do som emitido. A reprodução correta de graves e de agudos, difícil de ser obtida em lugar tão amplo, tornou os cinemas Metro um símbolo da qualidade de som e projeção em toda a sua existência.
As cabines de projeção dos cinemas Metro do Rio de Janeiro contavam com dois operadores, para os três projetores Simplex instalados. O de São Paulo contava com seis técnicos e mais um gerente americano, segundo depoimento de um desses operadores, ao livro de Inimá Simões e colaboradores (“Salas de Cinema de São Paulo”, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, 1990, pp. 46-47).
O sistema de projeção dos cinemas Metro no Rio de Janeiro era constantemente inspecionado e calibrado pelo engenheiro Elia Bessos. Os projetores usavam lanternas Ashcraft Super Cinex, dotadas de arco voltaico, com bastões de carvão condutor (eletródios), alimentados com 120 amperes de corrente elétrica. Com isso, a projeção tinha um brilho e uma nitidez na imagem difícil de ser encontrada nos melhores cinemas da concorrência. A lanterna mantém ainda um sistema de auto-regulagem, impedindo que a intensidade da luz caísse durante a projeção:
Em todos os anos de funcionamento, eu nunca vi um sistema desses falhar e a sessão ser interrompida. Mesmo durante a grande enchente de 1966, que deixou o Rio de Janeiro com racionamento de energia, o Metro usava geradores com break automático, para garantir que a qualidade da projeção não fosse prejudicada.
Nos cinemas da Metro todos os detalhes foram planejados com antecedência, incluindo a limpeza e a conservação, o uniforme e a educação de todos os funcionários, até o conforto das salas de espera e das salas de projeção.
O fim do Studio system e a venda dos cinemas a terceiros
Em 1949, o governo americano deu ordens aos cinco principais estúdios de cinema de Hollywood para se desfazerem de suas cadeias exibidoras. A M-G-M e a sua proprietária, Loew’s Inc., resistiram a esta entrega, até meados de 1957. Por volta desta época, a própria M-G-M já havia sofrido enormemente com baques financeiros, tendo desativado vários de seus departamentos.
A retirada de propriedade dos cinemas pelos estúdios foi um duro golpe na produção de filmes. Idealmente, o cinema sobrevive às custas do trinômio produção – distribuição – exibição (exclusiva, de preferência). Cortando a garantia de exibição, as receitas de bilheteria caíram significativamente. Apesar disso, a Metro ainda iria lançar “Gigi”, seu último e luxuoso musical, em 1958. O filme quase não termina, por causa de dificuldades financeiras e de edição do material fotografado, mas depois de lançado ainda teve tempo para ser o recipiente de nove estatuetas Oscar e três Globos de Ouro. O filme marcou o fim da lendária unidade Arthur Freed, de produção de musicais do estúdio. Fechou com chave de ouro, e este filme vale a pena ser visto agora, na sua nova edição em Blu-Ray, completamente restaurado, para quem ainda não viu!
O fechamento dos cinemas no Brasil
Por incrível que pareça, a lei americana não atingiu a cadeia de cinemas Metro no Brasil, ao contrário. Nas décadas de 1950 e 60, os cinemas veriam crescer o seu público, com a mesma qualidade com que foram lançados anos antes. E todos eles continuaram projetando filmes M-G-M exclusivamente, fora algumas produções nacionais obrigatórias.
Apenas o Metro-Passeio foi demolido, para dar lugar ao Metro-Boavista, um dos mais luxuosos e modernos cinemas da cidade. O Metro-Passeio funcionou até 14/10/1964 e o Metro- Boavista começou a funcionar em 21/01/1969. Neste, foi instalado um sistema de 70 mm, dotado de projeção pelo processo Dimensão 150, com tela curva e com som estereofônico de 6 canais. O Metro-Boavista ainda manteve um dos seus Simplex X-L, para 35 mm, ao lado dos modernos Cinemeccanica Victoria V-8, para 35 e 70 mm.
O Metro-Boavista nunca foi demolido. As poltronas e projetores foram retirados, mas a tela e o restante do cinema continua por lá, esperando uma solução qualquer, que nunca aparece.
Menos sorte tiveram os outros cinemas Metro: os Metro-Tijuca e Metro-Copacabana foram demolidos a partir de 26/01/1977, enquanto que o Metro de São Paulo não chegou a ser destruído totalmente, mas o seu interior foi completamente modificado e depois dividido em duas salas, inicialmente Metro 1 e Metro 2, e que depois viraram Metro e Paissandú, até fecharem e se tornarem igreja evangélica.
Antes de fecharem totalmente, os cinemas ainda foram administrados pela Cinema International Corporation (CIC), mas exibindo filmes de outros estúdios, particularmente os da Universal Pictures.
A réplica do Metro-Tijuca em Conservatória
O advogado Ivo Raposo, desde menino, conheceu todas as cabines de cinema localizadas na área da Praça Saens Peña, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi também, ainda muito jovem, operador dos cinemas Santo Afonso e Bruni Saens Peña. Depois que o Metro-Tijuca fechou e começou a ser demolido, Ivo iniciou uma cruzada junto ao curador da massa falida dos cinemas, e depois de muita luta conseguiu que uma parte do material decorativo, projetores e um monte de outros pertences, fossem a ele doados. Se não tivesse feito isso, todo este material teria tido o destino de algum ferro-velho e a memória do cinema completamente apagada.
Parte desta história é contada aos visitantes da réplica por ele construída, na cidade de Conservatória, estado do Rio de Janeiro. Uma massa significativa de seus visitantes se emociona ao ver a fachada intacta do cinema, o seu interior, e principalmente trechos de filmes do estúdio.
Entre os seus últimos visitantes ilustres, estava João Szilard, filho de Adalberto Szilard, que construiu o cinema. Nós tivemos chance de conhecê-lo e de saber de parte da trajetória do pai. Adalberto Szilard, apesar de ser colaborador de Prentice, ficou com toda a responsabilidade do Metro-Tijuca nas mãos, e se alguma comparação pudesse ser feita, nós diríamos, sem nenhum bairrismo, que o Metro-Tijuca foi sem dúvida o melhor e o mais imponente de todos os Metros.
Ivo fez questão de construir a sua cabine usando todos os projetores originais do Metro, recuperados em etapas. Com a modernização dos atuais sistemas, ele teve que fazer algumas modificações na lanterna (já que ninguém mais usa arco voltaico) para lâmpadas de Xenon e instalar Dolby SR, para a parte do áudio, já que praticamente nenhuma cópia com som magnético continua em circulação.
Eu, que já testemunhei o (mal) aproveitamento de projetores dos grandes cinemas (inclusive os V-8 do Metro) usado em outras instalações, posso atestar o zelo e o respeito com que Ivo recuperou e mantém os seus projetores na réplica.
Quem vai a uma das sessões do Metro em Conservatória assiste o mesmo ritual que nos encantava nos cinemas da época: ouve-se o gongo, anunciando o início da sessão, apagam-se as luzes lentamente, a cortina se abre com a projeção do jornal da tela, com direito ao slide do boletim da censura, que marcava o começo de todas as sessões de antigamente.
Flagrantes da sessão
As imagens que ninguém quis ver
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Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.
23 respostas
Cai na sua página pois estava conversando num grupo de Face sobre o fim do Metro Passeio (o texto dizia ser final dos anos 80) Eu acredito que tenha chegado a 1994, por aí, porque me recordo que neste ano, eu trabalhava numa empresa (fiquei pouco tempo) e havia sido publicada uma enquete da revista Domingo, do JB, e o Metro ganhou disparado como melhor sala do Rio (e já estava bem lado B).
Sei que mesmo na fase B o Metro era bom pacas!
De qualquer forma, 1977 não foi. Em 1984 assisti “Top Secret” naquela sala.
Alguém de vocês sabe de alguma pessoa que ainda tem amplificadores e caixas acústicas , speakers e drivers da Western Electric pra vender?
Estou procurando estes itens e pago bem!
Abraços
Caro Paschoal
Ainda ontem,4 de março, fui comemorar o centesimo aniversario do amigo Silvério, operador que inaugurou o Cine Metro Passeio em 1936 e acabou sua atividade profissional em 1977, como operador que fechou o Matro Copacabana. Antes de 1936 trabalhou em alguns cinemas do greupo Severiano Ribeiro. À época, como voce sabe, não havia xenon. Cem anos… que que voce acha?
Eu mesmo inaugurei a cabine do cine Bruni Saens Pena e lá fiquei por cerca de 4 meses sem chaminé na lanterna..Por lei, tomava leite pago pelo exibidor. No cine Santo Afonso trabalhei anos sem exaustor na cabine. Bem não pode fazer pois a fumaça é tóxica mas ao que parce não é mortal.
Abs
Ivo Raposo
Caro Ivo Raposo .
Por favor estou em processo de aposentadoria e meu advogado me perguntou se este carvão poderia fazer mau a saúde ? Eu me lembro que o dono do cinema dava muito leite para eu tomar pois as vezes me sentia muito mal com a fumaça .
Por favor você poderia me dar alguma informação se realmente este carvão poderia nós fazer mau .
Obrigado
Paschoal
Oi Paulo, seu comentario resposta ao Sebastião está perfeito. Carvão sempre foi o nome a que nós operadores referíamos. Aliás, na propria caixa que continha as 50 varetas, lia-se: Carvoes Lorraine, carvões Ringsdorff, carvõs national, etc.. e os proprios foenecedores anunciavan nas revistas especializadas …carvões… Abs Ivo
Oi, Sebastião,
Eu freqüentei cabine por muitos anos, na minha adolescência (o meu tio era, por coincidência, o dono do único cinema de Cajuru, cidade vizinha da sua), e eu nunca soube de nenhum outro nome, mesmo técnico, das varetas de carvão usadas nos projetores. Os operadores chamavam de “carvão” mesmo.
A composição química me parece ser à base de carvão vegetal, dopada com algum tipo de metal condutor (cobre, por exemplo) que derrete junto com a queima do carvão. Cada vareta é, na realidade, um eletródio. A corrente passa em série por duas varetas, geralmente dispostas horizontalmente dentro da lanterna do projetor. Ao tocarem uma na outra elas se incendeiam e formam depois um arco de alto brilho, ao se afastarem. Por causa disto, a iluminação é chamada de arco voltaico. As melhores lanternas deste tipo eram alimentadas com mais de 100 Ampères.
Bem, isto é o que eu sei, mas eu vou encaminhar a sua pergunta ao Ivo Raposo, para ver se ele pode te dizer mais alguma coisa, ok?
Boa tarde a todos !
Por favor a quem possa me ajudar !
Quero saber qual o nome correto dos Carvões que eram usados (queimados ) nas maquinas de projeções dos filmes nos cinemas ?
E se alguém poderia me informar do que eram feitos ?
Por favor no aguardo de resposta no meu email.
Muito obrigado
Abraço
Paschoal
Abraço
Caro Lahir,
Obrigado por suas palavras. Eu não sou tão importante assim como você pensa, apenas um sujeito esforçado e, sob certos aspectos, vivido.
Se você precisar de alguma ajuda, é só entrar em uma das colunas do assunto de seu interesse e escrever um comentário, que eu tento responder assim que possível.
Sobre o Paissandu, ainda posso te dizer que a proprietária também tem duas salas fechadas, apodrecendo, na Tijuca, que eram da divisão do antigo Tijuca-Palace. Um grupo de São Paulo esteve por lá, achou inicialmente que era viável reabrir, mas depois desistiu. E isso já faz anos.
Repare que muitos cinemas do Rio foram construídos debaixo de prédios. Então, a renda dos mesmos continua, e assim bancando os cinemas fechados.
Eu entendo que, enquanto as administrações públicas não fizerem a sua parte, em coisas como impostos, por exemplo, nenhum grupo vai se meter neste tipo de aventura.
O Icaraí está nas mãos da UFF, mas debaixo de uma rotina que eu, como ex-professor da UFRJ, infelizmente, conheço muito bem: burocracia, falta de verba e demora para executar projetos. Até agora, eu desconheço o que eles irão fazer por lá. E note que a UFF tem um escola de cinema, uma das mais antigas. No ano passado mesmo, eu assisti a defesa de tese de doutorado em cinema, de um acadêmico de lá.
O Imperator, na minha opinião, pode esquecer. Nas mãos da prefeitura, ele se transformará, segundo se diz, em algum tipo de centro de lazer. Se a prefeitura tiver um mínimo de boa vontade instalaria por lá algumas salas menores de exibição, porque a área é grande.
Obrigado pela explanação Paulo Roberto.É duro de acreditar mas é verdade.Quando vi que estão tentando reabrir o PASSANDU,o ICARAÍ,o IMPERATOR e que o JOIA já voltou, animei- me em pensar alto. Mas valeu por ter entrado em contato com vc,importante conhecedor do assunto. Caso tenhas alguma novidade envie-me um email.
Devo procurá-lo mais vezes pois estou querendo sugestões para trocar meu projetor por outro mais moderno em HDMI.
abçs
Olha, Lahire, este é o seu desejo, o meu e de um monte de gente que eu conheço.
Nenhum de nós admite que isto não possa acontecer, mas entende que é difícil, porque não há vontade política e nem, aparentemente, empresarial, como aconteceu com o Odeon.
Eu tive conhecimento, em tempos recentes, de um projeto de um museu de cinema, que foi feito por uma pessoa conhecida e com trânsito em cinema, e depois de pronto, nada concreto em relação ao que foi projetado, e nem qualquer consideração com o autor ou satisfação porque o troço todo foi adulterado e levado para fora do ambiente do Rio.
No ano passado, eu tentei um contato com uma pessoa que administra a transferência do antigo MIS, e tentei convencê-la da necessidade de uma ala contendo projetores fabricados no Brasil. Não consegui nada!
É um vexame, não resta dúvida. Mas, teria solução se as partes envolvidas se acertassem. No caso do cinema Palácio, por exemplo, ainda foi tentado um acordo entre o grupo Severiano Ribeiro e a prefeitura do Rio, mas na hora H estes últimos roeram a corda, pura e simplesmente. Então, o cinema foi fechado e vendido à iniciativa de terceiros, que nada têm a haver com a atividade.
Ali no centro, seriam recuperáveis o Metro, o Palácio, o Vitória e o Pathé. Os outros, como o Plaza, a tarefa é quase impossível.
Eu não acredito mais em milagre nem a revitalização do centro, mas se acontecer algum dia eu ainda espero estar vivo!
Prezado Paulo.Sua resposta foi bastante elucidativa e completa.
Porém lendo o que fizeram nos cinemas Metro que ainda existem em outras partes do mundo,constatei o seguinte:
Foram comprados por empresas cinematográficas dos paises em que se situam, reformados, divididos por dentro em várias salas que ostentam a decoração original ou delas se aproximam e a fachada e hall de entradas preservados.Os exemplos mais próximos aqui no Brasil são os cines ROXY no Rio e o MARABÁ em São Paulo.
A programação é diversificada apesar do nome METRO SER MANTIDO.Na India,por exemplo,o Metro de Mombaim dedica quase que 70% de sua programaçaõ aos filmes de Bollywood. Em todos eles um dos objetivos é manter parte do passado preservado fazendo uma ponte com as inovações das salas de cinema atuais e distribuição de filmes.
Acredito que o sistema de projeção também mudou para digital ( de uma olhada no Google que voce verá fotos e comentarios sobre esses cinemas).
Aqui poderiam passar inclusive as novas produções da SONY/MGM que estão sendo produzidas,após a reestruturação financeira da MGM.
Com a atual revitalização do Centro, em particular Lapa e Cinelândia, o METRO com o nome preservado e em mãos de empresários inteligentes ou num conglomerado voltado para área cinematografica,seria uma galinha dos ovos de ouro,ainda mais com o sentimento cada vez maior de nostalgia no mundo inteiro.
Oi, Lahire,
Eu creio que seria, em tese, possível reutilizar o nome Metro e o seu logotipo, mas as negociações hoje em dia teriam que ser feitas com a representante das mesmas, que eu já não sei mais quem é.
O acervo de filmes da M-G-M até um certo período foi leiloado e adquirido pelo empresário Ted Turner. A maioria destes filmes foi restaurado e é comercializado em home video pela Warner Bros.
A M-G-M comprou a United Artists, mas o estúdio tinha sido comprado por Kirk Kerkorian, um empresário de Las Vegas, que vendeu todo o patrimônio da empresa. E foi ele também quem vendeu os cinemas da Metro, fora dos Estados Unidos.
O acervo de filmes MGM/UA subseqüente ainda está nas mãos da M-G-M, e atualmente está sendo distribuído em home video pela Fox, inclusive no Brasil.
Depois do destruidor Kerkorian, a M-G-M já passou de mãos várias vezes e é possível que ela tenha representantes legais no Brasil.
O Metro-Boavista, até onde eu sei, foi construído em parceria com o Banco Boavista, que também não existe mais.
Na época em que eu fiz uma pesquisa sobre a situação deste cinema eu até consegui achar a arquiteta que era responsável pela área, mas ela não retornou nenhum dos meus telefonemas.
Eu conheço gente que conseguiu entrar lá depois da sala fechada, mas todos os projetos para reaproveitá-la como sala de cinema foram frustrados através dos anos.
É teoricamente possível recuperar o Metro-Boavista, ainda que com outro nome. Mas, pessoalmente, eu acho muito difícil. Seria necessária uma força política cultural e iniciativa que os governos locais não têm, para fazer o cinema voltar ao seu esplendor.
Hoje, eu estou convencido do seguinte:
1 – o custo operacional de um “cinema de rua” é muito alto, e exigiria negociação em coisas como IPTU, por exemplo, que são valores muito altos.
2 – esta estória de que cinema de rua (ou qualquer cinema) não tem renda é balela, porque os órgãos controladores estão aí para mostrar o contrário.
3 – os cinemas de shopping também enfrentam custos altos e deficiências de bilheteria, mas você não vê nenhum deles fechando as portas.
Do jeito como a coisa está indo, ressuscitar a glória do Metro (70 mm, etc.) é quase que impossível. Os cinemas atuais estão convertendo para digital, e a relativo curto prazo ficarão com escassez de cópias em película para exibição comercial.
Para voltar a funcionar o Metro-Boavista teria que recomprar todo o equipamento de som e projeção e reformar a sala de projeção. Eu creio que o investimento valha a pena, mas o custo será alto!
Ola Paulo.
Com relação a possibilidade de um dia reativarem o cine METRO BOAVISTA,o nome METRO poderia ser resgatado também?
A marca METRO é emblemática e em caso da reabertura desse cinema o nome deveria permanecer o mesmo.
Quando o Condor Copacabana, comprado pela CIC passou a exibir a programação do Metro Copacabana, por ocasião de seu fechamento,tentou junto aos estudios alterar o nome Condor para Metro. Soube que a empresa cobraria caro com vistas ao retorno da marca em um outro espaço.No caso do Metro Boavista isso tb seria possivel uma vez que ele retirou o nome da fachada e se encontra fechado ha muitos anos?
Finalmente o que poderia ser feito para a sua reabertura? Os cinemas Metro de Porto Rico ,India (Bombaim e Calcutá ), Egito ( Cairo e Alexandria)para citar como exemplo, foram reformados e permanecem em atividade.
Olha, Henriques, havia um projeto de reaproveitamento do Metro-Boavista, que morreu em algum momento, não se sabe como. Tentei, na época da minha pesquisa sobre cinemas do Rio que fecharam, falar com uma arquiteta que supostamente estaria cuidando daquilo ali. Sequer fui atendido pelo telefone, e depois da terceira ligação, desisti!
A Prefeitura do Rio tem todas as cartas na mão, para ressuscitar o Metro-Boavista. Se ela é capaz de montar cinema 3D nas comunidades faveladas, o que aliás, eu acho muito justo e louvável, ela tinha por obrigação resgatar o que sobrou dos cinemas. Só no Centro, ainda estão lá, sem destino, o Palácio (vendido), o Vitória (aparentemente vendido), o Pathé (virou igreja evangélica) e o Metro-Boavista, o mais fácil de ser reaproveitado de todos.
Na Tijuca, sobraram o Carioca, o Comodoro e as duas salas do Tijuca-Palace, este último os donos da Franco-Brasileira decidiram manter fechados, assim como o Paissandu.
Da mesma forma como o Metro-Boavista, o Carioca seria o melhor de todos para uma revitalização. Só que ninguém sabe se alguém do governo ou de alguma entidade privada vai ter peito para fazer isso.
Ai que saudade do Metro Boavista. Assisti ao filme ET naquela sala e fiquei maravilhado. Ainda acho este o melhor filme a que assisti graças a magia do Metro. Vez em quando passo pela construção que ainda não demoliram (graças a Deus). Por favor, algum empresário que esteja lendo este blog, invista na reconstrução deste que foi o melhor cinema do Rio de Janeiro. Assisti ao último filme exibido no Metro e, sempre que passo por lá, sinto uma tristeza que não se iguala a nenhuma outra. Um aperto forte no coração. Assim também quando passo pelo mural lindo que fizeram no demolido cine Tijuca, transformado numa casa e video… O América demolido e transformado em uma drogaria. E o cine Carioca ainda não demolido mas fazendo as vezes de uma igreja evangélica e o grande cine Art-Tijuca demolido e transformado em uma loja Leader. Boicotem todas estas lojas como eu faço. Rezo todos os dias para que alguma alma iluminada recupere estas salas, principalmente o Metro onde assisti aos melhores filmes de minha vida. E que algum político do bem faça uma lei proibindo a demolição de salas de cinema quer estejam localizadas na rua ou em shoppings. Amem.
Olá, Fernando,
Obrigado pela leitura e pelos elogios.
Eu acho literalmente impossível a pessoa se envolver com home theater e passar ao largo quando o assunto é cinema. Eu pelo menos não teria coragem de fazer isso, e sempre espero que o leitor que me acompanha possa entender que são coisas indissociáveis, e me permita aumentar a abrangência do tópico.
Quem escreveu para a Som Três foi o Nolan Leve, que colocou um comentário aí em cima. O Nolan, para quem não sabe, foi um dos sócios da fábrica de amplificadores FBL, durante a década de 1970.
Parabéns Paulo Roberto. Seu artigo me faz lembrar a boa fase da revista Somtrês. Estou cansado das bobagens de boa parte do povo de home theather. Parabéns, parabéns.
Nolan,
Novamente, obrigado!
É digno de nota que, através dos tempos, eu nunca vi esses cinemas vazios! A destruição, pura e simples dos Metros não é só um atentado contra a memória, é também fazer criar um vazio num espaço que pertencia aos locais onde eles existiam e nas pessoas que os associavam àqueles locais.
A gente toda vez que passa lá na Praça e vê aquela loja de roupas, pensa logo que lugar de loja de roupa é nos shoppings, cinema é no meio da rua mesmo!
É uma pena que se acordou muito tarde. Eu ainda não sei como o Carioca foi tombado, mas parabéns para quem o fez. Eu conversei com um dos pastores da igreja que ficou lá, e ele me disse, para minha grata satisfação, que eles foram proibidos de mexer até nas paredes!
Tens razão,Paulo.O nome Boavista tinha me escapado porque desde pequeno era aquele cinema Metro chamado de Metro-Passeio,ao lado da Cinelândia no centro que eu conhecia.Depois da reforma se tornou o espetacular Metro Boavista com um salão gigantesco,instalações confortáveis e um som que mais tarde vim a conhecer e a até alinhar pessoalmente,com a atenta supervisão do Ray Gillon da dolby e do Besos que a representava aqui.Bons tempos,Paulo,bons e saudosos tempos….
Abraços e parabéns novamente pela excelência do artigo,
Nolan
Oi, Nolan,
Se você me permite uma pequena correção, eu acho que você está se referindo às instalações do Metro-Boavista, que foi, até onde eu sei, o único dos Metros adaptado para Dolby Stereo, tanto 35 como 70 mm.
O Dolby Stereo 70 mm a gente aqui em casa ouviu em vários filmes, incluindo a cópia ampliada do filme do Spielberg “E.T.”. Em 70 mm, o que a Dolby fez foi uma adaptação dos 6 canais do Todd-AO, substituindo dois canais da tela, da extrema esquerda e direita, por LFE geminados. Posteriormente, esse formato, que é analógico, como você sabe, passou a Dolby Spectral Recording, já em 5.1, precursor do Dolby Digital.
Até mesmo nas mudanças de instalação, os Metros continuaram a oferecer a mesma qualidade técnica, e certamente o Metro-Boavista era excepcional. E isso prova também que não bastava mudar os projetores para 70 mm, era preciso fazer a instalação e principalmente a manutenção de forma ortodoxa.
Eu digo isso, porque eu freqüentei praticamente todos os cinemas com 70 mm no Rio de Janeiro, e era possível perceber que a qualidade não era a mesma, embora os projetores fossem, como eu recentemente descobri, iguais ou similares.
Mas, os Metros, como você mesmo diz, foram imbatíveis, e poucos os dos concorrentes, que estavam no mesmo nível.
Excelente artigo,Paulo.E triste também.Fui muito no Metro,mas era no passeio,onde assistia quando criança muitos desenhos do Tom&Jerry,desenhos estes que revejo com alegria no meu IPod.Óbvio que não é a mesma coisa,pois o clima na época evocava pura festa. O Metro-Passeio ainda está de pé,mas qualquer dia com certeza vai virar uma profana igreja daqueles profanos “bispos”! Sinal dos tempos.A trinca de “Metros” aqui no Rio (Copacabana,Tijuca e Passeio) era tida como composta pelos melhores cinemas que esta cidade já teve.E eu tive a honra de participar uma vez do alinhamento em Dolby Prologic no Metro Passeio,quando o Sr.Ray Gillon,da própria Dolby esteve aqui.Até hoje guardo o rolinho do filme de alinhamento em 35mm.
Olá, Nepomuceno,
Justamente porque a boiada engordou, maior motivo para aumentar o público nas diversas artes. Infelizmente, não há um estudo, que eu saiba, da queda de receita das salas de exibição, mas eu sempre ouvi essa cantilena de que o cinema de rua dá prejuízo, ou que os cinemas em geral dão prejuízo. Mas, não faz muito tempo, que eu liguei para o órgão que toma conta das bilheterias, e a moça que me atendeu, quando eu comentei isso, ela me disse que eu estava redondamente enganado.
O problema maior das grandes salas é o custo da manutenção. O exibidor hoje, com poucos funcionários, faz funcionar 6 salas ou mais, todas automatizadas, enquanto que nas melhores salas de outrora era comum eles terem dois operadores por cabine, um chamado “foguista”, que cobria alguém, e técnicos para manutenção.
De qualquer forma, nada justifica, a meu ver, o vandalismo que foi a destruição desses magníficos ambientes, e não é incomum tocar neste assunto com alguém e ver que as pessoas se sentem todas lesadas, uma perda da memória, no caso aqui da Tijuca, totalmente inconcebível. Eu estive numa reunião no bairro sobre o assunto, e você precisava ouvir o discurso das pessoas que estavam lá. Saudade é pouco para descrever o que elas sentiam.
Por outro lado, eu concordo totalmente contigo, de que a gente está sendo tratado cada vez como o gado que engordou. As instituições públicas são incapazes, nos faltam com o respeito e os provedores de serviço, via-de-regra, nos tratam apenas como fonte de arrecadação de dinheiro.
Paulo, muito bom o retrospecto.
Mas acho que em uma cidade que cresceu tanto, o modelo de cinemão se tornou obsoleto.
Assim como vários outros ajustes. Nos tornamos mais gados do que antes, pois a boiada engordou.
Concordas?
abraços,
Nepô.