Arquitetura de Informação: testes de usabilidade

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Segundo o arquiteto Wurman, informação deveria ser aquilo que leva à compreensão. O grande volume de informações disponíveis e a forma como são estruturadas e apresentadas ao público tornam grande parte delas inúteis. O exagero típico na nossa era apagou as diferenças entre dados e informação, entre fatos e conhecimento.

Esse fenômeno está na raiz da chamada “ansiedade de informação” – um mal–estar crônico gerado pelo buraco negro que existe entre os dados brutos e o conhecimento. A epidemia, identificada por Wurman, se manifesta como o medo de sermos “esmagados” pelo próprio material de que necessitamos para agir neste mundo: a informação.

A confusão entre transmitir dados e criar mensagens com significado pode ter tido sua origem na atenção demasiada dada aos computadores (máquinas) e na pouca atenção dada aos usuários (seres humanos). Isso nos aponta para problemas da usabilidade da interação humano–computador.

É justamente nessa hora que entra a Arquitetura de Informação, em defesa do usuário, lançando mão de uma de suas principais técnicas: os testes de usabilidade. Eles são os instrumentos mais indicados para medir a taxa de sucesso da busca de informações e para pesquisar o comportamento dos indivíduos durante a interação com os sistemas informatizados.

Os testes de usabilidade surgiram no lendário laboratório PARC da Xerox e foram aplicados pela primeira vez pela equipe de cientistas que desenvolveu o computador ALTO, com o objetivo de definir quantos botões deveriam ser colocados num mouse.

Registrados em vídeo ou em áudio, usuários interagem com um sistema computadorizado, em laboratórios equipados para checar a eficiência das interfaces gráficas. Os testes de usabilidade são empregados largamente na indústria de software dos EUA, no desenvolvimento de websites e na telefonia móvel. Na foto acima, estudantes de Desenho Industrial do Rio aplicam testes para avaliar o site da Associação dos Designers Gráficos (ADG) e propor alterações.

Testes com usuários devem incluir uma variada gama de audiências. É importante mesclar testes com pessoas que têm e que não têm familiaridade com os sistemas, já que os experts e os novatos demonstram comportamentos diversos e às vezes opostos. O mesmo ocorre com pessoas de idades e educação diferentes.

No caso da web, podem–se espalhar testes por áreas distintas dos sites e por diferentes níveis de sua arquitetura informacional. Métricas podem incluir o número de cliques e o tempo investido para encontrar informações. É fundamental escolher bem as tarefas a serem realizadas pelos participantes.

Como se pode ver, há técnicas com certo grau de sofisticação inerentes ao trabalho do arquiteto ou do designer de interfaces à disposição. O profissional deve se preocupar com o modo como o usuário interage com o conteúdo e o seu contexto. A observação sistemática é fundamental: na telas de computadores, ao abrir e fechar janelas e ao deslizar elevadores, as relações da informação expressam–se, temporariamente, como parte dos movimentos e das interações do usuário. Isso é o que difere a mídia impressa da mídia interativa, e daí a importância dos testes de interação.

Uma coisa superimportante, que já deu pra você notar: na mídia informatizada, a Arquitetura é de Interação além de ser de Informação. E seria melhor que fosse chamada assim mesmo, para explicitar de uma vez os conceitos de que falamos e com os quais diversos autores trabalham… Com a devida licença pedida a Wurman, é claro, pois ele cunhou a expressão original. Nesse caso, poderíamos utilizar a abreviação AI2 para identificar Arquitetura de Informação e de Interação – uma sigla bem ao estilo das buzzwords da internet. O que você acha?

Bem, ficamos combinados assim: fecharemos agora a janela do navegador e iremos correndo contar a novidade para os nossos colegas, juntamente com uma idéia genial para apresentarmos ao cliente na próxima reunião – a idéia de que o usuário também conta e que deve ser levado em consideração no projeto dos ambientes informacionais! [Webinsider]

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Referências:

ROSENFELD, L; MORVILLE, P. Information Architecture for the World Wide Web. Sebastopol, CA: O’Reilly; 2002.

WURMAN, Richard S. Ansiedade de Informação. São Paulo: Cultura Editores Associados; 2003.

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Luiz Agner (luizagner@gmail.com) é doutorando em Design pela PUC-Rio e programador visual do IBGE

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