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A coleção completa de Tom & Jerry, filmada em CinemaScope

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A Warner lançou a coleção completa dos desenhos Tom & Jerry em CinemaScope, redigitalizados para alta definição, com correção de cores e limpeza dos fotogramas. O resultado é espetacular.

A Warner lançou a coleção completa dos desenhos Tom & Jerry em CinemaScope, redigitalizados para alta definição, com correção de cores e limpeza dos fotogramas. O resultado é espetacular.

 

Em janeiro deste ano a Warner Brothers anunciou o lançamento da coleção completa dos curtas de Tom & Jerry em formato CinemaScope, como parte da coleção Archive Collection. O disco saiu dias atrás, disponível na Amazon do Brasil, e eu fui atrás dele.

São 23 desenhos, em ordem cronológica de lançamento, e mais 3 outros feitos na época, mas que em dois deles os personagens são só os dois cachorros Spike e Tyke, seu filhote. O terceiro é uma refilmagem de um antigo desenho feito no estúdio, de outros autores.

Esta é a primeira vez que os arquivistas que pesquisam os acervos do antigo estúdio de animação da MGM se dedicaram a este projeto, o qual é, entre outras coisas, super importante para colecionadores e fãs dos filmes clássicos da dupla Tom & Jerry. A série anterior Golden teve o lançamento do volume 1, mas o 2 nunca apareceu.

Toda esta série de filmes embarcou na era do CinemaScope, que foi o principal dos formatos de tela larga usados para combater a perda de bilheteria causada pela presença da televisão na década de 1950. A produção, embora extensa, coincidiu com fim do estúdio de animação. Eu hoje tenho uns 90% de certeza de que nenhum desses filmes foi projetado nos Festivais Tom Jerry que eu frequentei ainda menino década de 1950. Na realidade, pesquisadores sabem hoje que muitos desenhos em CinemaScope foram formatados para a tela convencional, porque no início da projeção nesse formato muitos cinemas ainda não tinham instalado telas apropriadas. Aliás, nem o próprio Metro-Tijuca.

O Metro aqui da Praça Saens Peña projetou os desenhos em CinemaScope quando o filme principal era também deste formato, normalmente depois do jornal da tela. Eu nunca assisti no Metro toda essa coleção, portanto o lançamento do Blu-Ray foi muito bem-vindo.

A recuperação dos curtas

O formato de tela CinemaScope do seu início foi de uma relação de aspecto de 2.55:1, com a trilha sonora apenas em banda magnética com 4 canais, 3 na tela e 1 surround, este último raramente usado.

Para surpresa dos arquivistas, os negativos de câmera que foram achados estavam no formato 2.35:1, bem antes da Fox ter mudado para esta relação de aspecto, adaptando as cópias de cinema para som ótico, além do magnético (“magoptical”). O achado é estranho, e não se sabe se a MGM resolveu fazer assim de propósito, porque uma das consequências obtidas na distribuição dos filmes que a favoreceu foi a de permitir que cinemas sem som estereofônco pudessem projetar os desenhos.

Havia na época, uma alternativa ao som magnético, que era o Perspecta Sound, banda ótica monaural, processada por um decodificador analógico, para distribuição do som em 3 canais atrás da tela, uma espécie de falso estéreo:

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O Ivo Raposo, que construiu a réplica do Metro-Tijuca, me mostrou uma vez um panfleto mostrando que o cinema tinha som Perspecta instalado, mas, por coincidência, eu nunca nem sequer ouvi o som estereofônico magnético, apesar da presença das cabeças leitoras instaladas no topo dos projetores.

No disco Blu-Ray, apenas os primeiros 3 curtas são apresentados com som estereofônico normal de 3 canais, o restante da coleção, inclusive os curtas com som Perspecta, em mono mesmo.

No passado distante, apareceram boatos na Internet de que as trilhas magnéticas dos desenhos Tom & Jerry haviam sido achadas. No entanto, é bastante possível que seriam apenas as fitas originais das gravações feitas na época, não necessariamente estéreo, com filme magnético 35 mm, como era padrão na era CinemaScope. Aliás, a MGM foi pioneira neste tipo de gravação e o usou em muitos filmes do formato widescreen.

O disco da coleção

Todos os curtas recuperados foram redigitalizados para alta definição, com correção de cores e limpeza dos fotogramas. O resultado é simplesmente espetacular, a sensação é de se estar vendo os desenhos com a mesma clareza de cores que se via nos cinemas! Aliado à restauração, os discos da Archive Collection são autorados com baixa compressão, um bitrate com mais de 30 Mpbs, gerando assim uma imagem 1080p da melhor qualidade possível.

A tela de apresentação dos desenhos, com a conhecida fanfarra, passa a ganhar nova dimensão:

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Bem como a introdução antiga dos personagens:

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Nos últimos curtas, a apresentação foi modificada:

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Em vários curtas, o logo CinemaScope é exibido no canto direito inferior da tela:

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O som é simplesmente magnífico. No primeiro episódio “Pet Peeve”, os diálogos são direcionais, típico do CinemaScope. E nos demais curtas não estereofônicos a dinâmica da gravação é facilmente perceptível. Isso reforça a qualidade das virtuosas orquestrações de Scott Bradley, e dos efeitos sonoplásticos, feitos pela orquestra da MGM.

O fechamento do estúdio de animação

Bem antes de 1957 já haviam rumores de que o estúdio de animação seria fechado, com o objetivo de poupar despesas, mas as produções continuavam e davam lucro. A decisão final de fechar, ocorrida em 1957, segundo Joseph Barbera contou, foi feita com uma ordem da Loew’s Incorporated, dona da MGM, dada pelo telefone.

A decepção, segundo Barbera, foi enorme. Ele e William Hanna, criadores de Tom & Jerry, fizeram as malas e foram embora, deixando alguns desenhos prontos. Hanna sugeriu produzir para a televisão. Os dois tomaram a precaução de levar com eles os seus colaboradores. Os desenhos da TV sempre foram econômicos, mas de enorme sucesso nas décadas seguintes, com o nome da produtora Hanna-Barbera.

A coleção da Warner comemora os 85 anos de vida da dupla Hanna e Barbera, que começou a lançar Tom & Jerry a partir de 1940. A mágica desses dois é, até hoje, inigualável. Todos os requintes de produção foram seguidos.

Depois que Hanna e Barbera se foram, os “gênios” do dinheiro descobriram que o estúdio de animação dava lucro, tentaram trazer os dois de volta, mas eles estavam se dando bem no novo ambiente e, com justa razão, não quiseram voltar.

A MGM reabriu o estúdio com sucessivos animadores de renome, mas nenhum deles deu continuidade à antiga mágica, e no final, o estúdio fechou de vez. É óbvio que, para quem assistiu Tom & Jerry nos cinemas, a graça dos antigos desenhos havia sido perdida para sempre.

Muita gente criticou o conteúdo de violência e de racismo exibido nos desenhos antigos, mas nada disso diminuiu a arte dos antigos animadores, porque eles apenas visualizaram como era na época em que os desenhos foram feitos. Durante muito tempo, colecionadores reclamaram dos cortes, com toda a razão, e a Warner finalmente resolveu parar com esta indecência. Na coleção atual não há um corte sequer!

No mundo do home vídeo existem momentos completamente diferentes, de uma hora para a outra. Na Golden Collection, a ideia era também de compilar os desenhos em ordem cronológica, mas a sequência dos desenhos parou no Volume 1. Não se sabe, até até agora, se esta sequência será seguida e se o Volume 2 ainda vai ser lançado. [Webinsider]

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Tom & Jerry e os heróis das matinês

Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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