A nova onda da Apple

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A primeira mágica
Até meados da década de 80, os computadores eram utilizados por poucas pessoas, a maior parte por profissionais de cunho técnico. Uma das grandes razões da baixa penetração era justamente o fato destas máquinas serem difíceis, quase desagradáveis de usar. Neste cenário, a jovem empresa Apple compreendeu o problema como uma barreira fundamental para a expansão do uso e conseqüente venda de computadores, resolvendo assim considerar o fator humano na questão. Foram então lançados no mercado os até hoje famosos computadores Macintosh, fáceis de usar e elegantemente projetados desde o desenho industrial, ao sistema operacional, até a arquitetura do hardware.

Steve Jobs, fundador–líder da Apple e visionário de plantão, estava então permitindo a chegada do computador pessoal às massas, que – mesmo sem conhecimento técnico – podiam utilizar computadores na sua vida pessoal e no seu trabalho. Jobs consegue em um toque de mágica fazer com que uma tecnologia complexa se torne simples – mudando assim a maneira como vemos o mundo.

Realidade darwiniana
A idéia do Mac era realmente brilhante e fez com que a Apple se tornasse líder na indústria de computadores pessoais na década de 80. O problema natural é que outras empresas logo notaram as mesmas questões e passaram a adotar estratégias similares em seus produtos. Começa a era da “Guerra dos PCs”, na qual a sensacional perspicácia da Microsoft, somada a alguns erros sérios de estratégia da Apple, fez com que a primeira fosse a vencedora inquestionável da competição. Hoje o Mac tem 3% do mercado global, e menos que isso no Brasil. Já o Windows, reina hoje absoluto com 94% de penetração nos computadores pessoais. A história prova que uma boa idéia somente não é garantia de vitória.

Caos
Ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia ao longo dos anos, a internet e as redes wireless se desenvolviam permitindo a entrega de bits em velocidades até então inimagináveis. Em paralelo, conteúdos em todas as suas formas (música, texto, foto, filme) vão sendo transformados para o formato digital. Some a isso a evolução dos processadores, displays de cristal líquido e hardwares em geral – cada vez menores e mais poderosos.

Está claro de que a forma como escutamos música, assistimos a filmes, e mesmo como realizamos a leitura de livros irá sofrer profundas transformações nos próximos anos. No entanto, todo esse caos tecnológico precisa ganhar entropia, e assim tomar forma como algo útil e simples. Ninguém melhor que Steve Jobs para essa missão.

A segunda mágica
Os movimentos da Apple começam a dar claras sinalizações que Jobs tem a capacidade de dissolver as fronteiras entre os universos da computação e do conteúdo. A ponte entre estas duas indústrias é a premissa para que a maneira como hoje usamos a mídia para entretenimento, informação e educação se torne coisa do passado.

A mágica começa com o pequeno iPod (player de música em MP3) que pode gravar algo em torno de 10 mil canções – sendo um aparato menor que um baralho de cartas. Em conjunto, a iTunes, a loja virtual que funciona em seu PC (Mac ou Windows), e na qual pode se comprar músicas MP3 a US$ 0,99 a unidade, e transferi–las a seu iPod. Esta é a maior revolução na maneira de se escutar música desde a introdução do walkman pela Sony em 1979.

Na verdade, Jobs foi um dos principais interlocutores com a indústria fonográfica durante o terror da crise Napster, convencendo–os de que não adiantava simplesmente tentar eliminar as formas de distribuição digital. A saída está em descobrir como ganhar dinheiro com este novo e inevitável canal com o consumidor. Assim, a indústria fonográfica concordou em colocar suas músicas à venda na iTunes, a loja de e–commerce da Apple. A Apple vendeu 730 mil iPods durante os últimos quatro meses e a loja iTunes vendeu 30 milhões de músicas em sete meses. Note que a loja ainda é uma operação não lucrativa, mas fundamental para retroalimentar as vendas do iPod – o qual aliás a Apple vai licenciar para a Hewlett–Packard, que também vai colocar a loja iTunes em todos os PCs da HP. Assim, a Apple multiplica as possibilidades de venda da plataforma, não cometendo novamente o erro estratégico histórico que fez ao fechar a arquitetura do Mac nos anos 80.

Filmes e sonhos
A outra iniciativa de Jobs é a Pixar, produtora de animações em computação gráfica alá Procurando Nemo, filme campeão de bilheteria nos EUA em 2003. A Pixar fez cinco mega lançamentos, sendo que três foram blockbusters (os outros foram Toy Stories e Monster S.A.). Ou seja, Jobs poduz conteúdo e também mantém um elo direto com a industria de entretenimento – neste caso a Walt Disney Co.

A Apple está rompendo a barreira entre indústrias, integrando o conceito de conteúdo e computação. Assim, está se reposicionando como uma empresa de “e–entertainment”, como o mercado começa a batizar esta tendência. Jobs não pára de sonhar em como mudar a forma como vemos (e usamos) o mundo. Espero que a realidade seja boa o suficiente para alcançar estes sonhos. [Webinsider]

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Marcello Póvoa (mpovoa@mppinterativa.com) é fundador e diretor executivo da MPP Interativa.

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