Reflexões sobre o conteúdo gerado pelo usuário

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Depois do viral, do Orkut e do Second Life, a moda em comunicação online é User Generated Content (UGC).

Seja por meio de colaborações para o conteúdo de um site ou mesmo de uma idéia para um filme ou anúncio, a participação dos clientes tem sido incentivada e premiada como uma ferramenta de marketing.

O potencial dessa ferramenta é muito grande, afinal, são os consumidores que usam seu produto e podem dizer se a comunicação está adequada, se o produto é bom, dar dicas de uso que você nunca imaginou e até mesmo criar conteúdos usando seus produtos (como uma foto para uma empresa que vende câmeras ou uma receita para uma indústria de alimentos).

Apesar de todo esse potencial, existem muitas questões a serem respondidas. Este artigo vai falar de algumas delas.

1. Verdade ou mentira?

Como diferenciar verdade e mentira: esse é o ponto crítico do conteúdo gerado pelos usuários (não gosto da palavra usuário, mas é melhor que internauta).

Antigamente, nas salas de chat dos portais, era possível conversar reservadamente com uma pessoa, sem que as outras pessoas da sala soubessem. E sempre tinha um engraçadinho que dizia que apertando ?Control + W? era possível enxergar essas conversas reservadas. O comando, na verdade, fechava a janela.

Outro ponto é que mesmo as verdades nem sempre são confiáveis. Por exemplo, em um site onde os usuários publicam notícias e as mais votadas ficam nas melhores posições da página, 20% dos usuários representavam 80% dos votos, mostrando que alguns usuários haviam criado sistemas que roubavam para que determinadas notícias ficassem sempre no topo.

2. Colaboração por uma causa X colaboração por uma marca

Será que a colaboração para uma marca seria a mesma que a colaboração por uma causa? Seus clientes fariam por você o mesmo que fazem pela Wikipedia?

Para marcas amadas como a Apple, provavelmente sim. Para outras marcas, um projeto de UGC poderia ficar naquele ponto chato em que apenas uma dúzia de pessoas participa, não justificando os custos do projeto.

3. Vai acabar com as agências e o emprego dos publicitários?

De um lado, nada mais justo que chegar a vez do consumidor dar sua mensagem. Afinal, boa parte dos publicitários está bem longe de um ônibus, um mercado de bairro ou um prato feito, onde a vida realmente acontece. Do outro lado, também tem razão quem diz que é preciso ter um mínimo de experiência e conhecimento técnico para criar um bom filme publicitário ? em quantos jantares você já não ouviu alguma tia falando para você fazer um ?comercial com cachorrinhos ou bebês??

Os dois lados têm razão, tanto que muitos desses conteúdos têm sido feitos por gente que já tem experiência no assunto: publicitários que não têm vez ou que não querem trabalhar em agências. Há muito tempo pequenas e médias empresas fazem isso, usando os trabalhos de freelas.

Para terminar esse ponto, as empresas não costumam arriscar tanto assim para gerar uma revolução.

4. UGC X Long Tail

Aparentemente, nada mais ?Cauda Longa? que abrir espaços para que cada usuário crie o seu conteúdo para compartilhar com os outros. Porém, isso nem sempre é verdade. O filme de Doritos veiculado no Super Bowl foi um exemplo: criado por um único consumidor, inclusive com técnicas publicitárias, foi assistido por milhões de pessoas.

5. UGC é auto-administrável?

A web é como o mundo real: mesmo com regras e pessoas se monitorando o tempo todo, sempre tem alguém que foge à regra. Nem mesmo os mecanismos mais abertos, como a Wikipedia, ficam isentos, precisando às vezes bloquear alguns verbetes (Cicarelli, por exemplo). Não existe auto-administração.

A Wikipedia é um exemplo, o YouTube é outro: de direitos autorais a conteúdos ofensivos, é preciso ter grande controle se você quiser abrir um espaço para seus consumidores.

6. O maior fenômeno ?user generated? do Brasil

Vale lembrar que as eleições correspondem ao maior fenômeno brasileiro gerado pelo consumidor no Brasil. Dispensa comentários.

7. O UGC tem futuro?

Apesar de muitas coisas para aperfeiçoar, o conceito de UGC já é o futuro. É revolucionário e tem sido fonte para algumas das mais bem sucedidas idéias online. Porém, seu uso como ferramenta de marketing ainda não foi explorado da melhor maneira. Está aí, portanto, uma grande oportunidade para aproveitar. [Webinsider]

Cezar Calligaris (cezar@gmail.com) é consultor de projetos digitais no Reino Unido.

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4 respostas

  1. eita assuntinho cabuloso 😀

    é engraçado como isso vem fazendo agências e clientes pensarem que podem transformar da noite para o dia consumidores em fãs, a ponto de estes contribuírem gratuitamente com uma campanha.

    inocência à parte, ou vc tem uma boa promoção ou vc tem uma supermarca. ou, claro, uma idéia genial que faça o consumidor/colaborador esquecer tudo e gastar uns poucos minutos no seu hotsite.

    acredito bem mais em causas. vivemos num vácuo ideológico, certo? nada mais interessante que se sentir útil, construindo um mundo suportável. melhor ainda: que tal fazer isso do seu pc, formando opiniões, mobilizando milhares de pessoas e, ainda, gastando uns poucos minutos? parece bem mais tentador. e útil.

    a pergunta é: dá pra juntar uma marca com uma causa? dá pra fazer com bom humor? dá pra não fazer o consumidor de otário? dá. mas – perdão pelo chavão – tem que ser sincero, senão a relação azeda.

    parabéns pelo artigo, cezar 😉
    abração.

  2. Artigo muito bom.
    Agora minha observação quanto a este cenário: Eu acho que pra vc ser um profissional de comunicação, um publicitário ou afins, vc precisa de no mínimo EXPERIÊNCIA e ESTUDO pra saber como dirigir uma campanha publicitária.

    Creio que uma campanha que retorne lucro e resultados pro cliente, ela deva se submeter a um estudo, que vai desde a linguagem visual, à mensagem publicitária vinculada.

    Agora, se qualquer um pode fazer uma propaganda, pra que então se dar ao trabalho de todo o estudo e análise? Pra onde vão os anos de pesquisa, empenho e experiência?

    Eu acho que por mais que tenha seus poréns caímos em uma contradição.

    MAS olhando o cenário publicitário atual, eu não me surpreendo com esse novo método, porque as propagandas estão cada vez mais superficiais e mentirosas, é só analisar as propagandas de cerveja, uma pior que a outra, e aquele lance das férias que o cara manda o vídeo? A galera já tá produzindo vídeo próprio pra isso, quando a ideia´era pegar algo espontâneo, e adequar..

    Então, percebem como a coisa se distorce?

    Pra mim isso só mostra que a propaganda tá virando cada vez mais uma brincadeira, que qualquere joão ninguém pode fazer.

  3. Ótimo artigo!

    Escrevi recentemente no meu blog um artigo sobre o uso de blogs como ferramenta de marketing.

    Acho que há um grande mercado na web e quem souber explorá-lo, vai ser dar muito bem, certamente.

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