O primeiro dia da Rádio Cultura AM colaborativa

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Emoção. Fizemos hoje o primeiro ensaio valendo da nova rádio Cultura. Só a equipe participou. A emissora ficou com conteúdo gravado e ensaiamos a dinâmica de funcionamento do Radar – âncora fazendo a programação ao vivo a partir do material postado e votado no site.

Tínhamos marcado para começar às 3 da tarde. A hora ia chegando e o barulho aumentava na redação. Muitas perguntas, equipe de reportagem da TV aparecendo, também a diretoria. Todos ali para registrar a novidade… Os escalados para participar do teste já se posicionavam para fazer as vezes de participantes e também de editores, sugerindo músicas, votando, abrindo tópicos de conversa.

Duas vezes tivemos o sinal que iria começar, mas entrava a programação regular. Mais um pouco e silêncio. Parecia que estávamos naquelas salas de controle da NASA esperando a primeira comunicação do astronauta recém lançado ao espaço… E finalmente aconteceu. Entrou a vinheta e na sequência nossa astronauta Teca anunciando a novidade.

Salva de palmas na redação. Um sentimendo gostoso de comunhão.

Eu não esperava por isso. Logo no começo, achei que fazer a equipe comprar a idéia seria o maior desafio, porque significa sair da zona de conforto e se submeter a uma coisa nova. E no meio disso surge a discussão sobre a competência do amador para tomar decisões. Mas fui notando que várias pessoas compraram a idéia com entusiasmo e estão apostando nisso. E elas hoje me explicaram o por que inclusive da emoção de várias delas.

A Rádio Cultura AM tem uma programação classe A. Quem gosta de música brasileira e ainda não escutou, está perdendo. É a qualidade de programação da Eldorado, mas sem a interrupção dos comerciais. É o descompromisso da Rádio USP com os modismos baratos, mas melhor organizada, mais consistente na seleção e produção de programas.

Só que por vários motivos, entre os quais o fato da transmissão AM ter menos fidelidade em relação a FM, essa rádio de música passou muito tempo na sombra. Um pequeno oasis escondido no dial, restrita a quem estivesse dentro da área de cobertura – que não é muita.

Agora com a internet, duas coisas mudam. Primeiro é a transmissão, antes restrita a algumas partes da cidade de São Paulo, e que agora fica aberta para o mundo. Um fã de música brasileira em Tóquio estará lado a lado com a gente. E junto com isso, vem a possiblidade de interferir em tudo, da escolha das músicas à definição da pauta de programas, o que permitirá ao veículo saber com detalhes o perfil de sua audiência e também receber e processar feedback sobre a programação com muita agilidade.

Amanhã tem mais! [Webinsider]

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Juliano Spyer (www.julianospyer.com.br) é mestre pelo programa de antropologia digital da University College London e atua como consultor, pesquisador e palestrante. É autor de Conectado (Zahar, 2007), primeiro livro brasileiro sobre mídia social.

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12 respostas

  1. SINTO SAUDADES DA ANTIGA RÁDIO CULTURA
    SINTO SAUDADES DO PROGRAMA GRAMOFONE E MUSICALIDADE..SEI QUE TUDO PASSA,TUDO ESTÁ MUDADO E VAI MUDAR CADA VEZ MAIS,ISSO CHEGA ME DAR APERTO NO CORAÇÃO,MAS TEM QUE SER ASSIM.ABRAÇOS

  2. Lamentável. A destruição gradativa da Cultura AM atingiu seu cume. A extinção de programas como o Gramofone (citarei só esse) foi a maior maldade que se fez aos milhares de velhinhos e velhinhas que telefonavam e mandavam cartas para o programa. Era o momento de ouro em que se podia ouvir justamente a “época de ouro da canção popular”. A era do rádio através da rádio Cultura AM. Era ouvir e aprender. Mais jovens como eu nunca mais compartilharão do ensinamento que essas pessoas gentilmente nos dava. Foi através do Gramofone que soube que existiu Kid Pepe, Patrício Teixeira, Joel e Gaúcho, Leonel Azevedo e J. Cascata, Almirante, as cantoras do rádio (que cantavam mesmo e não tinha o poder avassalador da mídia e dos estúdios corrompendo o público) e tantos e tantos outros que apenas ouvíamos falar, mas nunca escutado suas canções e composições. Foi através do programa Gramofone que se desfez a imagem que tínhamos de Aracy de Almeida de somente jurada de auditório. Assim caminhamos para mais completa ignorância musical e histórica, pois através das canções dessa época tínhamos também a crônica desse tempo retratada fantásticamente por Braguinha, Ataulfo, Lamartine Babo Ari Barroso e muitos outros. Mas é um retrato dos tempos atuais. A degradação do que presta em nome duma falsa modernidade. Estamos prontos agora pra ouvir(argh!) A filha da Elis Regina, o filho do Gonzaguinha, os filhos do Simonal, a filha do Martinho da Vila, o filho do João Nogueira, o sobrinho do Tim Maia. Agora somos “mudernos e antenados”. Acabou.

  3. Cara, eu era chegado no Musicalidade e no Gramofone… uma lástima terem acabado com eles. Voltava do trampo ouvindo aquelas musicas antigas, adorava. Fiquei MUITO triste.

    Mas enfim… alguem sabe o nome da música que tocava na abertura do Musicalidade?

    Abraço!

  4. na verdade há alguns minutos fiz um pequeno comentário enaltecendo toda a programação da rádio e tv cultura,agora aroveito para comentar que lamentei muito a saída do ar do programa gramofonevisto que sempre o acompanhei,apesar de estar morando em Londrina,mas em minhas idas a SAMPA,sempre sintonizei a AM 1200,E há poucos dias fiquei muito alegre ao receber um telefonema,daí através do ISAC que com grande gentileza me avisou de que aos domingos a partir da 08:hs eu poderia ouvir um programa bem no estilo do Gramofone,chamado 78rpm e que tocaria músicas das décadas de 30/40 e 50,daí passei a tentar sintonizá-los nos domingos via internet,só que não estou conseguindo,seria possível me orintarem via e-mail de como eu fazer para sanar esse caso?Se possível atenderem-me ficarei grato.

    Abs e FCDEUS

  5. acompanho a programação da cultura há décadas e recomendo a amigos e parentes porque conheço a qualidade em todos trabalhos da rádio e tv cultura, abs e FCDEUS

  6. caro banedito, existem outros elementos a serem levados em consideraçao, como o fato da cultura am ser uma radio de musica transmitida em AM, o que quer dizer que a recepçao é de baixa qualidade. alem de ter poucos ouvintes, eles estao atualmente concentrados na zona sul de sp, nas proximidades da antena… a cultura am tem uma programacao maravilhosa, mas o radar é uma oportunidade para que mais pessoas se interessem pela emissora, conheçam sua programaçao, escutem o sinal pela internet… sim, é possivel que ela fique com uma cara mais pop, menos vintage, mas a equipe da rádio terá mais motivos para justificar a existencia da emissora em funçao do crescimento da audiencia e do aumento do interesse publico.

  7. Faz uns anos, a Inezita Barroso tinha um programa na Cultura AM que começava às 5 da manhã. No início, com o profundo conhecimento de música de raiz que tem, ela falava dos músicos, dos instrumentos, da região, dos ritmos, etc. Verdadeiras aulas de cultura brasileira. Um dia, alguem mandou uma carta pedindo uma música e oferecendo a outros. Outras cartas vieram, o programa foi ocupado por pedidos, oferecimentos e foi estragado pelos ouvintes; nunca mais se ouviu uma música diferente, só as porcarias pedidas. Até a Inezita o deixou. A Cultura AM é, provavelmente, a única rádio brasileira onde se pode ouvir músicas brasileiras esquecidas pelos programadores moderninhos e antenados com a audiência. Com os ouvintes decidindo a programação, isso vai acabar. Assim como a Cultura FM acabou com os programas de músicas americanas, italianas e francesas, a Cultura AM acabará por terminar com o Musicalidade.

  8. caros, espero a participação e o feedback de todos para fazer o radar funcionar direito, fazendo sentido e abrindo portas para novas viagens e experimentos. obrigado pelos comentários. abraços

  9. Pingback: Sergio Blog 2.4
  10. Engraçado como são essas coisas, um dia elas são novidade e nos deixam inseguros, anos depois elas se tornam algo normal, do dia-a-dia. Espero que alguém lendo esse post daqui há 10 anos diga, e daí? Grande coisa!. Esse vai ser o sinal de que o modelo deu certo e pegou.

    Internet só faz ajudar quem tem qualidade.
    Boa sorte com a empreitada!

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