O cenário atual do design e algumas perspectivas

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Tempos bicudos. Há anos se fala que o design é a bola da vez, há cada vez mais escolas e formandos todos os anos, mas parece que a realidade do dia-a-dia trata de jogar um balde de água fria até nos mais otimistas sobre a evolução da atividade. Pode ser design gráfico, de produto, digital etc, etc, etc… em muitos há a sensação de ter caído no conto-do-vigário.

Cadê o mundo maravilhoso de projetos desafiadores? Cadê o pote de ouro no final do arco-íris? E aquele cliente que paga com gosto e sabe das competências que você tanto ralou para adquirir, hein, sumiu?! Mas não proponho assumir uma discussão de apontar o dedo a ninguém. Arrisco discorrer sobre como procurar alternativas dentro de um cenário que não atinge exclusivamente o design.

Dou a sugestão de se olhar um pouco em volta, em como as coisas têm andado não somente com nossa profissão, mas num cenário mais amplo, observando a realidade em mais alguns aspectos.

De maneira geral, há escassez de mão-de-obra competente em diversas profissões. Em algumas, inclusive, há gente aposentada voltando ao trabalho a peso de ouro porque as empresas não conseguem preencher as vagas com as pessoas que estão na ativa ? e isso passa por outro problema, da formação profissional, que não será abordado neste artigo. Com o design não é muito diferente, mas como não há muitos profissionais aposentados ou em vias de se aposentar (entre outras coisas, pela juventude da atividade), acaba ocorrendo uma concentração de projetos.

Vendo por esse lado, tem-se a impressão que o mercado já se acomodou com uma certa quantidade de profissionais que estão estabelecidos. Tá certo, mas é uma situação cômoda. Defino como mercado o tipo de trabalho e clientes que todos queremos e citado dois parágrafos acima. E é claro que gente competente e talentosa surge também.

Mas o que acontece com a grande maioria, sendo talentosa ou não, é ter que se contentar com trabalhos realizados de forma apressada, precipitada e com resultados medíocres. E assumindo esse cenário como real, há como se desvencilhar dessa situação?

Pergunto qual o comportamento padrão em relação aos projetos: apagar incêndios, feitos às pressas, a toque de caixa? É o que acontece, não? Será que é possível sair dessa roda viva?

Saia da rotina infindável de apresentações e apresentações de portfolios: antecipe-se à demanda de projetos (de seus clientes e principalmente com seus prospects). Não espere por projetos pacientemente em sua sala. Ainda mais se seu dia-a-dia tem sido o de bombeiro.

Hoje em dia é possível se aprofundar sobre diversos produtos/serviços de maneira relativamente fácil. Muitas empresas procuram manter suas estratégias e projetos trancados a sete chaves, mas é possível monitorar muitos mercados mesmo assim ? e isso não tem nada a ver com espionagem, não é nada mirabolante. Escolha alguns e se tente se familiarizar, conhecê-lo, descobrir suas particularidades, conversar com pessoas, pesquisar. Alguns? Sim, não esqueça que uma andorinha ? ops, uma idéia ? só não faz verão. Mas nada de idéias vazias, hein?!

Ah, também não há garantia nenhuma que uma boa idéia vá emplacar. Pensou que era fácil? Uma idéia meia-boca só irá ser bem aceita se vier de quem o contratante já conhece. Aí é que está: só uma boa idéia tem a chance de conseguir superar a dificuldade de, além de conseguir ter acesso à pessoa certa, conseguir convencê-la de seu projeto.

E também cuidado com a arrogância: evite que justamente o fato de apresentar algo que foge à metodologia tradicional se volte contra você. Por isso mesmo, repito: conheça profundamente o terreno onde irá pisar e apaixone-se pela sua idéia de tal forma que ela se torne irresistível. E saiba improvisar, se for o caso.

E assim, pode-se passar a ter mais encomendas de projetos, porque uma abordagem bem sucedida dessa natureza muda a relação designer/cliente para melhor. Mas não perca de vista essa “engenharia reversa”: prospectar clientes oferendo projetos, e não pedindo trabalho.

E por último: tenha foco e arrisque. Temos nossa competência e profissionalismo como armas para desbravarmos novas oportunidades. Faça bom uso delas para minimizar os efeitos da concentração de trabalho causada por uma conjuntura que não é exclusividade do design.

Plante uma sementinha, uma de cada vez e trate de regar para fazê-la crescer. Mas assim como na natureza, não há certeza que ela vá vingar. Mas se na primavera ela florescer, aproveite o momento e não esqueça de ampliar o jardim. [Webinsider]

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<strong>Fabio Camargo</strong> (fc@rpressdesign.com.br) é designer gráfico, sócio-diretor de criação da <strong><a href="http://www.rpressdesign.com.br" rel="externo">RPress Design</a></strong>.

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6 respostas

  1. Fabiano, Thiago, Luíz e André…Agradeço as informações de cada um, deu a ver fidelidade nos comentários…Acompanhei e aprendi com os assuntos. No momento (até hoje) sou o mais presente aqui.
    Concordo com a situação passada neste tempo e até hoje. Cada um sabe o que passa.

    Infelizmente, um serviço não muda com somente pleno gosto, e se sim…complicado! Proporcionar, distribuir, analisar e desenvolver o seu “trabalho” faz parte do dia-a-dia, e sempre existiu obstáculos. Agora… por parte de quem (origem), o motivo e até o que ocorre, não sabemos com exatidão, mas temos idéias, e para chegar a um ponto.

    Informações assim tem lugar…Não pensamos que problemas assim tem propósito no futuro.
    Muito bom ter vindo aqui.

  2. Acho que as próprias empresas se acomodaram com a rotina de apagar incêndios. É frustrante você já começar um novo trabalho com o seu chefe falando: isso é pra ontem….

    Aí ele vem com aquela apresentação vaga e rápida de como deve ser o novo hotsite ou coisa semelhante, sem nenhum planejamento nem nada. E desse modo o projeto vai se ajustando ao que ele quer ao longo do trabalho, causando muitas idas e vindas à sua sala e aquele eterno ainda não é bem assim que deve ficar… refaça isso… melhore aquilo… mude esse menu para o canto direito… e etc..

    Tenho certeza de que muitos colegas já passaram ou passam por esta situação.

  3. Acredito piamente no envolvimento do Designer em cada projeto como se fizesse parte dele. Acredito no profissional que ensina e aprende, sem medo de perder o posto. Acredito que ainda há muito a ser feito em termos de design na área digital, e sobretudo, na criação de novas ciências, novas rotinas.

    Entendo a dificuldade que passam os designers iniciantes, capacitados ou não, sobretudo ante a concorrência predatória em face das maravilhas que os cursos de uma semana oferecem. Entendo também a dificuldade do verdadeiro profissional que, por trabalhar numa área onde todo mundo acha que pode meter o bedelho, encontra entraves por vezes intransponíveis.

    Mas eu ainda creio que quando findar o conto da Galinha dos Ovos de Ouro os aventureiros se disspiram e os profissionais, bons, médios e ruins, se hierarquizarão pelo mercado. É como o caráter de cada um. Sendo quem se é, ajuda a afastar os diferentes e atrair os afins. Não é diferente no Design como não é diferente em qualquer profissão. Vejo acontecer e é nisso que acredito.

    Cabe salientar, da importância do seu excelente artigo para traçar um panorama fiel de como o mercado se encontra e os atalhos e obstáculos que a profissão apresenta.

    Parabéns 🙂

  4. Muito bom seu artigo Fabio, e esse assunto é sempre legal de conversar.

    Acredito que o design não decolou aqui, ainda, mas isso é porque ainda somos um país meio atrasado à novas idéias. Não que estou querendo queimar o Brasil, acho que aqui existe uma capacidade enorme dos emprendedores de fazer algo acontecer em um meio onde tudo é adverso (começando pelo governo).

    Se o design ainda vai decolar não sei, espero que sim, claro. Lá fora (oeste europeu, uma parte dos EUA, e Japão) o negócio já é consolidado, mas também começa a saturar. Começam a vir projetos externos pro Brasil, que afinal de contas, é um senhor mercado consumidor. Isso traz oportunidades pros designers da casa resolver os problemas, pois vivemos aqui, e sabemos várias características que mais ninguém sabe.

    Por fim, a publicidade decolou mas não decolou pra todos, assim como várias outras áreas. Não é todo mundo que adere à uma idéia nova, e com o design vai ser assim também. Basta o designer descer do seu palanque autoral, e encontrar bons clientes, que estejam dispostos a investir bem em bom design. O resultado é invevitável, bom retorno sobre investimento.

  5. Talvez o fato de empresários não invstirem no design como imaginávamos a tempos atrás seja por realmente não termos profissionais bem qualificados para os trabalhos que eles desejam. Sou formado em Design Gráfico e lembro que poucos alunos fizeram algum estágio ou trabalharam na área na época em que estavam estudando, algo que na minha cabeça acho fundamental para a formação do designer ou qualquer outro profissional. Hoje em dia a maioria não consegue emprego ou pegam pequenos trabalhos por não ter uma boa base.

    Empresários investem com prazer quando sabem que sua necessidade será trabalhada por um profissional competente e somos nós que temos q convensê-lo que o somos. Bom dia pra vcs ;).

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