Pesquisas qualitativas migram para a web nos EUA

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Entre as minhas mensagens novas na caixa de entrada do correio eletrônico, recebo o informativo de uma revista feminina americana. Além de chamadas para as principais matérias da próxima edição e notícias recentes postadas no site, aprecio promoções, destaques em produtos vendidos num catálogo eletrônico da própria publicação e um convite para participar de uma pesquisa.

A recompensa, um número para um sorteio de vários kits de cosméticos, é atraente. E lá vou eu seguir o link indicado. Em menos de 10 minutos, e de maneira muito simples, completo o percurso, fornecendo informações valiosas sobre o meu perfil e hábitos de consumo para uma montadora de carros (aposto, pelo teor da pesquisa); além de despejar ali boas idéias sobre o que gostaria de ver publicado, fazendo a festa da equipe editorial em próximas reuniões de pauta; e ainda dando à área comercial da editora dados para justificar preços e adequação da mídia para investidas publicitárias de empresas ligadas ao mercado automobilístico.

Isto tudo sem sair de casa e sem me sentir invadida por telefonemas de operadores de telemarketing que apenas recitam seus scripts ou de cartas-resposta que invariavelmente parariam no lixo. Da mesma forma, a empresa que encomendou a pesquisa reduziu seus gastos e teve acesso a resultados de maneira rápida, provavelmente com a possibilidade de emissão de relatórios diversos a partir da mesma base de dados. Ganha-ganha total, com todo mundo muito feliz (eu mesma, pela experiência, apesar do azar no sorteio).

Vantagens na operação pela rede

E estes são apenas alguns dos benefícios ao se usar a internet como base para aplicação de questionários. Profissionais do meio ressaltam em artigos acadêmicos divulgados pela web as vantagens desta nova forma de fazer pesquisas:

  • facilidade em modificar as questões,
  • fácil acesso a dados preliminares,
  • possibilidade de criação de cota de controle num clique,
  • retirada de ?temperatura? a qualquer momento,
  • checagem da validade dos dados,
  • boa resposta e atenção por parte do público,
  • baixo custo para implementação e
  • excelência na possibilidade de personalização de questionários.

E ainda, ao se optar por esta plataforma, não se concorre com os já saturados meios de pesquisa por e-mail e telefone, que, de tão usados, contam também com vários mecanismos desenvolvidos para impedir o contato, como sistemas anti-spam, binas, secretárias eletrônicas…

Quando o incentivo se une à facilidade de acesso

Dependendo do mercado a ser estudado, e se ele está na internet, é jogo rápido, barato e certo. Tão certo que nos Estados Unidos já existem empresas especializadas somente nestas pesquisas quantitativas via internet. A e-Rewards, que recebeu aporte financeiro do grupo investidor Sutter Hill Ventures, por exemplo, promete resultados aos clientes e recompensas aos afiliados (leia-se: ?ratinhos de laboratório? humanos por livre e espontânea vontade).

Misturando conceitos de clube de vantagens e rede de relacionamento, a empresa, através do site, convida pessoas a se cadastrarem. Uma vez com uma conta ativa, você pode definir o quanto quer participar (ou quantos convites para pesquisa por e-mail quer receber). A cada pesquisa respondida, o membro ganha pontos, que variam de acordo com a utilidade dentro da pesquisa. Se for barrado logo nas primeiras perguntas de qualificação, ganha só um agrado pequeno. Respondendo a tudo, enche a carteira digital.

Com os pontos, pode-se fazer ?compras? entre as empresas clientes da pesquisadora. Eu, por exemplo, respondi questionários sobre serviços de telefonia e decoração e reverti o meu ?trabalho? em locações gratuitas de DVDs na Blockbuster, outra cliente. Além dela, são patrocinadores a Pizza Hut, a rede de locação de automóveis Hertz, o conglomerado Hilton e várias companhias aéreas.

Faça você mesmo

Pipocam também empresas que oferecem desde software a consultoria para realização de pesquisas de opinião pela web. Dê um ?Google? em web survey software e veja a popularidade do tema.

São páginas e páginas com links para oferta de produtos com funcionalidades variadas a modelos prontos para mercados e objetivos bem específicos. Não faltam também dicas de como montar a pesquisa por conta própria.

Tudo isto me põe a pensar: com esta discussão toda sobre a revolução que a banda larga trouxe, fazendo a internet tão mais presente na vida das pessoas, estamos nos perdendo muito olhando para o futuro e esquecendo de fazer no presente o básico, de transpor tarefas práticas do mundo real para o virtual?

Ou isto só acontece com os visionários preocupados em serem pioneiros nos novos negócios e o problema com os comunicadores brasileiros é justamente o contrário. Eles estariam se limitando demais ao determinar as regras da publicidade e novo jornalismo na internet e se esquecendo que justamente por ela ser uma via de múltiplas mãos que tanto jornalismo e publicidade perderam seu chão firme em primeiro lugar.

Então comunicadores brasileiros, que tal fazer o exercício diário e se perguntar, que ferramenta nova vou usar/testar através da internet hoje? [Webinsider]

.

<strong>Gabriela Simionato Klein</strong> (gaby@mindsell.com) é jornalista, radicada nos Estados Unidos e também escreve no blog <strong><a href="http://www.debaixodaminhapele.blogspot.com" rel="externo">Debaixo da minha pele</a></strong>

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9 respostas

  1. Oi Pedro,

    Na e-Rewards vc faz um cadastro, que fica retido/protegido com eles, e responde pesquisas em diferentes sites. Como a filtragem é feita pela empresa, eles têm a certeza de que a pessoa vai participar apenas uma vez e tem perfil adequado (gênero, perfil de consumo). Na hora da pesquisa, outras perguntas são feitas. Como você não sabe para qual empresa é destinada (pode apenas intuir no fim da pesquisa pelo teor das perguntas), não há como planejar a resposta certa para se manter até o final e ganhar a premiação total. Já fui eliminada de pesquisa dando a mesma resposta que me manteve em outra (quanto ao meu perfil profissional). Agora, se a pessoa decidir mentir, mentirá em formulário de papel ou ao telefone.

    O interessante é que alguns pesquisadores ressaltam o benefício do anonimato na web e da ausência de contato humano para recolher boas respostas, como este http://www.socresonline.org.uk/2/2/2.html, que testou o meio para pesquisa sociológica sobre uso de drogas. Ele também ressalta o benefício de atingir pessoas em lugares distantes.

    Em relação a este diferencial em particular, outra pesquisa é exemplo. Foi feita no mundo inteiro entre profissionais de saúde levantou os efeitos colaterais do uso de um medicamento para o ramo oftalmológico. Veja em http://bjo.bmj.com/cgi/content/full/90/11/1344 .

    Para ver um pouco sobre melhores práticas: http://www.techsoup.org/learningcenter/internet/page5048.cfm

    É claro que você encontra também uma vertente vendo a proliferação destas pesquisas como meio de fazer dinheiro (e viver disto), mas não acredito que existam tantos ?pesquisados profissionais? assim e que a ?atuação? deles em si seja ?profissionalizada?. De qualquer forma, segue a dica de artigo sobre isto: http://ezinearticles.com/?Paid-Survey;-Making-Money-Online&id=439337

    Qualquer dúvida ou questão extra, por favor, entre em contato.

    Um abraço

    Gabriela

  2. Muito interessante.

    Uma pergunta: já há estudo informando se há mais ou menos chance de respostas dadas à distância serem verdadeiras?

  3. Há pouco recebi uma pesquisa do Senac a respeito da qualidade de atendimento. Infelizmente nada tinha de atrativo, além da busca de informações. Em 20 questões notei que fica meio chato e massante falar sobre a empresa sem que tenhamos um espaço para colocar idéias e propor soluções. Gostei muito desta idéia, até para o crescimento das próprias empresas e serviços.

  4. Iris,

    Fico feliz que você tenha achado a matéria interessante a ponto de colocar no seu blog e divulgar esta tendência indicada pelo maduro mercado norte-americano. Realmente a intenção foi mostrar que nesta realidade as pesquisas qualitativas feitas pela internet têm sido usadas de maneira massiva, sempre, e não só como jobs para projetos pontuais. Para vc ter uma idéia, é muito comum receber também o convite para participação de pesquisas no verso de cupons fiscais, seja em lojas de departamento ou fast foods. O código para uma pesquisa via web vem indicado. Imagine a quantidade de informações que estes caras cruzam facilmente e com uma amostragem imensa! O interesse em ouvir constantemente o consumidor e em responder rapidamente a isto se uniu aos benefícios do uso da internet para este fim.

    Cris,

    É verdade, o incentivo à participação é essencial. Além do prazer de ser ouvido, o consumidor quer também um motivador pelo uso de seu tempo. O que achei muito bem sacado no caso da e-Rewards, empresa que escolhi como case para a matéria, é que eles utilizam os brindes dos próprios clientes como recompensa. E vc não necessita ficar juntando pontos eternamente, a não ser que queira uma premiação excepcional. Uma pesquisa respondida já garante um prêmio interessante, o que faz com que o participante cadastrado queira voltar sempre, mantendo a coisa rolando. Até porque, caso vc escolha uma relação intensa com a empresa, vai ter convite para pesquisa pipocando na sua caixa de entrada de e-mail de duas a três vezes por semana.

    Gabriela

  5. Eu, por exemplo, respondi questionários sobre serviços de telefonia e decoração e reverti o meu ?trabalho? em locações gratuitas de DVDs na Blockbuster, outra cliente

    Essa parte já é mais interessante…

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